61% dos brasileiros acreditam que precisarão se mudar nos próximos anos por conta das mudanças climáticas, aponta estudo
O país ocupa o 2º lugar em um ranking mundial formado por 31 países que participaram da pesquisa.
No Brasil, 61% da população acredita que, nos próximos 25 anos, precisará se mudar da região onde vive por causa do impacto das mudanças climáticas.
O país ocupa o 2º lugar em um ranking mundial formado pelos 31 países que participaram do levantamento "Visões Globais Sobre As Mudanças Climáticas" (Global Views On Climate Change), realizado pelo Ispos.
A pesquisa foi produzida para aConferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (COP 28), que terminou em dezembro.
A Turquia lidera a lista, com 68% dos turcos prevendo que precisarão mudar de endereço nos próximos anos.
O terceiro no ranking é a Índia, um dos países mais populosos do mundo, com 1,4 bilhão de habitantes, em que 57% dos entrevistados responderam "sim" à possibilidade de se mudar de casa para fugir dos efeitos do clima.
A média global é de 38%. Os países com as menores percepções sobre a possibilidade de deslocamento são Holanda (19%), Alemanha (19%) e Suécia (21%).
Para o geógrafo Lindberg Nascimento Junior, professor do Departamento de Geociências da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o estudo derruba o "mito" de que desastres ambientais
ambientais sejam imprevisíveis a ponto de não poderem ser evitados.
Ele diz que, como os riscos já são conhecidos, há chance de se promover mudanças para evitar estragos. Ressalta que, hoje em dia, existe aparato tecnológico suficiente para fazer previsões, mas que ainda há muita negligência neste processo.
Contexto: O ano de 2023 entrou para a história como o mais quente já registrado, deixando a Terra à beira do seu "limite seguro" para evitar as consequências mais graves das mudanças climáticas.
O relatório do observatório europeu Copernicus, divulgado nesta terça-feira (9), revelou que o planeta ficou em média 1,48°C acima do nível pré-industrial (estabelecido entre 1850 e 1900), muito perto de 1,5ºC, o chamado "limite seguro".
Esse limite foi definido no Acordo de Paris para ser alcançado até o final do século, e a previsão inicial era a de que não seria atingido antes de 2030. No entanto, o aumento contínuo das emissões de gases de efeito estufa tem acelerado esse processo.
Efeitos sentidos
No Brasil, aproximadamente 1.000 pessoas foram ouvidas na pesquisa, e 79% delas afirmaram que já sentem atualmente um efeito severo das mudanças climáticas onde vivem.
❗ No ano passado, por exemplo, a seca nos rios da Bacia Amazônica chegaram ao menor nível histórico, com efeitos em cascata no Brasil todo, como prejuízos no abastecimento de energia, no escoamento da Zona Franca e na agricultura.
Impacto das mudanças climáticas — Foto: Arte/g1
Perspectiva
A visão sobre o futuro do clima no planeta é pessimista. 85% dos brasileiros entrevistados acham que os impactos das mudanças climáticas no país serão ainda mais intensos nos próximos 10 anos. Este índice só foi superado pelos entrevistados na Coreia do Sul (88%).
Enfrentamento dos governos
Os brasileiros se dividem ao serem perguntados sobre o trabalho que o governo tem feito para enfrentar as mudanças climáticas: 47% acreditam que o governo está trabalhando duro, enquanto 46% acham que o trabalho existente não é eficiente.
A média global neste item do estudo é de 36% dos entrevistados que acreditam nas políticas públicas governamentais onde vivem.
Papel das empresas
Os entrevistados foram perguntados ainda sobre como enxergam o papel das empresas no combate às mudanças climáticas. No Brasil, 42% dos brasileiros ouvidos afirmam que as empresas que atuam no país usam pautas ambientais sem realmente se comprometer com uma mudança no clima, e apenas 18% dizem que enxergam ações concretas com base no que as empresas pregam.
Os britânicos são ainda mais críticos quanto à real atuação das empresas sobre a pauta climática: 48% afirmam não ver ações fora do papel. Os menos críticos são os japoneses (19%). A média global para este item entre os países pesquisados ficou em 37%.
Por: G1