EUA: Democratas vibram com maioria do Senado e Biden sai 'fortalecido' das eleições
Os democratas ainda podem conquistar uma vaga no estado da Geórgia, onde um segundo turno está previsto para 6 de dezembro.
O Partido Democrata celebra a conquista, neste sábado (12), da cadeira que faltava para manter o controle do Senado dos Estados Unidos, uma vitória decisiva para a continuação da presidência do presidente Joe Biden e um amargo fracasso para seu antecessor Donald Trump. "Sinto-me bem e estou ansioso pelos próximos dois anos", reagiu Biden de Phnom Penh, no Camboja, à margem de uma cúpula asiática.
Quatro dias após as eleições de meio de mandato, a mídia americana declarou vitória para a senadora democrata Catherine Cortez Masto, no estado-chave de Nevada. A titular do cargo venceu por pouco Adam Laxalt, candidato apoiado pelo ex-presidente Donald Trump.
Sua reeleição eleva o número de democratas eleitos para o Senado para 50 em um total de 100, o que permite que o partido de Biden mantenha o controle da Câmara Alta do Congresso. De acordo com a Constituição americana, a vice-presidente Kamala Harris tem o poder de decidir entre os senadores.
Os democratas ainda podem conquistar uma vaga no estado da Geórgia, onde um segundo turno está previsto para 6 de dezembro.
Um golpe para “Make America Great Again”
Ex-presidente americano, Donald Trump, lançando bonés para apoiadores em evento no estado do Wisconsin — Foto: Morry Gash/AP
O líder da maioria democrata no Senado, Chuck Schumer, reagiu poucos minutos depois que os resultados foram anunciados, twittando que esta era uma "manifestação" dos feitos dos democratas. Para ele, isso significa que os americanos "sabiamente rejeitaram a direção antidemocrática, autoritária, perversa e divisiva que os republicanos do MAGA queriam dar ao nosso país", em referência ao movimento "Make America Great Again" de Donald Trump.
Trump foi onipresente durante a campanha, das primárias republicanas aos comícios na reta final em todo o país. Mais de cem candidatos republicanos que contestaram os resultados das eleições presidenciais de 2020 foram eleitos, de acordo com projeções da mídia americana, mas algumas “crias” de Trump falharam.
O ex-presidente dos EUA Donald Trump em comício para as eleições legislativas do país, em 7 de outubro de 2022. — Foto: Michael Conroy/ AP
Impulsionados pela alta inflação, os republicanos há muito acreditavam ter uma grande vantagem para reconquistar as duas câmaras durante esta eleição tradicionalmente difícil para o partido no poder.
Os republicanos, no entanto, parecem capazes de recuperar a maioria na Câmara dos Deputados. Eles devem usá-la para lançar inúmeras investigações parlamentares sobre o governo de Joe Biden ou daqueles próximos a ele.
Temas sensíveis
Phoebe Yang, de 6 anos, marcha ao lado de Xuemei Li em manifestação contra a violência direcionada a asiáticos nos EUA, em Detroit, no sábado (27) — Foto: Nicole Hester/Ann Arbor News via AP
No entanto, a vitória do partido de oposição promete ser muito menor do que o esperado. O canal NBC News projetou uma frágil maioria de cinco cadeiras para os republicanos na manhã de sábado, com 220 eleitos contra 215 dos democratas. Quase 20 sondagens ainda não deram seu veredito, principalmente na Califórnia.
Mas, sem o Senado, os republicanos não poderão aprovar leis alinhadas aos seus objetivos, particularmente sobre aborto ou clima, nem bloquear a nomeação de juízes, embaixadores e funcionários do governo.
Os resultados decepcionantes dos republicanos aumentam a agitação entre seus representantes eleitos no Congresso, incitando um possível acerto de contas. Em uma carta revelada pelo Politico, diversos senadores trumpistas pedem o adiamento da votação para eleger seu líder no Senado, agendada para a próxima semana, parecendo desafiar Mitch McConnell, que quer ser reconduzido ao posto.
"Estamos todos desapontados que uma ‘onda vermelha’ (cor do Partido Republicano) não tenha se concretizado, e há muitas razões para isso", eles escrevem, querendo provocar um debate sobre o assunto.
Fraude eleitoral
Grupo de negacionistas armados que reivindicavam vitória de Donald Trump em 2020, quando ex-presidente perdeu eleições para democrata Joe Biden — Foto: Ted S. Warren/ AP
O fim das ilusões republicanas para o Senado representa um revés para Donald Trump, que deve anunciar nesta terça-feira (15) que será candidato presidencial, sua terceira tentativa.
Na sexta-feira (11) os democratas já haviam conquistado a vitória no Arizona, onde o cessante Mark Kelly derrotou o republicano Blake Masters, que recebeu o forte apoio do ex-chefe de Estado, e que ainda não reconheceu a derrota.
Afetado por esse revés no Arizona, que se soma a outros fracassos de suas “crias”, o bilionário republicano mais uma vez alegou fraude eleitoral, recusando-se a admitir o veredito das pesquisas, como tem feito desde sua derrota nas eleições presidenciais de 2020.
O governador republicano da Flórida, Ron DeSantis, faz um discurso ao lado sua esposa Casey em Tampa, na Flórida, nos EUA, em 8 de novembro de 2022 — Foto: REUTERS/Marco Bello
Mesmo que sua influência no Partido Republicano permaneça inegável, Trump sai das eleições de meio de mandato enfraquecido e parece querer agir rapidamente para puxar o tapete de seus rivais. Entre eles está o governador da Flórida, Ron DeSantis, reeleito triunfalmente e nova estrela da extrema direita. Seu sucesso não fugiu à atenção do bilionário, que esta semana o apelidou de "Ron, o moralista".
E, coincidência do calendário ou não, terça-feira também será o dia do lançamento das memórias de outro possível concorrente de Donald Trump, seu ex-vice-presidente Mike Pence.
Fonte: G1