Escolhido por Lula, Sidônio vê falhas na comunicação do governo: 'Não pode ser analógica, as coisas têm que chegar na ponta'
Entrada do publicitário no lugar de Pimenta foi sacramentada em conversa no Palácio do Planalto na manhã desta terça-feira
Escolhido pelo presidente Lula para chefiar a Secretaria de Comunicação Social (Secom), o publicitário Sidônio Palmeira afirmou nesta terça-feira que está começando o "segundo tempo do governo". Ele afirmou que há problemas na comunicação da gestão, que não pode ser "analógica" e precisa fazer as realizações "chegarem na ponta". Sidônio vai substituir Paulo Pimenta, que foi comunicado da mudança por Lula em reunião nesta terça-feira.
— Estamos começando um segundo tempo. Temos uma expectativa grande com o governo, tem a gestão e tem a percepção popular. Eu acho que a gente precisa alinhar essas três coisas. (...) Esse governo fez muito e as coisas precisam chegar na ponta. Tem alguns problemas na comunicação, mas não é somente aqui na Secom. É no governo todo — disse Sidônio no primeiro pronunciamento após a troca ser anunciada.
O publicitário acrescentou que o governo precisa qualificar a presença nas redes sociais:
— É importante que a gestão não seja analógica, que ela se comunique com as pessoas. Na área de saúde, é importante que as pessoas saibam onde se vacinar. Isso é uma forma de comunicação que muitas vezes não sai da Secom, sai de um aplicativo
De saída, Pimenta afirmou que Lula optou por um "perfil diferente" na Secom a partir de agora.
— O presidente tem uma leitura muito precisa de que tivemos uma primeira fase do governo que foi de reconstrução e a partir de 2025 vamos entrar numa fase nova. Colheita e resultados. E o presidente quer ter na frente da Secom uma pessoa com perfil diferente que eu tenho. Um profissional de comunicação de talento e criatividade para exercer essa tarefa.
Posse na semana que vem
Pimenta se afastará do comando da pasta a partir de quinta-feira. Ele entrará de férias e, após retornar, conversará com Lula sobre seu futuro no governo.
Sidônio assumirá formalmente o comando da Secom a partir da próxima semana, com posse provavelmente na terça-feira.
Como mostrou O GLOBO, a equipe de Sidônio Palmeira já tem feito a transição no comando da Secom desde segunda-feira. Integrantes da futura equipe do marqueteiro estão na Secom também nessa terça-feira tomando pé dos trabalhos da pasta.
— Estamos fazendo uma transição com Sidônio, para que a partir da semana que vem ele possa assumir a tarefa de ser novo ministro da Secom. Estamos conversando entre equipes no sentido de que possa fazer da melhor maneira possível. Nosso compromisso maior é com projeto do presidente Lula, e ninguém mais do que eu quer que ele tenha êxito e sucesso no trabalho que ele vai desenvolver aqui — disse Pimenta ao GLOBO.
Futuro em aberto
Lula ainda não bateu martelo sobre futuro de Pimenta. Estão na mesa as possibilidades do ministro virar líder do governo na Câmara, cargo hoje ocupado pelo deputado José Guimarães (PT-CE), e ou a assumir a Secretaria-Geral da Presidência, atualmente comandada por Márcio Macêdo. Questionado, o ministro disse que não sabe qual será sua nova função.
— Minha relação com presidente é de lealdade, confiança e amizade, e eu solicitei ao presidente que pudesse manter uma programação que já tinha definido com minha família, de tirar alguns dias de férias e, só a partir do meu retorno, o presidente vai definir qual será minha nova tarefa.
A troca do comando na Secom faz parte de uma estratégia de Lula de dar uma guinada na comunicação do governo na segunda metade do mandato. Lula quer voltar a ter contato diário com marqueteiro, como tinha em gestões anteriores com João Santana e Duda Mendonça. Publicitário de Salvador, Palmeira perfil de estrategista e marketing, enquanto Pimenta é um quadro político.
Palmeira comandou as campanhas vitoriosas na Bahia de Jaques Wagner e Rui Costa entre 2006 e 2018 e se aproximou de Lula na campanha de 2022, a mais disputada da história, quando foi marqueteiro e tinha contato diário com o petista. Pessoas que acompanharam o trabalho na época relatam que os dois tinham sinergia.
Por: O Globo