IPCA deve ter alta de até 0,72% em junho, aponta economista da FGV
Inflação oficial do mês será divulgada nesta sexta-feira (8) pelo IBGE; grupo da alimentação deve ser impactado principalmente pelo aumento no leite
Uma projeção feita pelo economista André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a pedido da CNN, mostra que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) deve ter uma alta de 0,65% a 0,72% em junho, em comparação com o mês de maio deste ano.
O indicador oficial será divulgado nesta sexta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“O vestuário deve estar com uma taxa elevada por conta da entrada da coleção outono/inverno, que normalmente faz os preços desse segmento subir, já que se trata do lançamento de uma nova coleção. Além disso, a alta do preço do algodão e do petróleo, que pode gerar fios de poliéster, também implica no valor desta categoria, já que é uma demanda aquecida no mundo”, diz Braz.
Além do vestuário, o professor da FGV afirma que a alimentação também será um dos principais fatores de alta no indicador de junho. O preço do leite, que passa pela entressafra e enfrenta uma subida nos custos de produção, e do trigo, por conta da guerra no Leste Europeu, devem mostrar seus impactos.
“Dentro da alimentação, que é um dos grupos com uma das maiores variações, é possível vermos um grande impacto em laticínios, já que o leite está subindo muito de preço. Além disso, o trigo também deve sofrer algum efeito por conta do conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Outro produto que será afetado é o feijão carioca, pois outros grãos estavam com preços mais atraentes e o produtor reduziu o plantio de feijão. Ou seja, a redução na oferta de feijão justifica o aumento do preço”, explica o economista.
De acordo com André Braz, a maior variação do IPCA deve vir do grupo Vestuário, com uma alta de 1,38%. A análise do economista aponta que esse aumento é provocado pela chegada do inverno.
Como no mês de maio, o economista avalia que as passagens aéreas devem ter um destaque, dentro do grupo de Transportes, assim como os bens duráveis, como os eletrodomésticos, automóveis e aparelhos eletrônicos.
Segundo Braz, o IPCA de junho ainda não deve mostrar os efeitos da redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) dos combustíveis e outras áreas. O especialista aponta que o principal impacto deve ocorrer em julho.
Ainda de acordo com ele, o mês de julho pode ter deflação. Com a queda que a gasolina tem apresentado nos últimos dias, para o professor da FGV, a redução do ICMS e a queda do preço da energia elétrica podem dar espaço para que o IPCA recue.