Novo medicamento pode ajudar a prevenir enxaqueca em casos difíceis de tratar
A enxaqueca é um dos tipos mais comuns de dor de cabeça, que atinge entre 10% e 20% da população. Além da dor, o problema pode ser acompanhado de sensibilidade à luz, cheiros ou barulhos, náuseas e vômitos, incômodo visual, formigamento e tonturas.
Marcelo Ciciarelli, do Departamento Científico de Cefaleia da Associação Brasileira de Neurologia, explica que a enxaqueca é hereditária. “Ela apresenta normalmente uma dor de moderada a forte intensidade. É chamada de pulsátil. Costuma piorar com a movimentação e, normalmente, vem associada de intolerância à luz, barulho, presença de náuseas e vômitos. Em certos casos, provocam de intolerância a odores”, diz.
Um novo medicamento pode ajudar a prevenir enxaquecas para pessoas que não tiveram sucesso com o tratamento com outras drogas. De acordo com um estudo, a droga atogepant atua sobre uma proteína relacionada ao gene da calcitotina, ou inibidor de CGRP, que desempenha um papel fundamental no início do processo de enxaqueca. A pesquisa envolveu pessoas com enxaqueca episódica, definida como tendo até 14 dias de dor de cabeça por mês com características de enxaqueca.
“Esses resultados são empolgantes, pois a enxaqueca pode ser debilitante, e esse tratamento levou a menos dias com enxaqueca para pessoas que já haviam experimentado até quatro outros tipos de medicamentos para prevenir a enxaqueca e não tiveram melhora ou tiveram efeitos colaterais que superaram os benefícios”, disse a autora do estudo Patricia Pozo-Rosich, pesquisadora no Vall d’Hebron University Hospital em Barcelona, na Espanha, em comunicado.
Análise
O estudo contou com a participação de 309 pessoas que tiveram pelo menos quatro dias de enxaqueca durante o mês anterior ao estudo e que experimentaram pelo menos duas classes de medicamentos para prevenir o problema de saúde sem apresentar melhoras. Desses, 44% já haviam tomado três ou mais classes de medicamentos preventivos sem sucesso.
Para o estudo, metade dos participantes tomou 60 miligramas de atogepant uma vez ao dia como uma pílula e a outra metade tomou um placebo, substância sem qualquer tipo de efeito para o organismo, por 12 semanas.
Aqueles que tomaram o medicamento tiveram uma média de quatro dias a menos com enxaqueca por mês desde o início até o final do estudo até o final. Enquanto isso, aqueles que tomaram o placebo tiveram cerca de dois dias a menos com enxaqueca por mês.
Os voluntários que tomaram o medicamento também mostraram melhora em comparação com aqueles que tomaram o placebo na frequência com que precisavam tomar a medicação para interromper um ataque de enxaqueca.
Os efeitos colaterais mais comuns foram constipação, que ocorreu em 10% dos que tomaram atogepant e 3% dos que tomaram o placebo, e náusea, que ocorreu em 7% dos que tomaram o medicamento e 3% dos que tomaram o placebo.
“As pessoas que pensavam que não encontrariam uma maneira de prevenir e tratar suas enxaquecas podem ter esperança de encontrar alívio com um medicamento oral tolerável e fácil de usar”, disse Patricia em comunicado. “Este tratamento foi seguro, bem tolerado e eficaz para pessoas com enxaqueca difícil de tratar.”
Uma limitação do estudo foi a duração relativamente curta de três meses. A pesquisadora acrescentou que mais estudos são necessários para avaliar a eficácia e segurança a longo prazo do atogepant.
Por: CNN