Brasil enfrenta a maior seca da história, diz órgão do governo federal
Seca é a mais extensa e mais severa já vista no país, superando a estiagem de 2015, segundo o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden).Especialistas alertam que a estação seca ainda deve seguir até outubro e cenário deve piorar.
O Brasil enfrenta a maior seca já vista na sua história recente, segundo órgão de monitoramento do governo federal. Dados inéditos e obtidos com exclusividade pelo g1 mostram que, pela primeira vez, a estiagem afeta o país de forma generalizada, por toda a sua extensão. A única exceção é o Rio Grande do Sul. E o cenário é preocupante: o país não deve ter alívio até novembro.
A análise é do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, responsável por subsidiar as ações de enfrentamento de crises climáticas.
Os dados sobre a seca cobrem o período desde 1950. A série histórica revela que a estiagem se agravou a partir de 1988. De lá para cá, a seca mais severa havia sido registrada em 2015. No entanto, à época, a falta de chuva atingiu apenas uma parte das regiões, fazendo com que os rios secassem e a vegetação pegasse fogo.
Neste ano, a seca se espalhou pelo país quase todo e de forma mais intensa, surpreendendo especialistas. A falta de chuva e os severos impactos na vegetação atingem uma área muito maior que a de 2015. Agora, grandes porções do Brasil passam por situação de seca de severa a excepcional.
A pedido do g1, o Cemaden processou os mapas abaixo que mostram o alcance da estiagem nos últimos anos. As imagens mostram a série histórica desde o ano de 2012 e é possível ver a gravidade da situação atual.
Os dados de 2024 no mapa ainda são parciais pois consideram os meses de janeiro a agosto deste ano. Por isso, o cenário, que já é ruim, pode piorar.
O que está acontecendo hoje?
Fogo em plantação da região de Ribeirão Preto (SP) no fim de agosto — Foto: Reprodução/EPTV
Hoje, mais de um terço do território nacional, o que equivale a mais de 3 milhões de km², enfrenta a estiagem na sua pior versão, o que se traduz em:
- cidades isoladas no Norte do país por conta dos rios que secaram, impedindo a navegação;
- fogo espalhado por todas as regiões, sufocando a população com a fumaça e causando problemas respiratórios;
- rios em níveis tão baixos, que fez com que o Operador Nacional do Sistema Elétrica (ONS), que controla o abastecimento de energia no país, anunciasse a ativação de termoelétricas para suprir a demanda.
Para se ter uma ideia, em 2015, o trecho do país nessas condições era menor e representava 2,5 milhões de km².