Gêmeos ligados pela pelve e com três pernas não podem ser separados
Gêmeos siameses de 3 anos com três pernas e ligados pela pelve passaram por uma cirurgia em 2022 para melhorar a mobilidade, na Indonésia
Eles compartilhavam o mesmo pênis, ânus e alguns órgãos (bexiga, intestinos e retos) e ficaram conhecidos como "gêmeos aranha" na imprensa internacional, devido ao formato dos seus corpos juntos.
As crianças não eram elegíveis para procedimentos de separação, indicou o estudo que detalha o caso, publicado no dia 12 de maio no periódico American Journal of Case Reports. Mas a cirurgia retirou a terceira perna —ambos sentiam que podiam movimentá-la.
Gêmeos que nascem ligados são chamados de isquiópagos e são bastante raros. Eles são do tipo tripo, por terem três pernas. A identificação de alguns casos assim é possível ainda no início da gravidez, por meio de ultrassom e mais exames de imagem.
Por que não separar?
Segundo os médicos, as crianças foram levadas ao hospital em 2022 com "queixas extremas" de mobilidade. O Comitê de Ética do Hospital Hasan Sadikin, em Bandung, junto à equipe médica e aos pais, decidiu que a melhor opção era um procedimento corretivo, para melhorar a qualidade de vida. Problemas congênitos impediam que eles passassem por longos procedimentos sob o efeito de anestesia
Nem sempre a indicação é separar gêmeos que nascem ligados. Cirurgias assim devem ser avaliadas individualmente, considerando a anatomia dos pacientes. "Cada caso de gêmeos siameses precisa ser tratado individualmente, e as intervenções devem ter como objetivo fornecer resultados ideais, considerando questões éticas e desejos dos pais/pacientes", afirmam os médicos no estudo de caso.
"A decisão foi não separar os gêmeos, mas sim tornar o tronco mais vertical, para que pudessem ficar de pé e até mesmo caminhar com auxílio."
Médicos do caso em estudo publicado no American Journal of Case Reports
Sucesso após cirurgia
A cirurgia, feita atrasada devido à pandemia de covid-19, foi realizada por três cirurgiões ortopédicos. Exames antes da alta dos gêmeos não indicaram complicações.
Médicos disseram que o último acompanhamento foi feito três meses após a operação e também não mostrou problemas. "Observou-se melhora da mobilidade, pois ambos os pacientes conseguiram flexionar a parte superior do tronco", afirma o estudo, salientando o sucesso do procedimento. "Os pais ficaram muito satisfeitos, principalmente na melhora da mobilização dos gêmeos."
A reconstrução de ossos na região pélvica foi o principal desafio. Também houve dúvida sobre qual deles ia manter a perna e pênis.
Os gêmeos seguiram o tratamento com fisioterapia e exercícios de reabilitação para impulsionar várias habilidades, como: força, resistência, marcha, desenvolvimento motor, alimentação e comunicação. Objetos que ajudam a andar, como cadeiras adaptadas, também poderão ser usadas para promover melhora da mobilidade.
O prognóstico deles após a cirurgia é incerto. "Infelizmente, esses gêmeos tendem a ter uma vida útil mais curta do que os gêmeos não siameses", afirmam os médicos. Isso acontece devido às complicações internas, explicam.
Fonte: Uol