Morre o ex-piloto Gil de Ferran, vencedor das 500 Milhas de Indianápolis
Brasileiro, que sofreu uma parada cardíaca enquanto dirigia na Flórida, nos EUA, tinha 56 anos, conquistou a Fórmula 3 Inglesa e foi bicampeão da CART (atual IndyCar Series)
O piloto brasileiro Gil de Ferran morreu na tarde desta sexta-feira, aos 56 anos, ao sofrer uma parada cardíaca enquanto dirigia na Flórida, nos EUA. Vencedor das 500 Milhas de Indianápolis em 2003, ele também conquistou a Fórmula 3 Inglesa e foi bicampeão da CART (atual IndyCar Series).
Gil de Ferran estava testando um carro no circuito privado The Concours Club, em Opa-Locka, na Flórida, nos EUA, quando se sentiu mal e parou na entrada dos boxes. Foi levado para o hospital, mas não resistiu. Gil deixa a esposa, Angela, e os filhos Anna e Luke.
Vida e carreira
Gil de Ferran nasceu em Paris, França, mas se considerava brasileiro. Filho de Luc de Ferran, engenheiro da Ford que criou o Ecosport, Gil foi morar no Brasil aos quatro anos e levou o nome do país para o alto do pódio.
Como tantos outros pilotos, Gil iniciou a carreira no kart, onde conquistou títulos, como o Brasileiro de 87. Até tentou seguir os passos do pai na engenharia, mas abandonou o curso no terceiro ano para tentar a sorte no automobilismo na Europa. Atuou na Fórmula 3000 entre 1993 e 1994.
Chegou a fazer testes na Fórmula 1 na Arrows, mas, em um intervalo entre as baterias, bateu a cabeça em um caminhão. Os ferimentos fizeram com que Gil perdesse sua chance na F1. Em 1995, foi tentar a vida nos EUA e fez sua estreia na Indy.
Em sua primeira temporada, foi eleito o novato do ano e terminou o campeonato na 14ª posição. O primeiro título na Indy veio em 2000, na Penske. com duas vitórias e 168 pontos. Um ano depois, conquistou o bicampeonato também com duas vitórias e, desta vez, 199 pontos.
Em 2002, migrou junto com a Penske para a Indy Racing League (IRL). Seu maior feito na competição veio em 2003, quando venceu as 500 milhas de Indianápolis. Ele terminou a temporada com o vice-campeonato e se despediu das pistas na etapa do Texas.
O ex-piloto, no entanto, não se afastou das pistas. Em 2005, tornou-se diretor esportivo da equipe British American Racing (BAR) na Fórmula 1. Além disso, o ex-piloto foi chefe da Honda na Fórmula 1 entre 2005 e 2007.
Em 2008, retornou às pistas. Dono e piloto da Ferran Motorsports, ele disputou a American Les Mans Series até 2009, quando se aposentou mais uma vez. No ano seguinte, criou a De Ferran Dragon Racing para competir a IRL. No ano seguinte, porém, a equipe encerrou suas atividades por falta de patrocinadores.
Desde 2017 estava na McLaren, onde começou como coach de Fernando Alonso nas 500 Milhas de Indianápolis. Em julho de 2018, Gil de Ferran assumiu o recém-criado cargo de diretor esportivo na McLaren. Em agosto de 2019, passou a cuidar do projeto da McLaren na Fórmula Indy, deixando o cargo no início de 2021.
Atualmente, Gil de Ferran vinha atuando como consultor da McLaren na Fórmula 1 durante o processo de reestruturação da equipe.
A Confederação Brasileira de Automobilismo divulgou uma nota de pesar assinada pelo seu presidente, Giovanni Guerra, na noite desta sexta-feira. No texto, a entidade declarou receber com profunda tristeza a notícia do falecimento do ex-piloto e relembrou os principais títulos de Gil defendendo as cores do Brasil. Leia a íntegra abaixo:
"Nota de Pesar: Gil de Ferran
A Confederação Brasileira de Automobilismo recebe com profunda tristeza a notícia do falecimento, nos Estados Unidos, do piloto brasileiro Gil de Ferran, na tarde desta sexta-feira, 29.
Aos 56 anos, completados no dia 11 de novembro, Gil foi vítima de um enfarto em um clube privado de automobilismo, localizado em Opa Locka, na Flórida. Socorrido prontamente, foi levado para um hospital da região, mas não resistiu.
Gil de Ferran brilhou nas pistas brasileiras e internacionais, com destaque para o título inglês de Fórmula 3, o bicampeonato na Indy (sob a bandeira CART) e a vitória na Indy 500 de 2003. Venceu também como piloto e dono de equipe no Endurance estadunidense. Atualmente, atuava na equipe McLaren como um de seus diretores.
Em meu nome e de toda a família CBA, rogamos a Deus para que receba nosso irmão com todas as glórias e ampare sua família, amigos e milhões de fãs em todo o mundo."
Fonte: Globoesporte