Dólar desaba a R$ 5,86 após recuo de Trump em seu 'tarifaço'; Ibovespa dispara
Na terça-feira (8), a moeda norte-americana teve alta de 1,47%, cotada a R$ 5,9973. Já o principal índice da bolsa brasileira recuou 1,32%, aos 123.932 pontos.

O dólar inverteu o sinal e está em forte queda nesta quarta-feira (9), após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recuar do tarifaço contra mais de 180 países.
O republicano anunciou que reduzirá para 10% as taxas recíprocas a outros países, pelo prazo de 90 dias. A exceção será a China, que retaliou as tarifas aplicadas pelos EUA, e agora terá taxas de importação de 125%.
Por volta das 15h, a moeda americana era negociada a R$ 5,87. Mais cedo, o dólar chegou à máxima de R$ 6,0961. Agora, na mínima, bateu R$ 5,8698.
O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa de valores, inverteu o sinal e passou a operar em forte alta durante a tarde, subindo mais de 3%.
- Houve alívio nos mercados porque, com as tarifas nas alturas, especialistas dizem que a inflação pode acelerar com força nas maiores economia do mundo e gerar uma forte redução no comércio internacional e no consumo da população — o que pode impactar o mundo todo e levar a um período de recessão econômica.
Antes do anúncio, o mercado reagia mal à guerra global de tarifas iniciada pelos EUA e intensificada com as retaliações chinesas.
Nesta manhã, o Ministério das Finanças da China anunciou que imporá tarifas de 84% sobre os produtos americanos — uma alta de 50 pontos percentuais sobre os 34% que já haviam sido impostos na semana passada.
Essa elevação das tarifas pela China foi mais uma resposta aos EUA, que havia elevado a tarifa em resposta à primeira retaliação chinesa. (entenda mais detalhes abaixo)
Nesta quarta-feira, a União Europeia também aprovou uma retaliação aos EUA. O bloco de 27 países anunciou que vai aplicar tarifas de 25% sobre uma série de importações dos EUA a partir da próxima terça-feira (15).
Dólar
Às 15h, o dólar caía 1,96%, cotado a R$ 5,8798. Veja mais cotações.
No dia anterior, a moeda americana teve alta de 1,47%, cotada a R$ 5,9973.
Com o resultado, acumulou:
- alta de 2,77% na semana;
- ganho de 5,11% no mês; e
- perda de 2,95% no ano.
Ibovespa
No mesmo horário, o Ibovespa subia 3,39%, aos 128.128 pontos.
Na véspera, o índice teve baixa de 1,32%, aos 123.932 pontos.
Com o resultado, o Ibovespa acumulou:
- queda de 2,61% na semana;
- recuo de 4,86% no mês; e
- ganho de 3,03% no ano.
O que está mexendo com os mercados?
O grande destaque do pregão desta quarta é, mais uma vez, o tarifaço dos Estados Unidos e as retaliações das nações afetadas.
- As tensões crescentes entre os países elevam as incertezas globais com o futuro da economia.
- Mais tarifas tornam os produtos que chegam aos países mais caros, o que contribui para um aumento da inflação.
- Com os preços altos, o mercado teme que aconteça uma redução nos níveis de consumo da população, além de uma queda no comércio internacional.
- Esse cenário nas maiores economias do mundo eleva os temores por um período de recessão global.
EUA vs. China
O anúncio da nova tarifa de 84% cobrada pela China sobre os produtos americanos acontece no mesmo dia em que entra em vigor uma tarifa extra de 50% sobre as importações chinesas que chegam aos EUA — o que elevou a alíquota total do país asiático a 104%.
Na quarta-feira passada (2), Trump detalhou a tabela das tarifas recíprocas, que vão de 10% a 50% e serão cobradas, a partir desta quarta, sobre mais de 180 países.
A China foi um dos países que foi tarifado — e com uma das maiores taxas, de 34%. Essa taxa se somou aos 20% que já eram cobrados em tarifas sobre os produtos chineses anteriormente.
Como resposta ao "tarifaço", o governo chinês impôs, na sexta passada (4), tarifas extras de também 34% sobre todas as importações americanas.
Os EUA decidiram responder à retaliação e Trump deu um prazo para a China: ou o país asiático retirava as tarifas até às 13h (horário de Brasília) desta quarta-feira (8) ou seria taxado em mais 50%, levando o total das tarifas a 104%.
A China não recuou e disse que estava preparada para "revidar até o fim". A Casa Branca cumpriu a promessa e elevou as tarifas sobre as importações chinesas na quarta e, nesta quinta, a China também manteve a palavra e aumentou a tarifa sobre os produtos americanos.
EUA vs. Europa
Nesta quarta (9), a União Europeia também aprovou o seu primeiro pacote de retaliação contra as tarifas, apesar de reforçar que está disposta a negociar.
O bloco de 27 países decidiu aplicar taxas de 25% sobre uma série de importações dos EUA a partir da próxima terça-feira (15), em etapas.
Inicialmente, a ação da UE é uma resposta específica às tarifas de 25% sobre o aço e o alumínio aplicadas pelos EUA no mês passado. O bloco ainda está avaliando como responder às tarifas sobre automóveis e outras questões mais amplas.
Impacto nas bolsas
- ➡️ A expectativa de desaceleração econômica provocou, mais uma vez, uma queda generalizada nas bolsas de valores da Europa. Por lá, o índice Euro Stoxx 50, que reúne as ações das principais empresas europeias, fechou em queda de 3,31%.
- ➡️ Na Ásia, as bolsas de valores fecharam majoritariamente em baixa, com exceção da China e Hong Kong, que subiram antes do anúncio da nova retaliação chinesa.
- ➡️ Nos Estados Unidos, investidores têm aproveitado para comprar ações de tecnologia mais baratas, após as quedas nos dias anteriores. Por isso, Wall Street opera em alta.
Além da queda nas bolsas, as commodities ligadas ao aquecimento da atividade econômica, como petróleo e minério de ferro — que são muito demandadas quando a produção no país é grande — também operam em baixa e registram os seus menores patamares em anos.
O barril de petróleo gira em torno dos US$ 60 e, durante o pregão, já caiu abaixo desse patamar. Segundo levantamento da XP, esse é o menor nível da commodity em 4 anos, desde meados da pandemia de Covid-19, quando o mundo passou por uma forte desaceleração econômica.
"Além disso, o preço do minério de ferro cedeu para US$ 90 por tonelada, patamar bem abaixo dos US$ 110 que operava antes dos anúncios das tarifas", destaca o relatório da XP.
Como o Brasil é um grande exportador dessas commodities, uma das principais formas de entrada de dólar no país é pela venda desses produtos.
Então, quando há uma redução na expectativa de demanda pelas commodities e seus preços recuam, gerando também menos negócios para o país, há uma menor entrada de dólar, desvalorizando a moeda brasileira.
Fonte: G1