Pesquisas nos EUA: Kamala avança em estados decisivos

Pesquisas nos EUA: Kamala avança em estados decisivos
Donald Trump e Kamala Harris Imagem: REUTERS/Tom Brenner/Evelyn Hockstein

Pesquisas de intenção de voto indicam que as eleições tendem a continuar acirradas nos chamados "swing states", considerados decisivos na escolha da presidência. O UOL reuniu os resultados das sondagens publicadas ao longo desta semana.

Swing states, ou estados roxos, são aqueles sem predominância de vitórias republicanas ou democratas ao longo da história. A maioria dos estados norte-americanos tende a ter maioria de votos para um dos dois partidos e não gera surpresas durante a contagem dos votos. Entretanto, há estados que variam os escolhidos em cada eleição, elegendo tanto republicanos quanto democratas, geralmente por margens muito acirradas. Por isso, os estados recebem o apelido de "roxos", pois representam a mistura entre os partidos vermelho (Republicanos) e azul (Democratas).

Eleições acontecem em sistema de colégio eleitoral. Nos EUA, o presidente e vice não são eleitos diretamente pelo voto dos cidadãos. Os eleitores, na realidade, escolhem os representantes do colégio eleitoral de seus respectivos estados. O número de delegados em cada estado vai de 3 a 54, sendo proporcional ao tamanho da população e de congressistas. O candidato que conseguir a maioria dos votos daquela população leva o número total de delegados, independentemente da margem entre as porcentagens dos concorrentes. No total, um candidato precisa conquistar 270 dos 538 delegados para ser eleito.

Estados roxos estão espalhados pelo país. A cada eleição, os estados mais "indecisos" podem variar. Em todas as ocasiões, os estados de Nevada, Arizona, Wisconsin, Michigan, Pensilvânia, Geórgia e Carolina do Norte são considerados muito decisivos. Neste ano, a mídia americana está chamando atenção para Minnesota, Florida e New Hampshire. Entretanto, ainda não foram divulgadas pesquisas eleitorais em todos estes estados.

Pensilvânia

Candidatos tecnicamente empatados na Pensilvânia, que tem 19 votos no colégio eleitoral. Harris está à frente com 46%, e Trump fica com 44%, os dois estão empatados dentro da margem de erro, que é de quatro pontos percentuais. Em um cenário com apenas os dois principais candidatos, a democrata lidera por 50% a 46%, os outros 4% não sabem ou se recusaram a responder. A pesquisa conduzida pelo New York Times e Siena College foi realizada com 693 eleitores registrados no estado entre 6 e 9 de agosto.

Kamala é vista como opção mais representativa para os eleitores da "terceira via". De acordo com a pesquisa The Bullfinch Group/The Independent Center, Robert F. Kennedy tem 6%, Cornel West tem 2% e os que não têm certeza são 6%. Para 48% dos eleitores, Kamala representaria melhor os eleitores independentes - aqueles que não votam em democratas nem republicanos -, enquanto 39% acreditam que Trump faria uma representação melhor do grupo. A sondagem foi feita com 500 pessoas entre 8 e 11 de agosto, e tem margem de erro de 4,38 pontos percentuais.

Vice de Trump tem imagem negativa e vice de Kamala é desconhecido para parte considerável dos eleitores, segundo pesquisa Times/Siena. Quase metade dos entrevistados, 49%, tem uma visão de algum modo desfavorável de J.D. Vance, enquanto 38% tem uma visão favorável. Os que nunca ouviram sobre o senador, não sabem ou não queriam responder são 13%. Já Tim Walz, vice democrata, tem uma imagem de alguma forma negativa para 28% das pessoas, enquanto 39% tem uma visão positiva. Os que não ouviram falar dele somam 17% e os que não sabiam ou se recusaram a responder são 16%.

