'Estamos construindo a fantástica fábrica de chocolate, diz dono da Cacau Show sobre compra do Playcenter
Grupo, que também atua em hotelaria de luxo, compra marcas e ativos do tradicional parque de diversão de São Paulo
A empresa de chocolates Cacau Show anunciou ontem a compra de todas as marcas e ativos do Grupo Playcenter, que atua no setor de parques de diversão no Brasil. O valor do negócio não foi revelado. Após os hotéis de luxo, a aquisição marca um avanço da empresa no setor de entretenimento. Ao Valor, Alexandre Costa, fundador e diretor executivo da companhia, que agora se define também como “parqueiro”, diz estar com os pés no chão, mas não esconde o entusiasmo, “estamos construindo a fantástica fábrica de chocolate.”
As duas companhias ainda aguardam a análise do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para avançar com o processo de fusão. Costa adianta que os dois sócios que tocam o negócio devem continuar em suas funções, bem como os demais funcionários do parque.
Há algum tempo a Cacau Show tem focado na experiência do cliente, com a inauguração de lojas cada vez maiores e mais interativas, explica Costa. Para o executivo, a entrada no setor de entretenimento foi um movimento natural diante desse processo. O primeiro passo foi dado com a aquisição de dois resorts com temáticas inspiradas no cacau
“As lojas continuarão sendo nossas grandes vacas leiteiras, mas esses empreendimentos têm grande perspectivas de crescimento”, diz Costa. Atualmente, as receitas da hotelaria somam R$ 100 milhões, enquanto e a dos parques recém-adquiridos R$ 120 milhões, uma fatia pequena diante dos R$ 4 bilhões de faturamento que a companhia apresenta hoje em dia.
As negociações com o dono do Grupo Playcenter, Marcelo Gutglas, começaram em setembro do ano passado e foram feitas diretamente entre as equipes da Cacau Show e de Gutglas, sem intermediação de assessores ou bancos. O empresário, que procurava um comprador para o seu negócio, já que a idade avançava e as filhas não seguiriam no ramo, encontrou no fundador da Cacau Show “a pessoa certa” para vender o negócio de mais de 50 anos.
O tradicional parque de diversão foi criado em 1973, na capital paulista, e ficou conhecido nacionalmente como Playcenter, o primeiro de grande porte do Brasil, localizado na capital paulista. O empreendimento funcionou por 39 anos até ter suas atividades encerradas em 2012. Dois anos antes, Gutglas já atuava no segmento.
Desde então, o grupo passou a investir no que chamou de “novo conceito”. Começou com o Playcenter, parque de diversões para dentro dos shoppings, passando pelas piscinas de bolinhas gigantes, que depois evoluíram para o Kidzland, espaço com um brinquedo inflável, envolto por bolinhas e escorregador. O empreendimento mais recente foi o Playcenter Family, parque voltado para a família, na capital paulista.
O processo de incorporação dos parques ao projeto da Cacau Show será executado em etapas. Inicialmente serão introduzidos espaços de alimentos e bebidas da Cacau Show, através de serviços que ofereçam fondues, waffles e chocolates, além da tematização de algumas atrações, com personagens da marca. No longo prazo, Costa diz que sonha em construir a fantástica fábrica de chocolate brasileira, como a do filme de Tim Burton lançado em 2005. “Esse é o meu sonho, mas nesse momento estamos fazendo planos de negócio”, afirma. O executivo pondera que um parque dessa magnitude envolveria valores de ingressos elevados, o que não condiz com a realidade da maioria dos brasileiros.
Recentemente, a Cacau Show também arrematou o terreno que abriga a antiga fábrica da falida Chocolates Pan por R$ 70 milhões. O grupo levou o espaço de 10,4 mil metros quadrados localizado na cidade de São Caetano do Sul (SP) em um leilão judicial no fim do ano passado.
Nos últimos anos, o mercado de parques de diversões no Brasil sofreu com alto endividamento e queda de tráfego de clientes, especialmente após a pandemia, e o negócio se tornou um grande desafio para as operadoras.
Fonte: Valor