Em depoimentos simultâneos, PF vai 'testar' consistência das falas de Cid e questionar Bolsonaro e aliados
O depoimento simultâneo das pessoas envolvidas no escândalo das joias sauditas vai acontecer nesta quinta-feira (31) e, como estratégia, a Polícia Federal (PF) irá testar a consistência das falas anteriores do tenente-coronel Mauro Cid e questionar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados.
A Operação Lucas 12:2, deflagrada pela PF em 11 de agosto, revelou que aliados do ex-chefe do Executivo teriam vendido ilegalmente joias e outros objetos de valor recebidos pela ditadura saudita em viagens oficiais da Presidência da República.
Além de Bolsonaro e Cid, serão interrogados pela PF a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o general Mauro César Lourena Cid, o ex-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, o advogado Frederick Wassef e os assessores do ex-mandatário Marcelo Câmara e Osmar Crivelatti.
Cid prestou depoimento à PF na última segunda-feira (28) e, segundo investigadores, o militar colaborou com a corporação. Agora, as declarações do bolsonarista servirão de base para perguntas a todos os depoentes, e têm potencial de virar delação premiada.
Vale destacar que a PF busca avançar nas informações que Cid deu ou mesmo pegar os depoentes em contradição, uma vez que as declarações do militar ainda estão em segredo, impossibilitando a combinação de versões.
Bolsonaro precisa, agora, esclarecer se de fato tinha conhecimento da venda das joias no exterior e se Mauro Cid agiu sob suas ordens. Já Michelle precisa argumentar se tinha conhecimento das transações e se participou de alguma maneira na tentativa de venda dos itens.
Cid, por sua vez, precisará dizer se agiu sob ordens do ex-capitão e como efetuou a entrega de valores a ele. O pai do militar, no entanto, precisará esclarecer sua participação no caso e como intermediou o repasse de dinheiro a Bolsonaro.
No caso de Wajngarten, a PF trabalha com a hipótese de que ele possa ter participado de uma operação de resgate do relógio Rolex vendido por Mauro Cid nos Estados Unidos, o que é negado pelo ex-secretário de Comunicação.
Já Frederick Wassef foi o responsável por “resgatar” o relógio. O advogado que defendeu o clã Bolsonaro em diversas ocasiões, admitiu, no último dia 15 de agosto, que foi ao Estados Unidos recomprar o Rolex.
Após o “resgate” do Rolex feito por Wassef, Osmar Crivellati teria recebido o acessório que foi posteriormente entregue no dia 4 de abril a uma agência da Caixa Econômica Federal, depois da determinação do Tribunal de Contas da União (TCU).
Marcelo Câmara, segundo a PF, foi quem disse que uma joia teria “sumido” com a ex-primeira-dama. Ele também teria sido o responsável por intermediar a entrega de uma mala com joias para o empresário brasileiro Cristiano Piquet, que reside em Miami.