A posse do republicano acumulou diversas expectativas de analistas, em especial, de que Trump anunciasse a série de tarifas comerciais que vinha prometendo implementar sobre importações. No entanto, até agora, o republicano não sancionou nenhuma sobretaxação.
Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, explica que, diante da inércia do americano sobre o assunto, o mercado passou a ter dúvidas se o republicano realmente irá implementar medidas tão agressivas quanto era esperado.
— De maneira geral, essa abordagem do governo Trump de primeiro ameaçar para depois estudar se realmente vai ser implantada alguma tarifa sobre as outras economias, em particular, China, Canadá e México, tem levado a um movimento de enfraquecimento global do dólar, visto que (...) o receio era de que Donald Trump teria uma postura agressiva já no seu primeiro dia de mandato — afirma o especialista.
Matheus Pizzani, economista da CM Capital, explica que um dos principais pontos a aliviar globalmente as tensões sobre as possíveis tarifas são as estimativas do que o republicano deve impor contra China. A expectativa inicial era de que Trump impusesse uma alíquota de 25% sobre a importação de produtos chineses, mas as apostas agora estão em 10%.
Ele afirma que este número "amenizou as preocupações do mercado em relação à possíveis repiques inflacionários no país, especialmente na categoria de bens industriais, que por sua vez trariam desdobramentos negativos para a condução da política monetária".
O especialista reforça também que, por não se tratar de uma questão estrutural — isto é, Trump não abandonou por completo suas ambições tarifárias —, é importante não descartar novas altas para o dólar nas próximas sessões.
— A base que apoia este arrefecimento no mercado de câmbio é relativamente frágil, podendo ser desfeita a partir de uma simples comunicação do presidente dos Estados Unidos — declara Pizzani.
Gustavo Trotta, especialista da Valor Investimentos, lembra que, agora, a projeção é que Trump anuncie tarifas para alguns países no início de fevereiro, principalmente para os produtos do Canadá e do México.
O presidente americano declarou na Sala Oval que planeja impor uma sobretaxação de até 25% sobre ambos os países, sob o argumento de que os dois vizinhos imediatos dos EUA estão permitindo que migrantes indocumentados e drogas entrem no país.
Por: O Globo