Além do Novembro Azul: 5 motivos para os homens cuidarem da saúde
Levantamento da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) aponta que os homens cuidam menos da saúde do que as mulheres
O Novembro Azul, mês de conscientização sobre a saúde integral do homem, chega ao fim nesta quarta-feira (30).
Com destaque para a prevenção ao câncer de próstata, a iniciativa também enfatiza a necessidade de acompanhamento médico periódico com o objetivo de se identificar doenças e outros problemas de saúde de maneira precoce.
Um levantamento recente realizado pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), com dados do Sistema de Informação Ambulatorial do Ministério da Saúde, apontou que os homens cuidam menos da saúde do que as mulheres.
Em 2021, no Sistema Único de Saúde (SUS), foram 862 milhões de atendimentos para o público do sexo feminino contra 725,4 milhões do sexo masculino. Neste ano, até junho, foram 379,4 milhões contra 312,4 milhões.
Um estudo realizado pelo Instituto Lado a Lado Pela Vida revelou que 62% dos homens brasileiros visitam o médico apenas quando têm sintomas insuportáveis.
A partir de consultas regulares, é possível prevenir e tratar de maneira oportuna doenças do sistema reprodutor e do trato urinário, como cânceres de rim, pênis e próstata, infecções urinárias e sexualmente transmissíveis, fimose, disfunção erétil e ejaculação precoce.
O médico urologista e oncologista Bruno Benigno, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, afirma que a motivação pela busca por atendimento médico varia de acordo com a idade.
“Adolescentes tendem a procurar o urologista por questões relacionadas ao desenvolvimento da puberdade ou então uma fimose da criança que não foi resolvida. O adulto jovem geralmente procura o especialista por questões de fertilidade, buscando iniciar uma nova vida conjugal e fazer um check up ou está tentando engravidar”, diz.
O especialista destaca que a percepção do acompanhamento médico preventivo tende a surgir conforme o homem vai ficando mais velho.
“O homem adulto começa a ter uma preocupação maior com prevenção e começa a perceber os sintomas relacionados ao aumento da próstata, que ocorre a partir dos 35 anos. Os sintomas são jato da urina fraco, sensação de que às vezes não esvazia a bexiga completamente, começa a acordar mais de uma vez à noite para urinar e aquilo começa a incomodar”, diz.
1. Atenção especial à próstata
Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontam para 65.840 novos casos de câncer de próstata a cada ano, entre 2020 e 2022.
O tumor é a segunda causa de morte por câncer em homens no Brasil. A maior incidência ocorre a partir dos 50 anos.
“A dosagem do antígeno prostático específico (PSA) e o toque retal, além da biópsia da próstata nos casos necessários, são fundamentais para diagnosticar a doença, sendo considerados alguns dos testes essenciais para a saúde masculina”, explica coordenador da Urologia do Grupo Fleury, José Carlos Truzzi.
O médico Bruno Benigno explica que as razões do desenvolvimento do câncer de próstata não são completamente conhecidas.
No entanto, má alimentação, obesidade, tabagismo e excesso no consumo de álcool podem afetar o início ou a progressão da doença. A genética também é um fator-chave para o desenvolvimento desse tipo de câncer.
“O câncer de próstata é uma doença silenciosa que tem como fatores de risco principais a idade, acima de 50 anos, ter um pai ou irmão que manifestaram o câncer de próstata antes dos 60 anos de idade. Além de fatores de risco indiretos conhecidos por muitos como o sedentarismo, a obesidade, o tabagismo, que podem indiretamente aumentar o risco do homem manifestar qualquer tipo de câncer”, afirma.
Especialistas recomendam que quem tem histórico familiar deve fazer os exames de rotina mais cedo, por volta dos 45 anos.
Embora possa ser uma doença silenciosa, o câncer de próstata pode apresentar sinais, principalmente em casos avançados.
Os sintomas relacionados ao câncer de próstata avançado são dor muscular, dor óssea na região lombar e baixa da bacia, dor para urinar, sangramento na urina ou na hora da ejaculação e perda de peso. Alguns homens podem abrir o quadro da doença com uma retenção urinária, uma dificuldade completa para eliminar a urina da bexiga, o que pode levar à suspeita da existência do câncer.
Bruno Benigno, urologista e oncologista
2. Disfunção erétil
A disfunção erétil, incapacidade de apresentar uma ereção que permita manter uma relação sexual, pode ter diversas origens.
O problema pode surgir como um fenômeno vascular, consequência de alterações hormonais ou de dependência do uso de alguns medicamentos, ou decorrente de problemas anatômicos.
3. Doenças cardiovasculares
Os fatores de risco para o desenvolvimento das doenças cardiovasculares são hipertensão, tabagismo, sobrepeso, sedentarismo e colesterol elevado
Adotar hábitos saudáveis, como praticar exercícios físicos e ter uma dieta equilibrada, são fundamentais.
Além disso, consultar periodicamente um médico e realizar um checkup permite identificar os potenciais riscos das doenças do coração.
4. Cuidados com a saúde osteomuscular
A fisiatria é a especialidade dedicada à prevenção, ao diagnóstico e ao tratamento de doenças relacionadas ao sistema nervoso, muscular e osteoarticular, com foco no perfil corporal, capacidade física e motora de cada indivíduo.
“Ela tem uma abordagem clínica e preventiva, analisa as potencialidades de doenças osteomusculares e faz um estudo das fragilidades de cada um para evitar lesões e identificar riscos de doenças como a artrose”, explica Truzzi.
“A partir dos 50 anos, os indivíduos precisam ter mais atenção ao aparelho osteomuscular e locomotor, pois uma lesão mais grave, por exemplo, pode comprometer funções importantes”, completa.
5. Capacidade cognitiva
Em razão do envelhecimento, pode-se manifestar queda da produtividade, dificuldade em executar atividades motoras e declínio na capacidade linguística e na memória.
“No homem maduro, as preocupações que o leva ao urologista acabam mudando um pouco. Ele já começa a notar uma diminuição da libido, uma dificuldade em ganho ou manutenção de massa muscular, perda de concentração e a preocupação do rastreamento do câncer de próstata. O urologista está presente nas diversas etapas na vida do homem”, diz Benigno.
O médico José Carlos Truzzi afirma que de maneira geral, ainda não totalmente esclarecidas as formas de prevenir e impedir o declínio cognitivo progressivo.
“Em última análise as demências que surgem da perda cognitiva mais abrangente e intensa. Porém, sabemos que a atividade física regular, o sono calibrado e as dietas equilibradas com base em alimentos frescos e minimamente processados – como a dieta do mediterrâneo, por exemplo – são aliados da preservação da capacidade cognitiva”, explica.
Por: CNN