‘Eu não tinha ideia de que homens poderiam ter câncer de mama’, diz homem após encontrar caroço no mamilo
No mês de conscientização sobre a saúde do homem, corredor lembra que condição também pode atingir o sexo masculino
Mike Rossiter é um corredor de 63 anos que mora em Whitchurch, North Cardiff (País de Gales, Reino Unido), e assim como muitos adeptos da corrida, lida com um problema comum: o atrito dos mamilos na roupa durante os treinamentos. Para aliviar o desconforto, o homem passa vaselina nos peitos, e foi durante uma dessas aplicações que ele descobriu um caroço atrás de uma de suas mamas.
— Eu não queria reagir de forma exagerada — conta Mike em entrevista ao “Cancer Research Wales”. — Mas meu instinto me disse para ter certeza — acrescenta.
Então, o corredor investigou mais a fundo, e após uma biópsia, o diagnóstico de câncer de mama foi revelado. O homem relata que, como muitos, acreditava que “esta batalha” era exclusivamente feminina.
— Sinceramente, não fazia ideia de que homens pudessem ter câncer de mama. Estou certo de que 99% de todos os homens que andam por aí neste momento não sabem que também podem ter — diz.
O tratamento de Mike Rossiter envolveu uma mastectomia total, com a retirada da auréola e do mamilo, já que pelo pouco volume das mamas, não é possível preservá-las. Agora, o corredor se ocupa em enfatizar a importância da conscientização sobre o câncer de mama masculino.
— Se você vem de uma família com histórico de câncer de mama, tenha isso em mente. Quanto mais rápido você descobrir, melhor. Isso não é apenas para o câncer de mama, é para todos os tipos de câncer — próstata, testículo, todos os tipos — recomenda Rossiter.
A fundação de pesquisa "Cancer Research Wales", a qual o corredor faz parte, orienta que os principais indicadores nos homens incluem um caroço atrás do mamilo, mamilos invertidos, erupção cutânea no peito e caroços sob a axila.
No Brasil, os dados mais recentes relacionados ao câncer de mama em homens são de 2020, quando 207 mortes pela doença foram confirmadas. Os casos representam 1% do total, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Devido a raridade, a condição costuma ser abordada com os mesmos preceitos indicados para as mulheres.
O Ministério da Saúde lista os principais tipos e alguns dos sintomas:
- Carcinoma Ductal In Situ: células cancerígenas se formam nos ductos da mama, mas não os invadem ou espalham para fora da mama;
- Carcinoma Ductal Invasivo: atinge a parede do ducto e se desenvolve pelo tecido da glândula mamária. Pode se espalhar para outros órgãos e representam 80% dos tumores;
- Carcinoma Lobular Invasivo: cresce no lóbulo da mama. É o tipo mais raro nos homens;
- Doença de Paget: começa nos ductos mamários e provoca crostas no mamilo, escamas, coceira, inchaço, vermelhidão e sangramento;
- Câncer de Mama Inflamatório: é bem raro em homens e consiste na inflamação da mama que provoca o seu inchaço, vermelhidão e queimação, ao contrário de formar um nódulo.
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O órgão também afirma que alguns fatores podem aumentar o risco de desenvolvimento do câncer de mama:
- Alteração no gene BRCA2 e história familiar;
- Condições que podem aumentar o nível de estrogênio no corpo, como obesidade, alcoolismo, síndrome de Klinefelter e doença hepática;
- Radioterapia prévia para a área do tórax.
*Estagiário sob supervisão de Adriana Dias Lopes - O Globo