Médica, enfermeiro, mecânico: quem são as 5 vítimas da queda do avião em SP
Empresa de táxi aéreo tem sede em Salvador, cidade onde todas as vítimas moravam. Queda da aeronave aconteceu na quarta-feira (23), em Santa Branca, no interior paulista.
Todos os cinco mortos na queda de um avião de pequeno porte, que caiu no interior de São Paulo, na noite de quarta-feira (23), durante uma tempestade, moravam em Salvador, na Bahia. A empresa de táxi aéreo, Abaeté Aviações, tem sede na capital baiana.
A queda da aeronave aconteceu em Santa Branca, cidade na região do Vale do Paraíba, no interior de São Paulo. As vítimas eram funcionárias da empresa, que presta serviços de fretamento e aeromédico.
Segundo o sistema da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o avião estava em situação regular de aeronavegabilidade e operação permitida para táxi aéreo. A caixa preta da aeronave foi encontrada e vai ser fundamental para definir o que houve nos minutos finais do voo.
Por ser de um modelo de avião mais antigo, a caixa-preta encontrada gravava apenas voz, como a conversa entre piloto e copiloto, mas não armazenava dados do voo, como velocidade, altitude e pressão atmosférica, por exemplo.
De acordo com a Polícia Civil de São Paulo, o piloto chegou a pedir para mudar de rota, por causa do mau tempo na localidade.
O comandante, copiloto, mecânico, médica e enfermeiro voltavam de um serviço feito em Florianópolis, em Santa Catarina. O voo decolou às 16h51 e faria uma parada para abastecimento em Belo Horizonte, antes de seguir de volta para Salvador.
Por meio de nota, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) lamentou o acidente e se solidarizou com familiares e amigos das vítimas.
"Recebi, com muita tristeza, a notícia do acidente aéreo ocorrido no estado de São Paulo, que vitimou profissionais baianos. Expresso meus sentimentos e me solidarizo com os familiares e amigos que estão passando por este momento difícil".
Veja abaixo quem eram as vítimas:
- Jefferson Rodrigues Ferreira
Jefferson Rodrigues Ferreira foi uma das vítimas do acidente — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Segundo informações de familiares, o comandante Jefferson Rodrigues Ferreira, nasceu na cidade de Guanambi, no sudoeste da Bahia. Ele atuava como piloto há 13 anos e tinha mais de 5 mil horas de voo. Era casado e não tinha filhos.
- Sylvia Rausch Barreto
A médica Sylvia Rausch foi uma das vítimas do acidente — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Já a morte de Sylvia Rausch Barreto foi confirmada por amigos. A médica nasceu em Pedra Azul, cidade que fica no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais.
Sylvia estudou o ensino médio no Colégio Gregor Mendel, em Salvador, e se formou em medicina no Centro Universitário Unifas (Unime), em 2020. Ela tinha inscrição no Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb) e também era sócia de uma loja que fazia manutenção de celulares e computadores.
O g1 conversou com o biomédico Marcus Vinícius Barreto, amigo da médica. Eles estudaram juntos e Sylvia Rausch foi madrinha de casamento dele. Marcus, que mora em Brasília, contou que Sylvia sonhava em ser obstetra e eles estavam tentando marcar uma viagem para que a mineira pudesse conhecer os filhos dele, de 5 e 2 anos.
"A gente se considerava muito. Tem gente que diz que não existe amizade entre homem e mulher, mas a gente tinha essa amizade e ela era como uma irmã para mim", contou Marcus Vinícius.
'"É difícil entender os planos de Deus. Ontem estava animado assistindo o jogo do meu time e hoje acordei com a mensagem do falecimento dela no grupo de WhatsApp do pessoal da escola", lamentou o amigo da médica.
A morte de Sylvia Rausch foi lamentada pelo Cremeb, que em nota, disse pediu agilidade nas investigações que vão apontar as causas do acidente.
"Neste momento de tristeza, o Cremeb expressa aos familiares, amigos e colegas da Dra. Sylvia Rausch Barreto as mais sinceras condolências pela abrupta perda de uma jovem profissional", afirmou.
- Dulcival da Conceição Santos
Dulcival Conceição foi uma das vítimas do acidente — Foto: Reprodução/Redes Sociais
O copiloto Dulcival da Conceição Santos, de 39 anos, nasceu na cidade de Simão Dias, a 105 km de Aracaju, e morava no bairro da Boca da Mata, em Salvador. Ele iniciou os estudos para a aviação e começou a trabalhar na área após se mudar para a capital baiana.
Dulcival não era casado e não tinha filhos.
