Homem que agrediu procuradora-geral é solto

Delegado do 1º DP alegou 'não haver situação de flagrante'; afastado do cargo, agressor disse à polícia que sofria assédio moral no trabalho

Homem que agrediu procuradora-geral é solto
Procuradora-geral Gabriela Samadello Monteiro Barros, foi agredida pelo colega nessa segunda-feira (20/6), dentro da prefeitura onde trabalham

O homem que agrediu a procuradora-geral do município de Registro, São Paulo, Gabriela Samadello Monteiro Barros, nessa segunda-feira (20/6), foi solto, após ser ouvido pela Polícia Civil. 

Demétrius Oliveira Macedo, também procurador-geral, em depoimento, alegou que sofria assédio moral no trabalho e foi liberado, pois, conforme o delegado, “não havia situação de flagrante”. Vídeo que registrou a violência viralizou nas redes sociais. 
Fernando Carvalho Gregório, delegado do 1º Distrito Policial da cidade, explicou, durante uma entrevista à TV Tribuna, afiliada à Rede Globo, nesta quarta-feira (22/6), que o procurador-geral admitiu a agressão e falou sobre a relação com os colegas no ambiente de trabalho. “Ele admitiu que agrediu a vítima e alegou que assim o fez por sofrer assédio moral”, disse. 
Além disso, o delegado informou que a decisão de liberar o agressor, após o depoimento, foi devido à situação não haver flagrante. “Eu entendi que não havia uma situação de flagrante, e sim um fato criminoso. É claro que precisa ser apurado. Por isso, fizemos o registro de ocorrência e tomamos todas as diligências cabíveis na ocasião”, afirmou
 
Segundo Gregório, o caso está sendo analisado pelo Poder Judiciário (PJ) e o Ministério Público (MP). “Ao final de todos os trabalhos, chagaremos a uma conclusão das investigações num processo, e uma eventual condenação”, completou. 

Entenda o caso

Demétrius agrediu Gabriela com socos e chutes, dentro da prefeitura, após ela abrir um processo administrativo contra ele, por conta do seu comportamento agressivo no ambiente de trabalho. 

Outra funcionária, que tentava fazer com que o agressor interrompesse as investidas, foi empurrada de forma violenta contra a porta da sala. 
 
Em depoimento à polícia, Gabriela disse que o agressor já havia sido grosseiro com outra funcionária e enviou um memorando à Secretaria Administrativa com uma proposta de procedimento administrativo. Nessa segunda-feira, mesmo dia em que ocorreu as agressões, foi publicado no Diário Oficial, a criação de uma comissão para apurar os fatos. 

Leia a nota da Prefeitura de Registro (SP):

"A Prefeitura de Registro manifesta o mais absoluto e profundo repudio aos brutais atos de violência realizados pelo Procurador Municipal contra a servidora municipal mulher que exerce a função de Procuradora Geral do Município, fatos ocorridos na última segunda-feira (20/6).
 
Que a vítima e sua família recebam toda nossa solidariedade, apoio e cada palavra de conforto e acolhimento.
 
A administração municipal está tomando as providências necessárias e já determinou de imediato que o agressor seja suspenso, nos termos do art. 179, c/c inc. III do art. 180, ambos da Lei Complementar nº 034/2008 – Estatuto dos Servidores Públicos do Município de Registro, com prejuízo de seus vencimentos, a partir de 21 de junho.
 
Reafirmamos nosso compromisso com a prevenção e enfrentamento a todas as formas de violência, principalmente aquelas que vitimizam mulheres.
Os servidores da Procuradoria Geral Municipal e da Secretaria de Negócios Jurídicos receberão todo apoio necessário, inclusive acompanhamento psicológico.
 
Por fim, aos demais servidores desta municipalidade recebam nosso amparo e saibam que a prática de violência é veementemente repudiada e será severamente punida pela Administração Municipal."

O que é relacionamento abusivo?

Os relacionamentos abusivos contra as mulheres ocorrem quando há discrepância no poder de um em relação ao outro. Eles não surgem do nada e, mesmo que as violências não se apresentem de forma clara, os abusos estão ali, presentes desde o início. É preciso esclarecer que a relação abusiva não começa com violências explícitas, como ameaças e agressões físicas.
A violência doméstica é um problema social e de saúde pública e, que quando se fala de comportamento, a raiz do problema está na socialização. Entenda o que é relacionamento abusivo e como sair dele.

Como denunciar violência contra mulheres?

  • Ligue 180 para ajudar vítimas de abusos.
  • Em casos de emergência, ligue 190.

O que é violência física?

  • Espancar
  • Atirar objetos, sacudir e apertar os braços
  • Estrangular ou sufocar
  • Provocar lesões

O que é violência psicológica?

  • Ameaçar
  • Constranger
  • Humilhar
  • Manipular
  • Proibir de estudar, viajar ou falar com amigos e parentes
  • Vigilância constante
  • Chantagear
  • Ridicularizar
  • Distorcer e omitir fatos para deixar a mulher em dúvida sobre sanidade (Gaslighting)

O que é violência sexual?

  • Estupro
  • Obrigar a mulher a fazer atos sexuais que causam desconforto 
  • Impedir o uso de métodos contraceptivos ou forçar a mulher a abortar
  • Limitar ou anular o exercício dos direitos sexuais e reprodutivos da mulher

O que é violência patrimonial?

  • Controlar o dinheiro
  • Deixar de pagar pensão
  • Destruir documentos pessoais
  • Privar de bens, valores ou recursos econômicos
  • Causar danos propositais a objetos da mulher

O que é violência moral?

  • Acusar de traição
  • Emitir juízos morais sobre conduta
  • Fazer críticas mentirosas
  • Expor a vida íntima
  • Rebaixar por meio de xingamentos que incidem sobre a sua índole

Por: Estado de Minas