O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) admitiu nesta terça-feira (18) que a decisão de explorar as reservas de petróleo na chamada Margem Equatorial, próximo à Foz do Amazonas, é uma contradição em relação ao discurso ambiental do seu governo.
"É contraditório? É, porque nós estamos apostando muito na transição energética. Ora, enquanto a transição energética não resolve o nosso problema, o Brasil tem que ganhar dinheiro com esse petróleo."
— Lula, presidente
A declaração foi dada em entrevista à Rádio CBN ao ser questionado sobre o desalinhamento entre lamentar o desastre climático do Rio Grande do Sul e investir em combustíveis fósseis, como a exploração de petróleo na margem equatorial, que especialistas apontam como fator importante nas mudanças climáticas. O presidente negou a contradição entre os dois casos.
No entanto, admitiu contradições entre o discurso ambiental e a decisão de investir em exploração de petróleo, um combustível fóssil, ao mesmo tempo que fala em investir em transição energética, que se baseia, justamente, em abandonar esse tipo de fonte.
O discurso parece ter mudado de rota quando em abril a Petrobras descobriu uma acumulação de petróleo em águas ultraprofundas da Bacia Potiguar, no poço exploratório Anhangá, na margem equatorial brasileira.
A margem equatorial se estende por mais de 2.200 km ao longo da costa entre o Rio Grande do Norte e o Oiapoque, no Amapá. A região é considerada a mais nova fronteira exploratória brasileira em águas profundas e ultraprofundas, e já foi chamada de "novo pré-sal".
Mapa com os Estados das Bacias da Margem Equatorial — Foto: Divulgação
A possibilidade de explorar petróleo nessa região é criticada por ambientalistas que apontam riscos de tragédias ambientais, afetando o território amazônico — uma outra região apontada como prioritária pelo governo na questão ambiental.
Na decisão, o órgão apontou que o plano da Petrobras para a área não apresenta garantias para atendimentos à fauna em possíveis acidentes com o derramamento de óleo. Além de ter lacunas quanto a previsão de impactos da atividade em três terras indígenas em Oiapoque.
Durante entrevista à rádio CBN, o presidente sinalizou que apesar da decisão do Ibama, o caso não está resolvido, ao dizer que não dá para abrir mão de uma fonte de riqueza.
"O problema é que o Ibama tem uma posição, o governo pode ter outra posição. Em algum momento eu vou chamar o Ibama, a Petrobras e o Meio Ambiente na minha sala para tomar uma decisão. Esse país tem governo e esse governo reúne e decide. Se as pessoas podem ter posições técnicas, vamos debater tecnicamente. O que não dá é para a gente dizer a priore que vai abrir mão de explorar uma riqueza que se for verdade as previsões é uma riqueza muito grande para o Brasil."
— Lula, presidente.
Fonte: G1