- Joseilton Borges
Uma das vítimas do acidente, Joseilton Borges, tinha 53 anos — Foto: Reprodução/Redes Sociais
O mecânico Joseilton Borges, de 53 anos, nasceu e viveu no bairro de Itapuã, em Salvador. Ele era casado e tinha duas filhas.
Joseilton trabalhava na Abaeté Aviações há cerca de três anos e tinha 17 de experiência como mecânico. A vítima era dirigente do Sindicato dos Aeroviários da Bahia.
Por meio de nota, a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil - Sessão Bahia (CTB Bahia) lamentou o falecimento do mecânico. "Seguimos na luta que ele ajudou a construir. Toda nossa solidariedade e força aos familiares e amigos", afirmou.
- Erisson Silva da Conceição Cerqueira
Erisson Silva tinha 34 anos, era enfermeiro, baiano e morava em Salvador. Ele era casado e não tinha filhos. A vítima trabalhava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Português.
Por meio de nota, a unidade de saúde lamentou a morte de Erisson e prestou condolências a familiares e amigos do enfermeiro.
"Com grande pesar, o Hospital Português (HP) comunica o falecimento de Erisson Silva da Conceição Cerqueira, enfermeiro III do setor uti 4, na última quarta-feira (23/10). Erisson será lembrado por sua dedicação, profissionalismo e pelo cuidado com os pacientes, deixando um legado de empatia, compromisso e excelência no cuidado à saúde. O Hospital Português e suas equipes se sensibilizam com sua perda precoce e manifestam condolências aos familiares, amigos e colegas".
Erisson Silva é uma das vítimas do acidente — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Acidente vitimou cinco tripulantes
O avião de pequeno porte que as vítimas estavam é da empresa de táxi aéreo Abaeté Aviação, que tem sede em Salvador.
"Na aeronave, estavam cinco pessoas, todos colaboradores da empresa: comandante, piloto, médica, enfermeiro e mecânico. Trata-se de um voo de traslado que retornava de Florianópolis (SC) em direção a Belo Horizonte (MG), decolando às 16h51", informou a empresa Abaeté Aviação, que disse ainda que está "acolhendo as famílias e oferecendo todo o suporte necessário nesse momento de dor".
O Corpo de Bombeiros informou à TV Vanguarda que o local foi isolado para identificação dos corpos, que estavam em meio aos destroços do avião.
"No começo da noite entrou no nosso centro de operações um chamado de queda de aeronave. Imediatamente as equipes de Paraibuna e São José dos Campos se deslocaram até o local para executar o salvamento", afirmou o comandante do Corpo de Bombeiros na região do Vale do Paraíba e Litoral Norte, Major Paulo Reis.
"Infelizmente não houve nenhuma pessoa com vida. Nós identificamos alguns corpos, isolamos o local. De noite era inviável fazer qualquer tipo de trabalho, então o local foi isolado", explicou.
Segundo o Corpo de Bombeiros, o local ficaria isolado até a chegada de agentes da Polícia Técnica Científica e do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), responsáveis pela retirada dos corpos.
Depois da retirada, os corpos foram encaminhados para o Instituto Médico Legal (IML) de São José dos Campos. Os familiares vão ceder o DNA para ajudar na identificação do corpos.
O que se sabe sobre a queda
Um avião de pequeno porte bateu em um morro e caiu em uma área de mata em Santa Branca, cidade na região do Vale do Paraíba, no interior de São Paulo, no final da tarde de quarta-feira (23), durante uma tempestade.
O avião foi localizado pelas equipes de resgate durante a noite.
De acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB), o avião sumiu dos radares de monitoramento às 18h39.
O avião é um Embraer-121 Xingu, com oito assentos, que partiu de Florianópolis (SC) e seguia para Belo Horizonte (MG).
A área onde o avião caiu fica perto do limite de Paraibuna e Santa Branca, municípios a cerca de 100 quilômetros da capital paulista.
Moradores da região relataram um ruído que identificaram como uma falha em um motor. Logo em seguida, um estrondo de explosão.
Segundo o Corpo de Bombeiros, chovia no momento do acidente. De acordo com a Defesa Civil do Estado, durante a tarde choveu pelo menos 40 milímetros em 6 horas na cidade.
O que diz a FAB
Por meio de nota, a FAB informou que investigadores do Quarto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA IV) foram acionados para realizar a Ação Inicial da ocorrência envolvendo a aeronave de matrícula PT-MBU, entre os municípios de Paraibuna e Santa Branca. A investigação ainda está em fase inicial, para descobrir as causas do acidente.
Fonte: G1