A narrativa mentirosa de Bolsonaro e o novo general golpista da trama
Jair Bolsonaro mantém a narrativa mentirosa de que “a palavra golpe nunca esteve em seu dicionário”, mas as 878 páginas do relatório da Polícia Federal da Operação Contragolpe revelam exatamente o contrário, com enorme materialidade contra as 37 pessoas envolvidas.
Segundo a farta documentação do inquérito, o ex-presidente não só tratou da possibilidade de um golpe até com os comandantes das Forças Armadas, como teria assinado a minuta de golpe.
O relatório mostra que tudo se conecta, as ações de cada grupo, os ataques sistemáticos ao processo eleitoral, as lives do então presidente, as ações dos seus subordinados.
As investigações ainda precisam avançar – agora nas mãos da Procuradoria-Geral da República -, mas é evidente para quem lê a documentação a tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito, um dos crimes mais abjetos da República. E ele foi cuidadosamente planejado.
Em determinado momento, os documentos revelam que, após a fatídica reunião em que Jair Bolsonaro tentou cooptar os comandantes das Forças Armadas e teve forte resistência do então comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, uma nova minuta foi apresentada aos comandantes, com anuência do líder da extrema-direita.
O documento propondo um golpe de Estado foi apresentado no dia 14 de dezembro pelo general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ex-ministro da Defesa, aos comandantes das três forças em reunião na pasta.
Novamente foi rechaçado por Gomes Freire e pelo Tenente-Brigadeiro Baptista Júnior, da Aeronáutica. A tentativa de golpe só não avançou porque os dois militares e o Alto Comando não aceitavam o golpismo bolsonarista.
O caminho para a condenação de Bolsonaro e de seus 36 comparsas ainda é longo e demorado, já que o devido processo legal será respeitado, mas a cada dia isso está mais perto. A palavra golpe sempre esteve no dicionário e na mente de Bolsonaro. Basta estudar sua trajetória política, e seus atos desde o começo do governo. Para a Polícia Federal tudo começou a ser preparado em 2019.
Fonte: Veja/Abril