Anitta levanta debate sobre anticoncepcional; prós e contras de cada
Em entrevista à ELA, a endocrinologista Raphaela Paes falou sobre os métodos contraceptivos mais populares
Anitta revelou durante participação em podcast britânico que aboliu os métodos anticoncepcionais de longa duração. Segundo a cantora, que afirmou já ter usado tanto o DIU de cobre, como a pílula contraceptiva, os efeitos colaterais em seu corpo a incomodavam, por isso optou por utilizar somente os preservativos descartáveis como forma de proteção. Em entrevista à ELA, a endocrinologista Raphaela Paes, da clínica Segmedic, traz, então, as vantagens e desvantagens dos métodos mais comuns utilizados pelas mulheres como forma de prevenção à gravidez.
Anitta explicou que faz mais de um ano que abandonou o anticoncepcional oral, principalmente por conta das mudanças que causava em seu corpo. "Os hormônios me causaram perda de cabelo, loucura na minha pele, mudanças bruscas no humor, em que eu ficava muito deprimida em certos momentos e depois muito feliz e irritada. Era uma montanha-russa e eu não queria mais isso," contou.
A artista também falou sobre o período no qual usou DIU de cobre. "Fazia muito mal para o meu útero, era muito sangue e é pior para a endometriose. Hoje em dia, uso apenas camisinhas. Elas existem por um motivo, e rezo para Deus, falo com o universo para avisar quando será o momento. Consigo sentir, sabe?", acrescentou a funkeira sobre a possibilidade de engravidar.
Anitta questionou, inclusive, o fato de somente as mulheres lidarem com as consequências dos anticoncepcionais: "Eu pensava que não é nada natural, sabe? E não é justo se você parar para pensar. Por que apenas a mulher precisa sofrer nessa situação? Precisa ser uma decisão dos dois lados, prevenção e cuidado dos dois. Não deveria ser responsabilidade apenas da mulher. Se fosse o homem engravidando, seria muito diferente. As leis seriam diferentes. Os métodos seriam diferentes."
Diante da variedade de métodos e formas de prevenção diferentes, surge a dúvida sobre quais são os mais adequados para cada mulher, considerando seu histórico de saúde, suas necessidades e adequação à rotina. A Dra.Raphaela Paes aponta os prós e contras de cada um. Confira abaixo a entrevista:
Que tipos de hormônios estão presentes nos DIUs, pílulas anticoncepcionais e implantes?
R: DIU Mirena e DIU Kyleena são ambos dispositivos intrauterinos hormonais que liberam levonorgestrel, um progestágeno sintético. Eles podem causar efeitos colaterais como alterações menstruais (sangramento irregular, diminuição do fluxo menstrual), dor pélvica, e raramente, cistos ovarianos.
Já as pílulas anticoncepcionais se dividem entre as combinadas e progestágenas. Sendo que as combinadas contêm estrogênio (geralmente etinilestradiol) e um progestágeno (levonorgestrel, drospirenona, desogestrel, etc.). Os efeitos colaterais mais comuns são náuseas, enxaqueca, sensibilidade mamária, alterações de humor, retenção hídrica, ganho de peso e, mais raramente, trombose venosa profunda.
Enquanto isso, as progestágenas contêm apenas um progestágeno (desogestrel, levonorgestrel). Podem causar sangramentos irregulares, sensibilidade mamária, alterações de humor, retenção hídrica, ganho de peso, acne.
Os implantes, por sua vez, contêm etonogestrel, um progestágeno. Podem causar sangramento irregular, mudanças de humor, diminuição da libido.
Qual a indicação para cada um dos métodos?
R: DIUs hormonais são indicados para mulheres que desejam um método contraceptivo de longa duração (5 anos), com alta eficácia e redução do fluxo menstrual.
Além disso, o Mirena também é aprovado para o tratamento de menorragia (sangramento menstrual intenso) e pode ser utilizado como parte da terapia hormonal para mulheres na perimenopausa. O Kyleena, por sua vez, pode ser mais adequado para mulheres jovens ou nulíparas — que nunca pariram — devido ao seu menor tamanho e menor quantidade de hormônio liberado.
As pílulas anticoncepcionais são indicadas para mulheres que desejam um método reversível, com controle diário. As pílulas combinadas também podem ser usadas para auxiliar no tratamento de acne (quando a causa é hormonal) e no controle dos sintomas de algumas doenças ginecológicas como, por exemplo, endometriose e síndrome dos ovários policísticos.
Os implantes são indicados para mulheres que desejam um método contraceptivo de longa duração (três anos), reversível e com alta eficácia.
Quais as preocupações mais comuns das pessoas que buscam métodos anticoncepcionais?
R: As principais preocupações das mulheres em relação à escolha do método contraceptivo são: eficácia, conveniência e praticidade, impacto na fertilidade, efeitos colaterais como ganho de peso, retenção hídrica, alterações de humor e libido, e o custo-benefício.
Quais os principais benefícios dos anticoncepcionais?
R: Os DIUs hormonais têm Alta eficácia, longa duração, redução do fluxo menstrual e não requer administração diária. As pílulas anticoncepcionais regulam o ciclo menstrual, reduzem sintomas de TPM, podem melhorar a qualidade da pele e tem controle fácil de iniciar e interromper. O implante tem alta eficácia, sendo atualmente o método contraceptivo mais seguro dentre todos os outros, longa duração, conveniência, reversibilidade, além de reduzir os sintomas menstruais e auxiliar no tratamento de algumas doenças ginecológicas.
Quais os principais riscos?
R: Os DIUs hormonais apresentam risco de perfuração uterina na inserção, expulsão ou deslocamento do dispositivo, alterações menstruais. As pílulas anticoncepcionais podem aumentar o risco de trombose venosa profunda, efeitos colaterais relacionados ao hormônio, e a necessidade de administração diária pode contribuir na redução da eficácia caso a mulher esqueça de tomar. Os implantes podem apresentar complicações na hora da inserção/remoção, alterações menstruais, efeitos colaterais relacionados ao hormônio.
E para as mulheres que não querem usar métodos hormonais, quais as opções?
R: Existem os métodos de barreira como preservativos femininos, diafragma, capuz cervical; os dispositivos intrauterinos não hormonais como o DIU de cobre ou DIU de cobre+prata; e os métodos naturais, como o monitoramento da fertilidade (“tabelinha”), método de ovulação Billings (por meio da análise do muco cervical).
Além disso, há também os métodos de contracepção de emergência, como a pílula do dia seguinte (que contém levonorgestrel ou ulipristal) ou a laqueadura, que evita a gravidez definitivamente. Alguns outros métodos hormonais incluem as injeções contraceptivas — Medroxiprogesterona (Depo-Provera) administrada a cada 3 meses — e os anéis vaginais, que contêm Etonogestrel e Etinilestradiol, administrado a cada 3 semanas. Os hormônios são liberados em doses constantes e baixas diretamente na corrente sanguínea através da parede vaginal, proporcionando contracepção.
É importante destacar que cada método tem suas próprias indicações, benefícios e riscos, além disso, nenhum deles tem 100% de eficácia. A escolha deve ser feita com base nas necessidades e preferências individuais da mulher, juntamente com seu médico durante a consulta.
Fonte: Globo