Maior rede de cafeteiras chinesa comprará US$ 500 milhões de café brasileiro
Empresa é a principal importadora do grão no país. China tem um dos maiores mercados consumidores de café do mundo — e segue crescendo
Um acordo bilateral para a compra de café brasileiro foi fechado durante a viagem à China do vice-presidente Geraldo Alckmin. O acordo assinado na terça-feira, 4, entre a Agência Brasileira de Promoção a Exportação (ApexBrasil) e Luckin Coffee, maior rede de cafeterias do país asiático, durante o Seminário Econômico Brasil-China tem valor de meio bilhão de dólares.
As 120 mil toneladas de grãos brasileiros irão abastecer a maior rede de cafeterias chinesa que hoje é a principal importadora de café brasileiro no país. A Luckin Coffee tem mais de 16 mil lojas espalhadas pelo país, que passou a tomar gosto pela bebida. A China é a terra do chá, mas a nova geração tem abraçado o consumo de café.
“Em 2022, a China importou 80 milhões de dólares em café brasileiro, valor que cresceu para 280 milhões em 2023. Com este novo contrato, esperamos um aumento ainda maior no consumo de café na China”, explicou o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana.
Somente em Xangai há 9.553 cafeterias, a maior concentração em uma cidade de todo o planeta.
Um estudo do Hongqiao International Coffee Hub, Universidade Jiao Tong de Xangai, plataforma de serviços online Meituan e plataforma de entrega de alimentos Eleme mostrou que a indústria de café chinesa cresceu 17% anualmente de 2020 a 2023.
Hoje, o mercado de café local tem valor estimado em 36 bilhões de dólares, segundo o China Daily, veículo chinês.
"Esse memorando de intenções demonstra a importância do café brasileiro para o crescimento do consumo do café na China. No ano passado a China já consumiu um número recorde de café e importou do Brasil também um número recorde, mas isso é apenas o começo de uma história que foi semeada 50 anos atrás quando no estabelecimento das relações diplomáticas entre Brasil e China os dois países brindaram com café", diz Vinicius Estrela, diretor executivo da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BCSA).
Segundo ele, o acordo abre mais portas para o Brasil ser crucial no fornecimento de café em meio ao avanço exponencial do consumo no país. "E o melhor, trazendo junto consigo cafés especiais e também a origem Brasil em blendings únicos e 100% da origem brasileira, além evidentemente dos cafés de origem única e cafés especiais. Sem sombra de dúvida, esse acordo inaugura uma nova fase na promoção do café brasileiro e a inserção do café especial no mercado chinês", afirma Estrela.
Indústria nacional
O acordo firmado hoje por autoridades brasileiras e a Luckin Coffee também está ligado aos programas ExportaMaisBrasil, ExportaMaisAmazônia e ExportaMaisNordeste. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, lembrou que a produção brasileira de café segue em transformação, dizendo que há um foco cada vez maior na sustentabilidade.
Alckmin lembrou o valor social da bebida, considerada a mais consumida no mundo depois da água. “O café é uma alternativa para o pequeno produtor, pois não é preciso ter milhares de hectares para produzir café, que é uma boa alternativa de renda para a agricultura familiar e o pequeno produtor de café orgânico. Este é um bom caminho, pois tem importância econômica e também social”, afirmou.
Comitiva de ministros
A comitiva liderada por Alckmin à China com outros ministros do governo e empresários marca os 20 anos da COSBAN (Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação), criada no primeiro governo do presidente Lula.
Além do acordo com a Luckin Coffee, foram assinados outros 12 memorandos de entendimento dos mais diversos.
Em um deles, a ApexBrasil e Shanghai Yangpu District People’s Government firmaram o propósito de criar uma Casa Brasil em Xangai, um espaço para incubação de empresas brasileiras e promoção do comércio bilateral. No distrito de Yangpu funciona o principal hub de inovação da cidade chinesa.
Relação comercial Brasil e China
Segundo o MDIC, embora completem 50 anos em 2024, as relações econômicas entre Brasil e China realmente decolaram nas últimas duas décadas.
"A corrente de comércio bilateral saltou de US$ 6,6 bilhões em 2003, primeiro ano do primeiro mandato do presidente Lula, para US$ 175 bilhões em 2023, primeiro ano do terceiro mandato de Lula", diz o ministério. "No ano passado, o superávit comercial do Brasil com a China, que desde 2009 é o principal destino das exportações brasileiras, foi de US$ 51,1 bilhões, mais que a metade do superávit de US$ 98 bilhões que o Brasil registrou em 2023."
Fonte: Exame