Dez pessoas morrem depois de forte temporal que alaga vias e afeta metrô e ônibus; Rio entra em estado de emergência

Duas pessoas ainda continuam desaparecidas em Belford Roxo. Eduardo Paes, decretou situação de emergência na capital por volta das 15h.

Dez pessoas morrem depois de forte temporal que alaga vias e afeta metrô e ônibus; Rio entra em estado de emergência
Rua alagada com pessoas usando bote no Jardim América, Zona Norte do Rio, após fortes chuvas — Foto: Amadeu Queiroz/TV Globo

Dez pessoas morreram durante as fortes chuvas que atingiram Zona Norte do Rio e a região Metropolitana entre este sábado (13) e domingo (14).

Às 15h40, o balanço oficial dos bombeiros indicava 9 vítimas, mas a secretaria municipal de Saúde da capital indicou ao g1 mais uma vítima de deslizamento, no Morro da Pedreira, na Zona Norte do Rio, que não estava na relação.

Uma mulher seguia desaparecida em Belford Roxo e uma criança em São João de Meriti por volta das 14h35.

O temporal alagou vias e afetou a operação de linhas de ônibus e do metrô no Grande Rio. O Hospital Ronaldo Gazolla, na capital, teve o subsolo inundado e ficou sem energia. Alguns concursos e provas marcados para este domingo foram cancelados.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, decretou situação de emergência na capital por volta das 15h. O Centro de Operações Rio informou que a cidade entrou em estágio operacional número 4 -- o segundo mais alto na escala de riscos. Em Niterói, o alerta é máximo.

A Defesa Civil registrou mais de 30 bolsões d’água nas vias principais da cidade, 15 pontos de alagamento e cinco quedas de árvores. A Avenida Brasil ficou alagada nos dois sentidos, na altura de Irajá, e foi interditada durante a madrugada. Ela foi reaberta por volta das 11h30. Apenas a pista central no sentido Centro ainda permanecia interditada para o trabalho das equipes municipais.

Por volta das 14h20, porém, a Rodovia Washington Luís ainda estava bloqueada por alagamentos em frente à Reduc, o que provocou um grande engarrafamento. Uma pista reversível foi aberta no sentido Juiz de Fora, em Duque de Caxias, operando entre o km 109 e km 114.

Na manhã deste domingo, ainda havia registro de chuva em diversos bairros da Zona Norte, e o prefeito Eduardo Paes pediu que as pessoas evitem a região. Há previsão de mais chuva.

Mortes e desaparecimento

Segundo os bombeiros, uma mulher foi encontrada afogada dentro de casa em Acari. O corpo de bombeiros foi chamado para tentar socorrê-la às 7h25, mas já a encontraram morta. A vítima ainda não foi identificada.

Em Ricardo de Albuquerque, na Zona Norte, bombeiros encontraram o corpo de um homem que foi soterrado na rua Moraes de Pinheiro. Cães farejadores ajudaram nos trabalhos.

Um homem morreu em São João de Meriti, por descarga elétrica. E outras duas pessoas morreram em Nova Iguaçu: um dos óbitos seria de uma mulher, moradora de rua - o corpo foi encontrado próximo ao córrego de Santa Eugênia. Outro óbito foi confirmado no bairro da Luz.

Uma mulher ainda está desaparecida em Belford Roxo. O carro em que ela estava teria sido arrastado para dentro do Rio Botas, na altura do bairro Andrade Araújo, na noite de sábado. O marido, que estava com ela dentro do carro, conseguiu escapar.

Em Irajá, Zona Norte da capital, a Superintendência da Polícia Rodoviária Federal ficou alagada e várias viaturas, inclusive um blindado, ficaram embaixo d'água.

Em Nova Iguaçu, há também registros de desabamento de imóvel, deslizamento de barreira, e ameaças de queda de poste.

Rua alagada com pessoas usando bote no Jardim América, Zona Norte do Rio, após fortes chuvas — Foto: Amadeu Queiroz/TV Globo

Rua alagada com pessoas usando bote no Jardim América, Zona Norte do Rio, após fortes chuvas — Foto: Amadeu Queiroz/TV Globo

Avenida Brasil ficou totalmente fechada durante maior trecho da manhã — Foto: Reprodução/GloboCop

Avenida Brasil ficou totalmente fechada durante maior trecho da manhã — Foto: Reprodução/GloboCop

Ocorrências e alertas

Bombeiros atenderam a mais de 180 ocorrências relacionadas às chuvas entre a manhã de sábado e a deste domingo, em todo o território fluminense.

Ao todo, 29 sirenes foram acionadas em 16 comunidades do Rio. Os moradores foram orientados a deixarem suas casas. Os pontos de apoio já conhecidos nas comunidades foram abertos por agentes comunitários de Defesa Civil.

Em Niterói, na Região Metropolitana, a cidade entrou em alerta máximo às 2h15, e foram acionadas sirenes em oito comunidades. A Defesa Civil também recomendou que os moradores evitem deslocamentos no município.

Idoso é levado por grupo em alagamento durante chuva no Rio — Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Idoso é levado por grupo em alagamento durante chuva no Rio — Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Chuva causou estrago e criou bolsões d'água em Madureira, na Zona Norte — Foto: Reprodução/TV Globo

Chuva causou estrago e criou bolsões d'água em Madureira, na Zona Norte — Foto: Reprodução/TV Globo

O prefeito Eduardo Paes, em sua conta no X (antigo Twitter), recomendou que a população evite a Avenida Brasil e a Zona Norte da cidade no início da manhã.

