Kamala X Trump: Qual o impacto da eleição americana nas relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos? | Eleições dos EUA 2024
Proteção à democracia, defesa do meio ambiente, relação com a China e posicionamento sobre as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio são alguns dos temas que podem impactar a relação Brasil-Estados Unidos a depender do resultado das eleições americanas.
No próximo dia 5 de novembro, vão se enfrentar nas urnas, de um lado, o ex-presidente Donald Trump, figura do partido republicano que representa a extrema direita, e, de outro, a vice-presidente Kamala Harris, democrata com perfil mais progressista que pode ser a primeira mulher, com origem negra e asiática, a liderar a nação mais poderosa do mundo.
Para analisar as perspectivas para as relações diplomáticas entre os dois países, que, neste ano, completaram 200 anos, o g1 conversou com Tanguy Baghdadi, professor de relações internacionais e fundador do podcast Petit Journal, e com Hussein Kalout, cientista político e ex-secretário de Ações Estratégicas do governo de Michel Temer.
O professor de relações internacionais Tanguy Baghdadi observa que tanto a agenda de Lula quanto a de Kamala (e antes a de Biden) na luta contra a direita são muito parecidas.
Durante um encontro em fevereiro de 2023, Lula e Biden reafirmaram os laços políticos, econômicos e culturais, marcados pelo entendimento de proteção à democracia, dos direitos humanos e da preservação do meio ambiente.
Apesar disso, o professor diz que não é possível considerar que haja hoje uma grande proximidade entre Brasil e Estados Unidos.
Para ele, está mais clara "uma relação de cordialidade", que deve ser mantida em uma eventual vitória de Kamala: "Em nenhum cenário eu consigo imaginar uma grande guinada nessa relação".
???? Posicionamento internacional
Husseim Kalout ressalta que Brasil e Estados Unidos são considerados países parceiros, mas não aliados.
Isso porque, embora os EUA sejam o segundo maior parceiro comercial do Brasil, no entendimento americano, são aliadas as nações que se apoiam militarmente — o que não é o caso, explica o cientista político.
Os dois países têm perfis muito diferentes no que diz respeito à política externa, comenta Tanguy. Com isso, posicionamentos quanto à guerra na Ucrânia e em Israel e outros países do Oriente Médio podem ser bastante distintos. A postura do Brasil, segundo o professor, é de maior proximidade com países parecidos com o contexto brasileiro.