Nesses casos, os fraudadores forjam um recibo do PIX em um aplicativo criminoso, utilizando de dados como conta bancária, destinatário e chave do sistema de pagamento que aparentam ser legítimos.
"Entretanto, quando o recebedor do recurso vai checar sua conta, descobre que o dinheiro nunca foi transferido e que foi vítima de um golpe", afirmou a federação.
Aqui, o criminoso envia uma mensagem pelo aplicativo de mensagens fingindo ser uma empresa em que a vítima tem cadastro. Nesses casos, os fraudadores solicitam o código de segurança, que já foi enviado por SMS pelo aplicativo, afirmando se tratar de uma atualização, manutenção ou confirmação de cadastro.
Uma vez com essa informação, os criminosos conseguem replicar a conta de WhatsApp da vítima em outro celular e passam a enviar mensagens para os contatos da pessoa, fazendo-se passar por ela e pedindo dinheiro emprestado via PIX.
Golpistas criam sites falsos de leilão, anunciando uma série de produtos por preços bem abaixo do mercado. Depois, pedem transferências e depósitos para assegurar a compra.
"Geralmente, apelam para a urgência em fechar o negócio, dizendo que você pode perder os descontos, mas nunca entregam as mercadorias", disse a Febraban.
Nesse golpe, também conhecido como "Golpe da Mão Fantasma", o fraudador pode entrar em contato com a vítima se passando por um falso funcionário de banco. Ele normalmente usa uma série de abordagens para enganar o cliente, dizendo que vai enviar um link para a instalação de um aplicativo que vai solucionar o suposto problema.
"[Os criminosos] ainda podem mandar um SMS, e-mails falsos ou links em aplicativos de mensagens que induzem o usuário a clicar em links suspeitos, que instalam um malware (um software maligno) que dará acesso a todos os dados que estão no celular", informou a federação.
De acordo com a pesquisa da ACI, as principais formas de golpe que acontecem no Brasil são:
- Pedidos para fazer transferência como adiantamento do pagamento por um produto ou serviço (27%);
- Pedidos para comprar um produto (20%);
- Pedidos para investir em um produto ou empresa (17%);
- Pedidos para pagar uma fatura ou saldo devedor (10%);
- Pedidos de transferências por alguém que fingiu estar em um relacionamento romântico com a vítima (7%);
- Pedidos de pagamentos alegando ser uma pessoa ou organização confiável, como a polícia ou o serviço postal (7%); e
- Outros (13%).
De acordo com a pesquisa, mais de 60% das fraudes no Brasil em 2023 envolveram perdas de baixas e médias quantias — faixas de valor que são o principal alvo dos golpistas, que procuram ocultar sua atividade em meio ao volume e velocidade de transações que acontecem.
O que o sistema financeiro tem feito para prevenir fraudes?
Segundo a Febraban, os bancos têm investido de "maneira massiva" em campanhas de conscientização e esclarecimento com a população por meio de ações de marketing em TVs, rádios e redes sociais, para que o cliente possa se proteger e evitar golpes via engenharia social.
"Pare, pense e desconfie. O cliente sempre deve suspeitar quando recebe uma mensagem de algum contato dizendo estar em alguma situação de emergência", alertou o membro do Comitê de Prevenção a Fraudes da Febraban Adriano Volpini.
"Também alertamos que os dados pessoais do cliente jamais são solicitados ativamente pelas instituições financeiras, tampouco funcionários de bancos ligam para clientes para fazer testes com o PIX, testes de transações, pagamentos ou estornos de lançamentos", acrescentou.
Para Martins, da ACI, no entanto, são necessárias novas iniciativas por parte das instituições financeiras e que não dependam tanto da ação do Banco Central.
"Quanto mais dinâmico o PIX fica e quanto mais produtos você conseguir usar, maior acaba sendo o espaço também para o criminoso. Você cria oportunidades para os clientes, mas também para os fraudadores", disse.
Em junho, a Febraban e o Banco Central do Brasil (BC) iniciaram os debates para trazer melhorias no Mecanismo Especial de Devolução (MED), um recurso do PIX criado para facilitar as devoluções em casos de fraude. Veja aqui como usar o MED.
A ideia é que as melhorias aumentem as possibilidades de reaver recursos em transações feitas pela ferramenta de pagamento instantâneo. O projeto foi proposto pela federação e seu desenvolvimento deve acontecer ao longo do segundo semestre deste ano.
A implementação do sistema, batizado de MED 2.0, deve acontecer apenas no final de 2025.
"A tendência é que o PIX se torne o meio de pagamento mais seguro que já existiu, porque toda a tecnologia dele foi construída em um padrão de comunicação que permite a troca de informações e de sinais de risco durante a transação. Mas é preciso trabalhar com novas tecnologias", acrescentou Martins, da ACI.
Mesmo em meio à maior quantidade de informação sobre prevenções à fraude, os executivos destacam, ainda, algumas dicas de como o consumidor pode se proteger. São elas:
- Nunca realize ligações para números de telefone (0800) recebidos em SMS ou outras mensagens. Ligue sempre para o número da central de atendimento do seu banco ou para o seu gerente para confirmar transações.
- Os bancos ligam para os clientes para confirmar transações suspeitas, mas nunca pedem informações como senhas, tokens e outros dados pessoais nessas ligações. Os bancos também nunca ligam e pedem para que clientes façam transferências, PIX ou qualquer tipo de pagamento.
- Se for algo fácil ou bom demais, desconfie. Cuidado com o senso de urgência que os criminosos querem passar.
- Em uma transação comercial com o uso do Pix, o recebedor sempre deve checar se o dinheiro realmente caiu em sua conta bancária para posteriormente entregar o produto da venda.
- Habilite a opção “Verificação em duas etapas” no WhatsApp. Configure esse tipo de verificação também em outros aplicativos bancários e que contenham informações importantes.
- Cuidado com a exposição de dados nas redes sociais, como por exemplo em sorteios e promoções que pedem número de telefone do usuário e outras informações pessoais.
- Ao receber uma mensagem de algum contato com número novo, certifique-se de que a pessoa realmente mudou o número de telefone. Não faça PIX ou qualquer tipo de transferência até falar com a pessoa que está solicitando dinheiro.
- Sempre pesquisa sobre a empresa de leilões em sites de reclamação e confira o CNPJ do leiloeiro. Nunca faça transações em sites que não tenham o cadeado de segurança no navegador nem transferências para contas de pessoas físicas.
- O banco nunca contacta cliente via ligações ou mensagens e pede para que ele instale algum aplicativo. Se isso acontecer, desconfie.
Fonte: G1