Amazônia registra décimo mês consecutivo de redução do desmatamento, aponta Imazon
A devastação da floresta amazônica teve queda de 60% em janeiro, em comparação ao mesmo período do ano passado.
O desmatamento da floresta amazônica teve queda de 60% em janeiro, em comparação ao mesmo período do ano passado. De acordo com dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) divulgados nesta quarta-feira (21), este é o décimo mês consecutivo de redução no desmatamento.
O monitoramento por imagens de satélite do Imazon mostra que a área devastada em janeiro de 2024 foi de 79 km². Em janeiro do ano anterior, a floresta perdeu 198 km² para o desmatamento.
Em dezembro, a destruição registrada havia sido de 108 km². Apesar da queda, o desmatamento observado em janeiro equivale à perda de mais de 250 campos de futebol por dia de floresta.
Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do instituto. O sistema detecta áreas desmatadas em imagens de satélites de toda a Amazônia Legal e leva em conta degradações florestais o que ocorreram em áreas a partir de 1 hectare, o que equivale a aproximadamente 1 campo de futebol.
Contextualização: a Amazônia Legal é a região que corresponde a 59% do território brasileiro e que engloba a área de 9 estados – Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e uma parte do Maranhão.
O resultado de janeiro é o menor registrado para o mês desde 2018. Na época, o sistema mostrou que 70 km² da Amazônia foram desmatados.
Estados com maior devastação
A partir do monitoramento, é possível identificar os estados da Amazônia Legal com maior área desmatada. Roraima foi o estado com maior devastação em janeiro, com 32 km² desflorestados. A área representa 40% do total desmatado na região no período.
Mato Grosso e Pará compõem o ranking dos estados com maior área desmatada, com 19 km² e 14 km², respecitvamente.
Larissa Amorim, pesquisadora do Imazon, explica que a liderança de Roraima no ranking de janeiro provavelmente ocorreu pelo regime de chuvas no estado funcionar de forma inversa aos outros oito que compõem a região.
“Enquanto os outros passam por um período de chuvas, Roraima está com o clima mais seco, o que facilita a prática do desmatamento, assim como a detecção da destruição pelos satélites”, analisa.
Apesar aparecerem no topo da lista, os resultados são de queda se comparados os anos de 2023 e 2024. No ano anterior, Roraima, por exemplo, teve 41 km² devastados, o que representa uma diminuição de 22% em comparação com este ano.
Todos os estados da Amazônia Legal registraram queda no desmatamento em relação ao ano anterior.
Roraima também concentra mais da metade das terras indígenas mais desmatadas na Amazônia em janeiro. Dos dez territórios indígenas com maior área devastada, seis ficam no estado.
Com relação às unidades de conservação, Pará e Amazonas contabilizam a maior parte dos territórios entre aqueles com mais floresta derrubada. São três no Pará e três no Amazonas.
Sistema de monitoramento do Imazon
O sistema do Imazon detecta áreas desmatadas em imagens de satélites de toda a Amazônia Legal.
Chamado de SAD (Sistema de Alerta de Desmatamento), o programa foi desenvolvido pelo Imazon em 2008, para reportar mensalmente o ritmo da degradação florestal e do desmatamento na região.
O sistema utiliza atualmente os satélites Landsat 7 e 8, da NASA, e Sentinel 1A, 1B, 2A e 2B, da Agência Espacial Européia (ESA). Ambos são de domínio público, ou seja: seus dados podem ser usados por qualquer pessoa ou instituição.
Combinando esses satélites, o sistema é capaz de enxergar a mesma área a cada cinco a oito dias. Por isso, o sistema prioriza a análise de imagens adquiridas na última semana de cada mês.
Desse modo, caso uma área tenha sido degradada no início do mês e, depois, desmatada no final do mês, ela pode ser identificada como desmatamento no dado final.
Assim como o Deter, do Inpe, o calendário de monitoramento do SAD começa em agosto de um ano e termina em julho do ano seguinte por causa da menor frequência de nuvens na Amazônia. Os sistemas também são semelhantes porque servem como um alerta, mas não representam um dado oficial de desmatamento.
Fonte: G1