O que se sabe sobre terremoto no Marrocos que já deixou mais de 1.000 mortos
O total de mortos depois que um forte terremoto atingiu o centro do Marrocos chegou a 1.037, segundo o Ministério do Interior do país.
O sismo — de magnitude 6,8 — fez com que as pessoas corressem para as ruas de Marrakech e de outras cidades próximas.
Um tremor secundário, de magnitude 4,9, foi sentido 19 minutos depois.
Muitas das mortes ocorreram em áreas montanhosas de difícil acesso — pelo menos 672 pessoas ficaram feridas, 205 delas em estado grave, segundo as últimas informações.
Há relatos de pessoas presas em escombros.
O terremoto ocorreu pouco depois das 23 horas, no horário local (19h de Brasília), a uma profundidade relativamente rasa, a cerca de 71 km a sudoeste de Marrakech, de acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos.
A repórter marroquina Aida Alami cresceu em Marrakech e tem mantido contato com os pais, que moram na cidade. Ela diz que o terremoto foi totalmente inesperado.
“Não é um país onde as pessoas saibam o que fazer em caso de terremotos. As pessoas só ficam do lado de fora. Elas estavam realmente preocupadas com os tremores secundários e não sabiam o que fazer e ninguém lhes dizia o que fazer”, afirmou ela.
“Algumas das imagens chocantes que vimos nesta manhã são das antigas muralhas que circundam a cidade velha".
“E estamos vendo escombros e muita destruição lá dentro. São edifícios muito antigos, provavelmente não foram construídos com solidez suficiente."
A Embaixada do Brasil na capital Rabat emitiu nota dizendo que não há notícias neste momento de brasileiros mortos ou feridos e que acompanha com atenção os desdobramentos do terremoto.
Foi informado que o corpo diplomático no país "trabalha em regime de plantão, e pode ser contatado pelo telefone +212661168181 (inclusive WhatsApp)".
A delegação da seleção olímpica brasileira, de jogadores até 23 anos, está na cidade de Fez, onde disputou uma partida contra a seleção marroquina.
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), segundo o GloboEsporte, informou que os integrantes da delegação foram levados para a piscina do hotel e voltaram para o quarto uma hora depois do tremor inicial.
O epicentro do sismo foi nas montanhas do Alto Atlas.
A maioria das vítimas estava em Marrakech e em várias áreas ao sul, segundo o Ministério do Interior.
Hospitais da cidade estão recebendo um grande número de vítimas e autoridades pedem que sejam feitas doações de sangue nesse momento.
Uma nuvem de poeira foi vista no topo da histórica mesquita Koutoubia, de 850 anos, em Marrakech. Pessoas no local temiam que pudesse haver risco de desabamento
O tremor também afetou as províncias e os municípios de al-Haouz, Ouarzazate, Azilal, Chichaoua e Taroudant.
O terremoto ainda foi sentido na capital Rabat, a cerca de 350 km de distância, bem como nas cidades de Casablanca e Essaouira.
'Choque e pânico'
“Sentimos um tremor muito violento e percebi que era um terremoto”, disse Abdelhak El Amrani, um homem de 33 anos de Marrakech , à agência de notícias AFP.
"Pude ver os prédios balançando. Então saí e havia muitas pessoas na rua. As pessoas estavam em estado de choque e pânico. As crianças choravam e os pais estavam perturbados.
“A eletricidade caiu por 10 minutos, assim como a rede (de telefonia), mas depois voltou. Todos decidiram ficar do lado de fora”, disse ele.
Em entrevista ao programa Today, da BBC Radio 4, o jornalista britânico Martin Jay, que mora no Marrocos, disse: “Houve relatos na mídia marroquina alertando que as pessoas não voltassem para suas casas."
“Esta foi uma mensagem nacional divulgada pelas autoridades."
"Foi uma noite estranha [em] quase todas as cidades do Marrocos, [onde] a maioria das pessoas ficou sentada no chão do lado de fora de suas casas ou prédios de apartamentos, porque estavam com medo do segundo terremoto que eles previram que ocorreria de duas horas mais tarde."
Segundo Jonathan Aman, repórter de ciência da BBC News, poucos terremotos de magnitude 6,8 eram esperados para este ano e não no Marrocos.
A maioria da atividade tectônica nessa região ocorre no Mediterrâneo, e em direção à Turquia, que sofreu um violente terremoto no começo deste ano.
A surpresa traz consequências pela falta de uma preparação adequada a esse tipo de evento.
Líderes mundiais prestam solidariedade
Líderes de diversos países enviaram mensagens de condolência depois de receber a notícia da tragédia.
O presidente francês, Emmanuel Macron, diz estar “devastado” com a notícia e acrescentou que o seu país está pronto para ajudar com esforços de socorro.
Vladimir Putin afirmou que a Rússia partilhava “a dor e o luto do amigo povo marroquino”.
Volodymyr Zelensky, da Ucrânia, enviou as "mais profundas condolências" a Marrocos.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, escreveu no X, antigo Twitter: “Toda a minha solidariedade e apoio ao povo de Marrocos após este terrível terremoto”.
O turco Recep Tayyip Erdogan, cujo país foi atingido por um trágico sismo no início deste ano, declarou que estava pronto para oferecer ajuda.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, “deu instruções para fornecer toda a assistência necessária ao povo marroquino”, segundo um comunicado de imprensa do seu gabinete.
E a União Africana expressou a sua “grande dor” pelas “consequências trágicas” do terremoto.
Por: BBC News