Aquecimento adiabático impulsiona a ocorrência de temperaturas elevadas no litoral da região Sudeste

Aquecimento adiabático impulsiona a ocorrência de temperaturas elevadas no litoral da região Sudeste
Foto: Alexsander Ferraz

A região Sudeste vem sendo destaque deste o fim de semana por suas temperaturas elevadas, contudo na segunda-feira (20) às áreas do litoral sofreram com o abafamento. Temperaturas em torno dos 39°C puderam ser observadas em áreas do litoral paulista, fluminense e capixaba.

Segundo o INMET as 10 maiores temperaturas no país nesta segunda-feira (20), até as 17h, a maioria foi registrada em estados do Sudeste e em áreas do litoral próximo da Serra do Mar. Confira:

Rio de Janeiro

- Niterói/RJ: o registro da temperatura máxima foi 38,9°C
- Silva Jardim/RJ: o registro da temperatura máxima foi 38,4°C

- Cambuci/RJ: o registro da temperatura máxima foi 38,4°C
- Campos dos Goytacazes/RJ: o registro da temperatura máxima foi 37,6°C
- Seropédica/RJ: o registro da temperatura máxima foi 37,5°C
- Rio de Janeiro/RJ: o registro da temperatura máxima foi 37,3°C
- Duque de Caxias/Xerém/RJ: o registro da temperatura máxima foi 37,0°C

São Paulo

- Bertioga/SP: o registro da temperatura máxima foi 38,3°C
- Iguape/SP: o registro da temperatura máxima foi 37,5°C

Espírito Santo

- Alegre/ES: o registro da temperatura máxima foi 38,6°C

Minas Gerais

- Muriaé/MG: o registro da temperatura máxima foi 37,5°C

Paraná

- Antonina/PR: o registro da temperatura máxima foi 37,5°C
- Morretes/PR: o registro da temperatura máxima foi 37,2°C
- Reserva Natura Salto Morato/PR: o registro da temperatura máxima foi 37,2°C


Santa Catarina

- Itapoá/SC: o registro da temperatura máxima foi 37,6°C
- Indaial/SC: o registro da temperatura máxima foi 36,8°C

Explicação para o calor intenso

Vale lembrar que o aumento das temperaturas na região Sudeste não se dá por conta da onda de calor que ocorreu em partes do Sul, Mato Grosso do Sul e nas áreas de fronteiras do Brasil com o Paraguai, Argentina e Uruguai. O calor no sudeste é resultado de três fatores, a diminuição de nebulosidade e da chuva, permitindo que o sol se intensificasse ao longo do dia; ausência de ventos frios de origem polar e um aquecimento elevado do calor, também nomeado como adiabático pelos meteorologistas.

O que seria um aquecimento adiabático?

É um processo natural associado com a presença de montanhas que pode ocorrer em qualquer época do ano. O aumento de temperaturas acontece quando a direção dos ventos força a descida do ar montanha abaixo. Nesse percurso, o ar aquece mais ou menos 1°C a casa 100 metros.

No litoral de São Paulo é algo bem típico, quando sopra o vento de noroeste, antes da chegada de uma frente fria, por exemplo. O que desce a Serra do Mar, impulsionado por este vento de noroeste, vai aquecer cerca de 1°C a cada 100 metros.

Entre a cidade de São Paulo e a Baixadas Santista a quase 800 metros de diferença de altitude. Se a temperatura na região da capital está em torno dos 30°C, com esse vento noroeste empurrando o ar montanha abaixo e se aquecendo mais ou menos 1°C a cada 100 m, o resultado é que lá no litoral, a temperatura vai estar em torno dos 38°C.

A imagem mostra um exemplo de como é formado o aquecimento adiabático
Figura 1: No aquecimento adiabático, o ar desce uma montanha e aquece cerca de 1°C a cada 100 metros - Fonte: Climatempo

 

Na física, dizemos que um corpo ou um sistema tem uma transformação termodinâmica adiabática quando, no decorrer do processo, não ocorre troca de calor entre este corpo ou sistema e o meio exterior.

O aquecimento adiabático natural é um dos fatores que alimentam grandes incêndios em algumas regiões do planeta. Incêndios que ocorrem no Argentina (noroeste e oeste), são causados pelo vento Zonda, que é um vento adiabático gerado na cordilheira dos Andes. Assim como o vento de Sant’ana, que atiça os incêndios na Califórnia, também é um exemplo de aquecimento por processo adiabático.

Frentes Frias e o aquecimento adiabáticos

Esse tipo de aquecimento é típico em situações pré-frontais (horas antes da chegada de uma frente fria no litoral norte do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro (litoral sul) e também na região da cidade do Rio de Janeiro devido à presença dos maciços.

Outro exemplo de aquecimento adiabático que sente frequentemente seus efeitos é a região de Santa Maria, localizada na área central do Rio Grande do Sul. Na situação pré-frontal, o vento das direções norte e noroeste, predominam e onde há a presença de montanhas, pode ocorrer o aquecimento adiabático. Nesta segunda-feira (20), o vento das direções norte/noroeste se intensificou e predominou em quase todo o sul e sudeste pela formação de um frente fria associada a um ciclone extratropical no Brasil.

Com informações da Climatempo.