Bolsonaro provocou calote bilionário na Caixa para tentar vencer as eleições, diz site

Com a ajuda de Pedro Guimarães, ex-presidente do banco, Bolsonaro liberou a torneira de empréstimos sem garantias de que dinheiro voltará

Bolsonaro provocou calote bilionário na Caixa para tentar vencer as eleições, diz site
O ex-presidente Jair Bolsonaro, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o ex-presidente da Caixa, Pedro Guimarães e o ex-ministro da Economia, Paulo Guedes. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) usou politicamente a Caixa Econômica Federal para tentar vencer as eleições de 2022 e causou um calote bilionário sem precedentes no banco. A operação foi revelada pela reportagem do site UOL desta segunda-feira 29.

De acordo com a publicação, ao abrir duas linhas de crédito para a população negativada e para beneficiários do Auxílio Brasil, Bolsonaro – com o aval do ex-presidente da Caixa Pedro Guimarães – não garantiu modos para que o dinheiro retornasse ao banco. Na prática, o que se vê atualmente é a alta inadimplência.

Na primeira linha do calote, Bolsonaro permitiu que negativados pudessem ter acesso a empréstimos em março de 2022. O programa ganhou o nome de SIM Digital e 3 bilhões de reais foram liberados aos eleitores. A inadimplência no programa, porém, chegou a 80% neste ano, segundo dados da reportagem. Ou seja, de cada 1000 reais emprestados, 800 não foram pagos.

Por manobra do governo, parte do rombo será coberto pelo FGTS. Estima-se que seja necessário usar 1,8 bilhão de reais dos recursos do fundo e ainda outros 600 milhões tenham que ser complementados pela Caixa.

A liberação de créditos, mostra a reportagem, só foi interrompida após as denúncias de assédio sexual praticados por Guimarães serem expostas. Sem ele no comando, os técnicos da Caixa interromperam a liberação de empréstimos para negativados, já que com a inadimplência em 80% desde os primeiros meses, o fundo garantidor (de 3 bilhões de reais) estava chegando ao limite. A medida, porém, foi adotada em sigilo e nunca chegou a ser anunciada publicamente.

Em outra medida adotada pela gestão anterior, Bolsonaro permitiu que os empréstimos consignados fossem feitos via Auxílio Brasil. 7,6 bilhões de reais foram liberados aos beneficiários, mas com o avanço do pente fino para identificar irregularidades, 100 mil devedores foram excluídos do programa e o pagamento das parcelas do consignado se tornou algo incerto.

De acordo com o site, as medidas impostas por Bolsonaro custaram a queima de reservas da Caixa. No último trimestre de 2022, informa a publicação, o índice de liquidez de curto prazo chegou 162 bilhões de reais, 70 bilhões a menos do que ano anterior. Este é o menor nível do índice – um indicador de risco – já registrado pelo banco.

Por: Poder 360