CPM 22 entrega hits nostálgicos, toca Cássia Eller e faz discurso contra armas no Rock in Rio
'Um país que valoriza a cultura não precisa de armas', disse o vocalista Badauí. Em 1ª apresentação sem Japinha, grupo arriscou mais, com singles recentes, lado B e participação de titã.
O CPM 22 sempre pareceu saber bem o que o público do Rock in Rio espera ao assistir seus shows: uma sucessão de hits nostálgicos da época em que a banda era uma das líderes do movimento emocore, no início dos anos 2000.
Em suas apresentações anteriores no festival, em 2015 e 2019 (com Raimundos), empolgou a plateia ao seguir à risca a receita do sucesso.
Mas na edição de 2022, ao abrir a programação do palco principal nesta quinta-feira (8), o grupo arriscou mais: incluiu uma versão pesada de "Por enquanto", música gravada por Cássia Eller (em 2022, a cantora completaria 60 anos), além de singles lançados em anos recentes, que tiveram recepção morna do público.
O show foi o primeiro do CPM 22 no Rock in Rio após a saída do baterista Japinha. Em 2020, foi divulgada na internet uma conversa de teor sexual entre o músico e uma fã de 16 anos, ocorrida em 2012. O substituto escolhido foi Daniel Siqueira, também membro da banda Garage Fuzz.
Com o titã Sérgio Britto no palco, a nova formação (que inclui ainda o baixista Ali Zaher) tocou "Tudo vale a pena", música em parceria que saiu em 2022. "Será que é isso que eu necessito?", dos Titãs também entrou no setlist.
Apareceram ainda faixas menos conhecidas do auge do grupo, como "Apostas & certezas", do álbum "Felicidade Instantânea", de 2005. Em "Um minuto para o fim do mundo", hit do disco, o público fez um coro bonito, que emocionou o vocalista Badauí.
Os sucessos de sempre "Não sei viver sem ter você", "Dias atrás" e "Ontem" -- todos do álbum "Chegou a hora de recomeçar" (2002) -- também empolgaram.
Discurso contra armas
A apresentação também foi marcada por um discurso político feito pelo vocalista. "Eu quero fazer um brinde a esse momento incrível. Não só do festival, mas das nossas vidas. Depois de tudo que a gente passou, a gente poder estar aqui, todo mundo aglomerado. Muito obrigado por essa energia positiva. É tudo que esse país precisa: positividade”, começou ele.
"Não adianta a gente se amar aqui, ser tudo maravilhoso, esses sete dias de festival, e depois sair daqui e ficar lavando ódio na internet de graça, odiando as pessoas por nada.”
"Porque o Brasil sempre foi um país querido, o país da diversidade. Esse festival abrange todas as coisas: a igualdade, a diversidade, o respeito, o amor."
"É isso que a gente precisa nesse país, não ódio. Um festival da cultura, que valoriza a arte. Um país que tem cultura, que valoriza a cultura, não precisa de armas. Porque armas matam as pessoas, certo?", finalizou Badauí, em meio a protestos contra o presidente Jair Bolsonaro na plateia.
CPM 22 se apresenta no Rock in Rio 2022 — Foto: Stephanie Rodrigues/g1
Fonte: G1