Ibovespa cai mais de 1% dólar sobe com retomada de aversão a riscos no mercado
Investidores voltaram a apostar em um ciclo de juros mais agressivo nos Estados Unidos, piorando as percepções sobre a economia global
O dólar subia 0,24%, cotado a R$ 5,180, por volta das 11h20 desta segunda-feira (22), beneficiado por uma intensificação da aversão a riscos entre investidores conforme o mercado volta a apostar em um ciclo de juros mais agressivo nos Estados Unidos, piorando as percepções sobre a economia global.
No mesmo horário, o Ibovespa caía 1,08%, aos 110.289 pontos, também refletindo a cautela maior entre os investidores nesta sessão. As ações de frigoríficos são as únicas que operam em alta dentre os papéis que compõem o principal índice da bolsa de valores.
Na semana anterior, dados sobre o mercado de trabalho norte-americano e declarações de dirigentes do Federal Reserve deram fôlego a apostas de uma terceira elevação seguida de 0,75 ponto percentual nos juros. O movimento torna o dólar mais atraente para investidores, mas reforça temores de uma recessão no país, com potencial de contaminação global. O foco agora é nos dados de inflação que serão divulgados nesta semana.
O mau-humor do mercado reflete também as preocupações com a crise de fornecimento de gás natural para a Europa, impactada com a guerra na Ucrânia. A Rússia sinalizou que o preço de exportação mais que dobrará neste ano, e realizou cortes de fornecimento.
Está no radar, ainda, a situação da China. A segunda maior economia do mundo já deu sinais de desaceleração, apesar dos esforços do governo para estimular a atividade. Um crescimento menor que o esperado no país também tem repercussão mundial, prejudicando principalmente grandes exportadores de commodities, caso do Brasil.
Na sexta-feira, o dólar caiu 0,06%, a R$ 5,168, acumulando alta de 1,86% na semana. Já o Ibovespa desvalorizou 2,04%, aos 111.496,21 pontos, com perda semanal de 0,7%.
Sentimento global
A forte aversão global a riscos dos investidores, desencadeada por temores sobre uma possível desaceleração econômica generalizada devido a uma série de altas de juros pelo mundo para conter níveis recordes de inflação, aliviou nos últimos dias, refletindo a expectativa de um ciclo de alta de juros menos agressivo nos Estados Unidos.
O processo de elevação da taxa norte-americana continuou em julho com uma nova alta de 0,75 ponto percentual. Entretanto, o Federal Reserve sinalizou que pode realizar altas menores conforme a economia do país já dá sinais de desaceleração, buscando evitar uma recessão.
Os juros maiores nos Estados Unidos atraem investimentos para a renda fixa do país devido a sua alta segurança e favorecem o dólar, mas prejudicam os mercados e as bolsas ao redor do mundo, inclusive as norte-americanas.
Os investidores monitora ainda a situação da economia da China, que também dá sinais de desaceleração ligados a uma série de lockdowns em cidades relevantes. A expectativa é que o governo chinês intensifique um esforço para estimular a economia, mas com dificuldades para reverter um quadro de baixo consumo pela população, que impacta a demanda do país por commodities.
No cenário doméstico, a PEC dos Benefícios, que cria ou expande benefícios sociais com custo estimado em R$ 41 bilhões, foi mal recebida pelo mercado, já que reforça o risco fiscal ao trazer novos gastos acima do teto.
O Ibovespa e o real foram prejudicados pelo cenário, mas um aparente otimismo maior no mercado vem permitindo uma recuperação.
Por: CNN Brasil com informações de Reuters