Meta libera ferramenta para ajustar quantidade de conteúdo de política nas redes; quem não alterar, receberá mais

Empresa também publicou, em português, detalhes de como vai voltar a recomendar postagens sobre o tema

Jan 22, 2025 - 08:23

Meta libera ferramenta para ajustar quantidade de conteúdo de política nas redes; quem não alterar, receberá mais

Algoritmo do Instagram vai recomendar postagens sobre políticas de contas que usuários não segue — Foto: Brett Jordan/Unsplash

A Meta, gigante das redes sociais, começou a liberar para usuários brasileiros a nova possibilidade de ajustar o quanto desejam ver de conteúdo sobre política nas plataformas. A configuração está disponível no Instagram e no Threads, conforme testes feitos pelo GLOBO.

A empresa de Mark Zuckerbergtambém publicou em seu site, em português, mais detalhes de como vai personalizar sugestões sobre o assunto com inteligência artificial (IA). As informações atualizadas estão no Centro de Transparência dabig tech, onde são divulgadas informações sobre práticas, políticas, diretrizes e governança das redes.

Com a volta da recomendação algorítmica de política como padrão, os usuários que não alterarem as configurações vão receber mais sugestões do assunto de contas que não seguem. Nos ajustes, será possível escolher por não receber indicações do tema, por receber mais do assunto ou por permanecer no modo "padrão", em que as recomendações do algoritmo ficarão mais presentes.

A Meta não informa qual a definição exata daquilo que considera ser uma postagem política. Mas afirma que conteúdos são classificados assim quando mencionam “governos, eleições e temas sociais que afetam muitas pessoas”. A configuração sobre esses tópicos pode ser alterada diretamente nos aplicativos (veja abaixo como fazer).

O retorno da recomendação algorítmica de temas políticos em todas as redes foi um dos anúncios feitos por Mark Zuckerberg, presidente da Meta, há duas semanas. Na ocasião, ele disse que esses assuntos deixaram de ser recomendados porque as pessoas diziam que a política “gerava estresse”:

— Mas agora parece que estamos em uma nova era, e começamos a receber feedback de que as pessoas querem ver esse conteúdo novamente — afirmou, na mesma ocasião em que anunciou que iria acabar com os checadores independentes nos EUA e flexibilizar regras sobre discurso de ódio.

A empresa começou a reduzir o alcance de postagens políticas nas redes em 2021, primeiro ano do governo de Joe Biden. A medida foi adotada globalmente no ano seguinte. No ano passado, a Meta deu os primeiros sinais de que iria flexibilizar as medidas adotadas anteriormente. No Facebook e Instagram, foi lançada uma opção de ver mais ou menos do tema.

Agora, a recomendação sobre postagens de política será padrão e valerá para todas as plataformas (Facebook, Instagram e Threads). A empresa indica que mais conteúdo sobre o tema será exibido em quem não alterar os ajustes. Criadores de conteúdo que falem sobre política também não terão alcance reduzido, como antes.

Tema como 'qualquer outro'

Ao tratar da alteração, o presidente do Instagram e chefe do Threads, Adam Mosseri, disse que publicações sociais ou políticas passariam a ter "tanto espaço" quanto quaisquer outras. Para influenciadores, ele ressaltou que postagens sobre política deixariam de ser penalizadas pelo algoritmo:

— Se você é um criador que gosta de postar sobre conteúdo político, isso significa que você deve se sentir confortável para fazê-lo em qualquer uma de nossas plataformas. Você não precisa se preocupar em sua conta se tornar não recomendável caso poste predominantemente sobre política.

nível de interação e interesse com o assunto vai determinar o quanto a política ficará mais evidente para cada usuário, que terá sugestões do assunto no Reels, na aba Explorar e nas “Páginas que talvez você curta".

O Threads, lançado em 2023, deve ser a rede em que a alteração ficará mais perceptível, já que a plataforma desde o início foi criada para não ser livre de discussões políticas. O objetivo, na época, era fazer da plataforma uma espécie de antítese do X, adquirido por Elon Musk meses antes.

Como serão feitas as sugestões

Desde o anúncio de Zuckerberg, a Meta vem aos poucos atualizando em seu site as novas diretrizes que vêm adotando. Os detalhes sobre política, antes, estavam disponíveis em inglês e outros idiomas, como espanhol e italiano, mas não em português.

A empresa afirma que, ao classificar conteúdo político, os sistemas de inteligência artificial vão usar indicadores personalizados, como respostas de pesquisa (quando a plataforma pergunta diretamente ao usuário como avalia determinado conteúdo) e retornos negativos sobre determinadas postagens.

Os algoritmos vão também avaliar dois tipos de indicadores para as recomendações políticas. Os sinais explícitos, como curtidas, compartilhamentos e outras interações diretas com os conteúdos, serão avaliados conjuntamente com os sinais implícitos, que inclui o tempo de visualização de postagens e também os engajamentos passivos, como abertura de links ou expansão de publicações.

A companhia também indica que deixou de classificar conteúdo político apenas com sinais de engajamento porque “descobriu” que esse sinais não eram “bons indicadores”.

Como alterar as configurações

Na nova publicação sobre o assunto, a Meta orienta os usuários a ajustarem o nível de exposição que querem ter a política. Nas postagens, é possível fazer isso selecionando "Mostrar mais" ou "Mostrar menos", no caso do Facebook.

No Instagram e no Threads, usuários podem alterar as configurações diretamente pelos apps. Três opções estão disponíveis: ver menos (o que significa que a Meta não vai sugerir o que identificar como conteúdos políticos); padrão (postagens sobre o tema serão exibidas); e ver mais (o que fará com que a rede sugira o tema como qualquer outro).

O GLOBO procurou a Meta para saber se o mesmo ajuste estará disponível no Facebook, mas não obteve retorno.

Veja o passo a passo de como alterar as configurações: