Copiloto que morreu em acidente de avião no AM realizou sonho de voar com o pai que o inspirou na aviação

Copiloto do avião que caiu em Barcelos, no interior do Amazonas, se inspirou no pai para ingressar na aviação.

Copiloto que morreu em acidente de avião no AM realizou sonho de voar com o pai que o inspirou na aviação
Copiloto vítima de acidente aéreo ao lado do pai. — Foto: Arquivo pessoal

O copiloto Fernando Luiz Galvão Bezerra Júnior, de 31 anos, uma das 14 vítimas do acidente aéreo no Amazonas, realizou o sonho de voar ao lado do pai, sua maior inspiração na aviação. Comandante há poucos meses, embarcou na viagem após não haver copilotos disponíveis para viagem até Barcelos.

Nascido em Santarém, no Pará, Fernando morava em Manaus há mais de 10 anos e é descrito pela madrasta Jolcicleia Nobre Bezerra como uma pessoa amorosa, determinada e cheia de sonhos.

Copiloto do avião que caiu em Barcelos, na tarde de sábado (16), se inspirou no pai para ingressar na aviação.

"Quando ele tinha 18 anos, trouxemos ele para cá [Manaus] para que ele estudasse, fizesse o curso de piloto, seguisse a profissão do pai. O pai dele é piloto e os dois voavam juntos. Era a coisa mais linda do mundo. Foi a realização de um sonho os dois voarem juntos", revelou a madrasta.

Pai e filho realizaram sonho de voar juntos antes de acidente de avião. — Foto: Arquivo pessoal

Pai e filho realizaram sonho de voar juntos antes de acidente de avião. — Foto: Arquivo pessoal

Além da paixão pela aviação, pai e filho compartilhavam o mesmo nome: Fernando Luiz Galvão Bezerra. O pai é piloto de aviões do Greenpeace e a última viagem que fez com o "Fernandinho" - como era carinhosamente chamado pela família - foi ao Mato Grosso do Sul, em agosto.

Copiloto Fernando Galvão que morreu em acidente no AM. — Foto: Arquivo pessoal

Copiloto Fernando Galvão que morreu em acidente no AM. — Foto: Arquivo pessoal

Após sete anos na aviação, Fernando ganhou a insígnia de comandante há apenas dois meses. O trecho de Manaus até Barcelos era familiar e já tinha sido feito por ele outras vezes. Nesta viagem, como não havia copilotos disponíveis, ele assumiu o cargo ao lado do piloto Leandro Sousa.

"Eles se revezavam nisso. Mas ele já era comandante já. Há alguns meses ele tinha passado a comandante, não era mais só copiloto. E ele estava junto com o outro comandante que era o Leandro e ele tinha bastante experiência. Muita experiência", revelou.

Jolcicleia conta que "Fernandinho" era casado e pai de uma menina de 8 anos. Amoroso e dedicado, tinha a família como a paixão de sua vida. "A esposa e a filha eram os grandes amores da vida dele".

Copiloto morava em Manaus, mas ser enterrado em Fortaleza. — Foto: Arquivo pessoal

Copiloto morava em Manaus, mas ser enterrado em Fortaleza. — Foto: Arquivo pessoal

Emocionada, a madrasta conta que apesar de não ser mãe biológica de Fernando, considerava o enteado um filho. "Eu era madrasta dele, mas ele era meu filho. Eu amo com meu filho”, finalizou.

Fernando terá um velório em Manaus para amigos e familiares que vivem na cidade. No entanto, será enterrado em Fortaleza, onde a mãe e outros familiares moram.

O acidente

Queda de avião no Amazonas deixa 14 mortos. — Foto: Divulgação

Queda de avião no Amazonas deixa 14 mortos. — Foto: Divulgação

O avião de pequeno porte que levava 14 pessoas caiu em Barcelos, no interior do Amazonas, na tarde de sábado (16). O acidente é considerado o que registrou mais mortes no Brasil desde 2011.

O avião é um Embraer EMB-110 "Bandeirante" , prefixo PT-SOG, fabricado em 1991, com capacidade de até 18 passageiros, da empresa ManausAerotáxi.

Ele decolou de Manaus com destino a Barcelos. Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a situação da aeronave era "regular". A aeronave estava carregada com itens de pesca esportiva.

Acidente de avião no AM deixa 14 mortos — Foto: Arte g1

Acidente de avião no AM deixa 14 mortos — Foto: Arte g1

O mau tempo da região pode ter contribuído para o acidente. Segundo a Defesa Civil, chovia forte momentos antes da queda do avião que levava turistas brasileiros para pescar no Rio Negro, em Barcelos.

Duas aeronaves que iriam pousar na pista de Barcelos antes do voo que se acidentou cancelaram a aterrissagem por questões de segurança.

O Secretário de Segurança Pública do Amazonas, Coronel Vinícius Almeida, disse que, embora ainda não se tenha dados conclusivos sobre o que teria acontecido, segundo relatos de moradores, "a aeronave chegou a aterrissar, mas não teve pista suficiente para frear".

Segundo o governo estadual, ainda não é possível determinar as causas do acidente, e as investigações ficarão a cargo do Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA VII) e da Polícia Civil do Amazonas.

Os corpos chegaram na capital amazonense por volta das 16h50, em aeronaves da Base Aérea de Manaus, no Aeroporto de Ponta Pelada, na Zona Sul de Manaus. No IML, passarão por exame de necropsia para, posteriormente, serem identificados pelos familiares.

Fonte: G1