8/1: triplica o número de eleitores de Bolsonaro que veem influência dele nos atos golpistas; avaliação cai entre lulistas
Percepção de que ex-mandatário tem responsabilidade pelos atos antidemocráticos divide opinião dos entrevistados dois anos após a invasão da sede dos Três Poderes
A percepção da influência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nos atos de 8/1 tem aumentado entre os seus eleitores, segundo os resultados da última pesquisa Quaest, divulgados nesta segunda-feira. Em meio ao avanço do inquérito do golpe, o percentual que afirma que Bolsonaro teve algum envolvimento com o episódio quase triplicou em relação a 2023. No entanto, entre apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o entendimento da participação do ex-presidente decaiu 19 pontos percentuais.
Segundo a Quaest, 37% daqueles que declararam voto em Bolsonaro em 2022 hoje reconhecem que ele exerceceu influência sobre o episódio de invasão de sede dos Três Poderes. Ao longo de 2023, esse percentual permaneceu em 13%. No entanto, entre esses eleitores ainda prevalece a percepção de que o ex-presidente não teve participação no ocorrido, apesar dessa visão ter sofrido uma queda de adesão de 80% para 55% no mesmo período.
Paralelamente, entre eleitores que declaram voto em Lula, o percentual daqueles que acreditam na participação de Bolsonaro nos atos antidemocráticos decaiu de 79% para 60%. Hoje, outros 29% negam o papel do ex-presidente no 8/1, representando um acréscimo de 18 pontos percentuais ante os 11% de fevereiro de 2023.
Em termos gerais, 50% dos entrevistados pela Quaest acham que o ex-presidente teve influência no episódio, contra 39% que o eximem de culpa. Os novos percentuais também representam mudanças em relação aos valores contabilizados em dezembro de 2023, quando 47% acreditavam que Bolsonaro teve algum envolvimento com os atos, enquanto 43% rechaçavam a hipótese. No entanto, já em fevereiro daquele ano, 51% acreditavam na participação do ex-mandatário, enquanto 38% negavam.
Para a realização deste levantamento, o instituto realizou 8.598 entrevistas entre os dias 4 e 9 de dezembro. A margem de erro a ser considerada é de um ponto percentual para mais ou para menos, para um nível de confiança de 95%.
Desaprovação dos atos de 8/1
Ainda segundo a pesquisa, o percentual dos entrevistados que desaprova os atos de 8/1 é de 86%, o que representa uma redução de oito pontos percentuais em relação aos 94% contabilizados em fevereiro de 2023, um mês após o espisódio. No mesmo período, o percentual que declarou apoio o ocorrido teve um aumento de 4% para 7%, enquanto os que não souberam responder variaram de 2% para 7%.
Entre os eleitores de Bolsonaro, a desaprovação da invasão da sede dos Três Poderes permanece alta, alcançando 85% dos entrevistados. O mesmo percentual foi registrado no último levantamento, realizado em dezembro de 2023, mas há uma diminuição em relação aos 90% contabilizados pelo instituto no mês seguinte ao ocorrido.
Uma tendência parecida também foi observada entre eleitores de Lula da Silva, que hoje registram 88% de reprovação ao episódio. Em dezembro de 2023, esse índice era de 94%, e em fevereiro, 97%.
Fonte: Globo.com