Dólar opera em queda, com mercado cauteloso à espera de inflação dos EUA
Investidores esperam que indicador dê mais pistas sobre os próximos passos do ciclo de alta de juros no país
O dólar caía 0,35%, cotado a R$ 5,419, por volta das 9h17 desta quarta-feira (13), em meio a uma cautela dos investidores antes da divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) dos Estados Unidos referente ao mês de julho.
A expectativa é que o indicador dê mais pistas sobre os próximos passos do Federal Reserve no combate à maior inflação em 40 anos no país. Dependendo do nível registrado, o mercado esperará um ciclo de alta de juros mais agressivo pela autarquia, o que aumentaria as chances de uma recessão e também a aversão a riscos por parte de investidores.
No Brasil, os investidores monitoram a votação da PEC dos Benefícios na Câmara dos Deputados, com preocupações quanto ao volume de gastos por parte do governo. O retorno do risco fiscal favorece o dólar em relação ao real, afastando investimentos estrangeiros
Na terça-feira (12), o dólar teve alta de 1,27%, a R$ 5,439, no maior valor desde 24 de janeiro. Já o Ibovespa avançou 0,06%, aos 98.271,21 pontos.
Sentimento global
Os investidores ainda mantêm uma forte aversão global a riscos desencadeada por temores sobre uma possível desaceleração econômica generalizada devido a uma série de altas de juros pelo mundo para conter níveis recordes de inflação, o que prejudicaria diversos tipos de investimentos.
A principal causa para essa aversão é o ciclo de alta de juros nos Estados Unidos, com a elevação mais recente anunciada pelo Federal Reserve em 4 de maio. A alta foi de 0,75 ponto percentual, maior desde 1994, e novas elevações na mesma magnitude não foram descartas.
Os juros maiores nos Estados Unidos atraem investimentos para a renda fixa do país devido a sua alta segurança e favorecem o dólar, mas prejudicam os mercados de títulos e as bolsas ao redor do mundo, inclusive as norte-americanas.
Entretanto, o combate do país à maior inflação em 40 anos gera crescentes temores de uma recessão na maior economia do mundo devido à necessidade de um aperto monetário agressivo. O risco leva a uma aversão a riscos, favorecendo o dólar e prejudicando ativos considerados arriscados, caso do mercado brasileiro.
Por outro lado, novas restrições em cidades da China foram anunciadas no início de julho, revertendo um cenário de otimismo sobre uma retomada da economia do país após meses de lockdown em Xangai e Pequim. O quadro reforça temores de uma desaceleração econômica chinesa e consequente queda na demanda por commodities.
No cenário doméstico, a PEC dos Benefícios, que cria ou expande benefícios sociais com custo estimado em R$ 41 bilhões, foi mal recebida pelo mercado, já que reforça o risco fiscal ao trazer novos gastos acima do teto.
Com a combinação de ambientes interno e externo adversos, a retirada de investimentos prejudica o Ibovespa e favorece o dólar em relação ao real.
Por: CNN Brasil/ Reuters