Mãe de engenheiro morto durante férias no Brasil faz alerta sobre aplicativos de relacionamento: 'Não acreditem nisso'
Polícia Civil suspeita que Paulo Roberto Carvalho Pena Braga Filho, que vivia nos EUA, foi atraído para emboscada e acabou vítima de latrocínio em Ribeirão Preto, SP.
A mãe do engenheiro Paulo Roberto Carvalho Pena Braga Filho, que morava nos EUA e foi encontrado morto em um apartamento em Ribeirão Preto (SP) enquanto passava o fim de ano na cidade, fez um alerta a usuários de aplicativos de relacionamento.
A principal suspeita da Polícia Civil é que Paulo Roberto, de 34 anos, tenha sido vítima de latrocínio, roubo seguido de morte, após ser atraído para um encontro.
“Essas pessoas não gostam de ninguém. Eu falei isso no enterro dele para todos os amigos dele que estavam lá, que não acreditem nisso, que não vão atrás disso. Isso é uma quadrilha que a gente entendeu, a polícia falou pra gente. Eles têm um lugar para isso [encontros] e levam as pessoas para lá para saquearem elas. Isso não é golpe do amor. Isso é golpe de maldade, para matar, para tirar tudo de bom que você tem. Não só o seu dinheiro, mas a sua vida”, diz Vera Lúcia Braga.
Ainda muito abalada, Vera disse que receber a informação de que o corpo do filho havia sido encontrado foi uma das coisas mais difíceis da vida dela.
“Foi a coisa mais dura de ouvir na minha vida. Nunca imaginei que ia ouvir isso: ‘encontraram o corpo do seu filho’. Aí para piorar, eu não poder ver o meu filho. Ele ficou tanto tempo desaparecido que não teve como fazer um velório normal. Eu estou tomando remédio e a gente está conversando com outras pessoas que passaram por isso”, desabafa a mãe.
O corpo de Paulo Roberto apresentava marcas de violência e o laudo do Instituto Médico Legal (IML) deve apontar a causa da morte.
A mãe da vítima espera que os responsáveis sejam presos e que paguem pela violência cometida contra o filho.
“Eu, sinceramente, gostaria que eles fossem presos, mas eu não sei se eles vão ficar muito tempo presos, a gente não sabe como é a lei. Mas, de toda sorte, eu acredito, a minha religião me dá esse conforto, que ninguém é feliz fazendo o que essas pessoas fazem. Eles vão pagar uma hora ou outra. Eles vão sofrer a mesma coisa que eles estão me fazendo sofrer.”
Vulnerabilidade
Para a Polícia Civil, o principal suspeito do crime é a pessoa com quem Paulo Roberto saiu na noite do desaparecimento.
“O criminoso tem condições de permanecer no anonimato, ele pode se passar por outra pessoa. Além disso, o local que em regra esses encontros são marcados é de conhecimento do criminoso, mas é desconhecido pela vítima. Então a vítima por si só em um encontro pela internet, em um aplicativo de relacionamento, ela já está exposta a duas circunstâncias gravíssimas, que podem, sim, colocá-la em risco”, diz o especialista em segurança Marco Aurélio Gritti.
Desaparecimento
Paulo Roberto tinha chegado de San Diego, Califórnia, nos EUA, no dia 19 de dezembro para passar as festas de fim de ano com os pais em Ribeirão Preto. Segundo a mãe, muito animado, saiu às noites para rever amigos, retornando para casa de madrugada.
Na quinta-feira (28), ele avisou a mãe que sairia mais uma vez para encontrar amigos, mas não voltou. Vera procurou a Polícia Civil na sexta-feira (29) depois que a filha, que também mora nos EUA, recebeu uma mensagem de um desconhecido afirmando que havia encontrado o celular do irmão.
A pessoa, que se identificou como Carlos, conseguiu o número da jovem porque o telefone dela estava cadastrado como contato de emergência no celular de Paulo Roberto.
Vera marcou um encontro com Carlos em um shopping na zona Sul da cidade para pegar o telefone, mas a pessoa não apareceu e ainda começou a exigir a senha do aparelho com a justificativa de que precisava ter certeza de que ela era mesmo a mãe de Paulo Roberto.
Um boletim de ocorrência por desaparecimento foi registrado e a família mobilizou as redes sociais para tentar informações sobre o paradeiro do rapaz.
Corpo em sobrado na zona Norte
No sábado (30), um motorista de aplicativo procurou a polícia dizendo que havia levado Paulo Roberto a um endereço na Vila Amélia, zona Norte de Ribeirão Preto.
A Polícia Civil chegou a um sobrado na Rua Eduardo Prado, e moradores de um dos apartamentos mostraram um quadro de chaves perto da escada. Ao abrirem um dos imóveis, os policiais encontraram o engenheiro sem vida. O celular dele não foi achado.
Segundo relato de testemunhas à polícia, parte dos apartamentos é alugada a garotos e garotas de programa, e que a rotatividade é alta no local. Os donos do imóvel moram no Rio de Janeiro (RJ) e o aluguel é feito diretamente com eles, com pagamento antecipado.
“Para o meu irmão, era um encontro. Ele enviou uma mensagem para um amigo. Eu acho que tentaram roubar as coisas dele e alguma coisa deu errado. Ou às vezes essa era a intenção [matar] deles desde o início”, diz a irmã da vítima, Ana Paula Braga, que chegou a Ribeirão Preto nesta segunda-feira (1) para acompanhar a investigação.
Fonte: G1/Globo