"A gente teve uma situação muito crítica no limite do município com a Baixada Fluminense, uma região da cidade que está sofrendo mais. A gente pede que as pessoas colaborem. O Hospital Ronaldo Gazolla ficou sem energia. A situação é crítica ainda, mas os órgãos estão operando", afirmou Eduardo Paes em entrevista à GloboNews.

O governador em exercício, Thiago Pampolha, também pede que a população fique em casa e diz que a situação é grave na Baixada. A Defesa Civil já recebeu mais de 60 ligações.

"Pedimos que a população, que possa, permaneça em casa. Porque o deslocamento atrapalha e cria dificuldades para ambulâncias e Corpo de Bombeiros chegaram nos pontos sensíveis. pedimos a compreensão de todos neste momento".

Recomendações:

  • Adie compromissos;
  • Permaneça em local seguro!
  • Só se desloque se estiver em área de risco ou em caso de extrema necessidade;
  • Ofereça abrigo a amigos e familiares.

Linhas de ônibus fora de circulação

Por causa do alagamento na Avenida Brasil, mais de 10 linhas de ônibus estão fora de circulação:

  • 397
  • 362
  • 392
  • 388
  • 394
  • 393
  • 300
  • 665
  • 369
  • 378
  • 771

Problemas no Metrô

Quatro estações da linha 2 do Metrô foram fechadas na manhã deste domingo (14) — Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Quatro estações da linha 2 do Metrô foram fechadas na manhã deste domingo (14) — Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

As chuvas causaram problemas na linha 2 do Metrô: as estações Pavuna, Engenheiro Rubens Paiva, Acari Fazenda Botafogo e Coelho Neto foram temporariamente fechadas no início da manhã de domingo.

A concessionária começou a operar provisoriamente na linha 2 entre as estações Colégio e General Osório/Ipanema, na Zona Sul. As linhas 1 e 4, segundo o Metrô Rio, funcionam normalmente.

Na Supervia, a estação Oswaldo Cruz foi fechada por conta de alagamentos.

Zona Norte mais afetada

A estação meteorológica de Anchieta atingiu o acumulado de 259,2 milímetros de chuva no período de 24 horas, o recorde em toda a série histórica do Sistema Alerta Rio (desde 1997) naquela estação meteorológica. Choveu em Anchieta aproximadamente 40% a mais do que a média histórica de janeiro naquela região: em apenas um dia choveu muito mais do que era esperado para o mês inteiro: 138,4% da média de janeiro.

Outros bairros da Zona Norte, como Pavuna, Acari, Madureira e Irajá também apresentaram altos índices pluviométricos, e os rios Pavuna, Acari, Quitungo e Cachorros extravasaram. Uma base operacional da Prefeitura foi montada na Pavuna, na Zona Norte, para atender aos moradores.

Em Irajá, onde um trecho da Avenida Brasil foi interditado, o índice pluviométrico foi de 213 milímetros em 24 horas.

Chuva causou alagamento em Fazenda Botafogo, na Zona Norte — Foto: Reprodução/TV Globo

Chuva causou alagamento em Fazenda Botafogo, na Zona Norte — Foto: Reprodução/TV Globo

Hospital sem energia

O Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, em Acari, na Zona Norte do Rio, ficou sem luz durante a madrugada de domingo. A unidade de saúde fica perto do ponto mais afetado pelas chuvas fortes que atingiram a região. Dos 447 leitos, 283 estavam ocupados na hora da chuva.

O subsolo do hospital, onde funcionam a garagem e alguns setores operacionais e de manutenção, foi inundado. A energia do prédio foi desligada por segurança e todos os aparelhos de suporte à vida passaram a operar por suas baterias próprias. Segundo a secretaria de Saúde, pacientes foram acompanhados de perto pelos profissionais de saúde.

Durante a madrugada, a Secretaria Municipal de Conservação enviou equipes e máquinas para drenar a água do subsolo e fazer a limpeza da área externa e, no meio da manhã, a energia estava restabelecida na maior parte do hospital.

Concursos adiados

Um concurso de bolsistas na área de saúde da Prefeitura do Rio, que seria realizado neste domingo, foi adiado por causa das chuvas. Uma prova da Faetec também foi adiada pelo mesmo motivo.

Batalhão inundado

As fortes chuvas inundaram as instalações do 9° BPM (Rocha Miranda), que fica no bairro de Honório Gurgel, na Zona Norte.

Os prejuízos causados pelo temporal ainda estão sendo levantados pelo comando da unidade. Um levantamento preliminar aponta que foram afetados carros estacionados, que aguardavam serviços de manutenção, carros particulares e algumas das instalações do batalhão.

Imagem do 9°  BPM (Rocha Miranda), que fica no bairro de Honório Gurgel, na Zona Norte do Rio — Foto: Reprodução

Imagem do 9° BPM (Rocha Miranda), que fica no bairro de Honório Gurgel, na Zona Norte do Rio — Foto: Reprodução

Situação do 9º BPM depois que a água da chuva baixou — Foto: Reprodução

Situação do 9º BPM depois que a água da chuva baixou — Foto: Reprodução

Previsão de mais chuva

Há previsão de chuva, de fraca a moderada, e céu predominantemente nublado, para este domingo.

Segundo o sistema Alerta Rio, núcleos de chuva perdem intensidade, porém, permanecem atuando de forma contínua podendo ocasionar o aumento desses acumulados de chuva.

Fonte: G1