Dólar opera em queda com mercado atento a decisões de juros no Brasil e EUA
Expectativa é que os bancos centrais dos dois países elevem taxas, mas foco estará em sinalizações sobre próximos passos do ciclo
O dólar caía 0,59%, cotado a R$ 5,104, por volta das 9h17 desta quarta-feira (15), com os investidores cautelosos à espera das decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos, que vão concluir suas reuniões de política monetária.
A expectativa é que o Federal Reserve e o Banco Central elevem suas taxas de juros em 0,5 ponto percentual, mesmo com os dois países em momentos diferentes dos seus ciclos monetários. Entretanto, nesta semana os investidores norte-americanos passaram a projetar uma alta de 0,75 p.p., contrária às sinalizações dos dirigentes da autarquia.
Assim, a atenção dos investidores estará nas sinalizações após as reuniões. No caso brasileiro, se o ciclo terminará em 13,25% ao ano, e, no norte-americano, se o ciclo sofrerá uma pausa em setembro ou continuará e se o Fed mudará a posição contrária a uma alta de 0,75 ponto percentual nos juros.
Vale destacar que na quinta-feira (16) não haverá operações no Brasil por conta do feriado de corpus christi. Dessa forma, especialistas afirmaram que os juros serão precificados no mercado na sexta-feira (17).
O Banco Central fará nesta sessão leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de agosto de 2022.
Na terça-feira (14), o dólar subiu 0,43%, a R$ 5,134. Já o Ibovespa teve queda de 0,52%, aos 102.063,25 pontos, na menor pontuação desde 10 de janeiro.
Sentimento global
Os investidores ainda mantém uma forte aversão global a riscos desencadeada por temores sobre uma possível desaceleração econômica generalizada devido a uma série de altas de juros pelo mundo para conter níveis recordes de inflação, o que prejudicaria diversos tipos de investimentos.
A principal causa para essa aversão é o ciclo de alta de juros nos Estados Unidos, com a elevação mais recente anunciada pelo Federal Reserve em 4 de maio. A autarquia já chegou a descartar altas de 0,75 ponto percentual nos juros, ou um risco de levar a economia do país a uma recessão, mas sinalizou ao menos mais duas altas de 0,5 p.p.
Os juros maiores nos Estados Unidos atraem investimentos para a renda fixa do país devido a sua alta segurança e favorecem o dólar, mas prejudicam os mercados de títulos e as bolsas ao redor do mundo, inclusive as norte-americanas.
Ao mesmo tempo, o mercado acompanha os dados sobre a economia do país para entender o quão agressivo o Fed poderá ser no processo.
No fim de maio e começo de junho, a visão de que a autarquia não seria tão agressiva no ciclo e o fim de lockdowns em cidades importantes da China aliviaram temores e ajudaram o Ibovespa e o dólar a se recuperar.
Nas últimas semanas, porém, o cenário mudou. A inflação de maio do Estados Unidos sinalizou um quadro mais negativo, reforçando apostas de juros terminais maiores. O Banco Central Europeu (BCE) sinalizou altas de juros a partir de julho, enquanto a China enfrenta um novo aumento de casos de Covid-19 com temores de novas restrições e o risco fiscal no Brasil voltou a ganhar força.
Com isso, a combinação de um cenário doméstico debilitado e a perspectiva no exterior de fortes apertos monetários voltaram a prejudicar o mercado brasileiro.
Por: CNN Brasil