Biden desiste: quem são os mais cotados para substituir candidatura?
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou neste domingo (21) que não vai mais concorrer à reeleição. O democrata expressou nas redes sociais o desejo que sua vice-presidente, Kamala Harris, assuma a disputa.
A definição do novo candidato ou candidata democrata à Casa Branca ainda deve ser definida naa convenção do partido, que será realizada em agosto.
Conheça alguns nomes cotados para assumir a campanha
Kamala Harris, vice-presidente dos EUA
Kamala Harris, de 59 anos, é a escolha mais óbvia no caso de uma desistência de Biden. Ela é a atual vice-presidente, foi senadora entre 2017 e 2021, e ocupou os cargos de procuradora-geral pela Califórnia e procuradora distrital por San Diego. Ela chegou a participar das eleições primárias em 2020, mas desistiu e foi escolhida por Biden para ser vice.
Harris é a primeira vice-presidente negra dos Estados Unidos. Além disso, Kamala é a mulher com cargo mais alto na história do país. Ela é filha de imigrantes: seu pai é jamaicano e sua mãe é indiana.
Kamala tem perfil progressista. Durante seu mandado como senadora, Harris defendeu a reforma do sistema de saúde, controle estrito no acesso a armas, descriminalização da maconha, legalização do aborto, progressão de impostos para a classe alta e que imigrantes ilegais tivessem acesso à cidadania americana.
Gavin Newsom, governador da Califórnia
Newsom, de 56 anos, tem experiência no executivo e força no Partido Democrata. Ele foi membro da Comissão de Supervisores de San Diego entre 1997 e 2004, prefeito de São Francisco de 2004 a 2011, e vice-governador da Califórnia de 2011 a 2019. Desde então, ocupa o cargo de governador do estado, o mais populoso dos EUA.
Gavin Newsom é magnata dos vinhos, hotéis e restaurantes. Sua família é amiga e sócia da família Getty, uma das mais ricas dos Estados Unidos. Com Gordon Getty, Newsom fundou o PlumpJack Group, dono de 23 empresas de vários ramos.
Governador é favorável à legalização da maconha e casamento entre pessoas do mesmo sexo. Ele também já levantou bandeiras como o fim da pena de morte e reformas nas polícias. Questionado sobre a participação de Biden no debate de ontem, disse que "nunca viraria às costas" a ele e que "não conhece um democrata no seu partido que faria isso".
J. B. Pritzker, governador de Illinois
Governador de Illinois tenta reeleição. Jay Robert Pritzker, de 59 anos, apoia financeiramente o Partido Democrata há muitos anos. Ele está no meio político desde os anos 1980, quando serviu como assessor de senadores, mas só assumiu um cargo em 2019, quando foi eleito como governador. Em 2008, foi vice-coordenador da campanha de Hillary Clinton à presidência.
Dona dos hotéis Hyatt, família de Pritzker é bilionária e rival de Trump. A rede Hyatt é uma das principais adversária econômica da Trump Hotels, rede de hotéis do candidato republicano. Segundo estimativa da Forbes, o próprio J. B. Pritzker tem fortuna de 3,4 bilhões de dólares (aproximadamente R$ 19 bilhões na cotação atual), o que faz dele a pessoa mais rica a ocupar um cargo político nos EUA.
Pritzker aprovou lei de aborto e permitiu cassinos em seu estado. O governador toma posição firme contra o armamento, pedindo o banimento de várias armas de fogo e registros universais para portadores de armas. Ele é apoiador do movimento LGBT+ e alargou a legislação sobre maconha, regulando a venda da planta para consumo recreativo.
Gretchen Whitmer, governadora de Michigan
Whitmer é governadora jovem de Estado indefinido. Com 52 anos, Whitmer venceu Bill Schuette e tirou os Republicanos do poder em Michigan, 10° estado mais populoso dos EUA e considerado um dos "swing states", estados que pendem entre republicanos e democratas nas urnas. Ela está na política desde 2000, quando se elegeu parlamentar em Michigan. Desde então, foi senadora pelo estado e se assumiu o cargo de governadora em 2019.
Gretchen ganhou atenção nacional após contar sobre o estupro que sofreu. Em 2013, durante uma discussão sobre aborto, relatou sobre um abuso que sofreu anos antes e disse que "agradecia a Deus por não ter engravidado". "Não consigo imaginar passar pelo que passei e depois ter que pensar no que fazer a respeito de uma gravidez indesejada de um agressor", completou.
Governadora se define como "democrata progressista" e conciliadora. Diferentemente de muitos democratas, ela é contrária a um sistema de saúde único pago pelo Estado e afirma que consegue conversar com políticos de vários espectros. Durante seu mandato, investiu na expansão do Medicaid e na saúde das mulheres. Além disso, é favorável a programas de energia sustentável, legalização do aborto e leis contra armas mais estritas.
Elizabeth Warren, senadora por Massachussets
Warren, de 75 anos, é nome conhecido na política americana. Junto com Bernie Sanders, é considerada uma das vozes mais proeminentes no progressismo americano. Desde 2013, é senadora por Massachusetts.
Senadora foi chamada de "Pocahontas" por Donald Trump. Desde 1984, Warren sinalizou que tem ancestrais nativos Cherokee, o que nunca foi confirmado. Em 2019, ela pediu desculpas por se identificar como nativa, mas adversários ainda a provocam sobre o tema.
Warren segue trabalhismo e defende acesso amplo à saúde. Durante o mandado de Trump, foi voz ativa sobre as ações tomadas por ele em quase todos os aspectos do governo, especialmente na questão da imigração. Em 2020, foi uma das quatro cotadas a ser vice de Joe Biden.
Pressão para desistência aumentou ao longo da semana
Desempenho de Biden em debate da CNN acendeu um alerta no Partido Democrata. Com a voz rouca, uma gagueira persistente e frases confusas, o presidente deixou uma imagem oposta à mostrada pelo rival, que adotou um tom claro e enérgico no evento realizado em junho. Desde então, vários democratas têm demonstrado preocupação e sugerido que Biden abandone a disputa.
Pedido para desistência também veio de veículos tradicionais. O jornal The New York Times pediu, por meio de editorial, para que o atual chefe da Casa Branca desistisse da campanha pela reeleição. Até mesmo o ator e produtor George Clooney, um dos responsáveis por arrecadar fundos para a campanha, engrossou o coro daqueles que pediam para Biden desistir da corrida.
Gafes cometidas por Biden aumentaram a pressão. Em agendas no mesmo dia, ele confundiu o nome da vice-presidente democrata Kamala Harris com o rival Donald Trump e chamou o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky de Vladimir Putin.
Liderança democrata conversou com o presidente dias antes do anúncio, apurou a CNN. A ex-presidente da Câmara, Nancy Pelosi, levou a Biden pesquisas que mostravam que ele não derrotaria Donald Trump e poderia acabar destruindo a chance democrata nas eleições da Câmara. O ex-presidente Barack Obama também evitou comentários públicos, mas o ceticismo dele sobre uma vitória de Biden não era um segredo nos bastidores, diz a CNN.
Ataque a tiros contra Trump não influenciou intenções de voto apesar de teorias da conspiração que tentaram culpar Biden. O republicano manteve uma pequena vantagem sobre Biden, de 43% contra 41%, segundo a pesquisa Reuters/Ipsos feita dois dias após o atentado. Como a margem de erro é de três pontos percentuais, eles estão tecnicamente empatados.
Fonte: Uol