Trump é favorito entre cristãos e Kamala se destaca entre pessoas sem religião. Trump tem apoio de 58% dos protestantes e 60% dos católicos, já Kamala lidera entre ateus e agnósticos (84%) e pessoas sem afiliação religiosa (56%). Pesquisa Emerson College Polling/RealClearPennsylvania, feita nos dias 13 e 14 de agosto com 1000 pessoas, tem margem de erro de três pontos percentuais

Para republicanos, as questões mais relevantes para a escolha do voto são economia (50%) e imigração (20%), já para os democratas são a preservação da democracia nos EUA (42%), o aborto (16%) e a economia (13%). Entre os eleitores independentes, as principais questões são economia (33%), preservação da democracia (23%) e imigração (10%). A pesquisa da Quinnipiac University foi feita com 1.738 eleitores entre 8 e 12 de agosto e tem margem de erro de 2,4 pontos percentuais.

Pensilvânia escolheu Biden em 2020 e Trump em 2016. Entre os anos 1860 e 1932, o estado elegeu apenas republicanos. A partir da primeira eleição de Roosevelt, em 1936, a Pensilvânia passou a se alternar entre os partidos. Em 1992, começou a série de seis derrotas republicanas, que só foi quebrada em 2016, com a vitória de Trump. Nas eleições seguintes, perdeu para Biden por 48,4% a 50.

Michigan

Kamala supera empate técnico e assume tímida liderança. Na pesquisa The Bullfinch Group/The Independent Center, os candidatos têm 46% e 40% das intenções de voto na pesquisa, formando uma diferença de 6%, superior aos 4,38 pontos percentuais da margem de erro. Já na sondagem Times/Siena, os adversários foram escolhidos por 48% e 43% das pessoas, novamente fora da zona de empate técnico, calculado pela margem de erro de 4,5%.

Para população, imagem de Trump é desfavorável, e o estado não tem uma opinião predominante sobre Kamala. As pessoas que têm uma visão positiva de Trump somam 42%, enquanto 56% vê o ex-presidente de forma negativa. A opinião dos cidadãos sobre Harris está empatada, com 49% para cada lado, segundo o levantamento The Bullfinch Group/The Independent Center.

Estado elegeu seis republicanos e sete democratas nos últimos 52 anos. Durante os anos 70 e 80, o Michigan elegeu os republicanos Nixon, Ford, Reagan e Bush. Até que, nas eleições de 1992, o estado escolheu o democrata Bill Clinton, e seguiu fiel ao partido, elegendo Gore, Kerry e Obama. Em 2016, o estado muda de direção novamente, dando uma vantagem de 0,2% a Trump em relação à Hillary. Já em 2020, Michigan tem outra reviravolta e elege Biden por 50,6% a 47,8%.

Michigan tem 15 delegados em colégio eleitoral. Times/Siena entrevistou 661 eleitores entre 6 e 9 de agosto e o The Independent Center falou com 500 pessoas entre 8 e 11 de agosto.

Wisconsin

Harris tem quase metade dos eleitores. Kamala tem apoio de 49% dos entrevistados em duas pesquisas, enquanto Trump tem 40% na pesquisa The Bullfinch Group/The Independent Center e 43% na sondagem Times/Siena.

Outra pesquisa mostra candidatos tecnicamente empatados e eleitores indecisos. Entre os entrevistados pela pesquisa American Greatness/TIPP, 46% escolhem Kamala e 45% preferem Trump. Quase 20% dos eleitores disseram que ainda não têm certeza do voto e podem mudar de ideia entre Trump e Harris até a data da votação. A pesquisa foi conduzida de 12 a 14 de agosto com 1.015 eleitores e a margem de erro é de 3,4 pontos percentuais.

Kamala é "liberal ou progressista demais" para 47% dos entrevistados, e Trump é "conservador demais" para 33%, aponta Times/Siena. Uma em cada dez pessoas acha que Trump não é conservador o suficiente, e 37% pensa que ele não é conservador demais nem de menos. Em relação à democrata, 7% acredita que ela não seja liberal/progressista o suficiente e 44% pensa que ela não exagera em nenhuma das direções.

Estado teve longas tendências aos dois partidos. Entre 1944 e 1984, Wisconsin votava frequentemente a favor dos republicanos. Durante esse período, ocorreram apenas três vitórias democratas: Truman (1948), Johnson (1964) e Carter (1976). A partir das eleições de 1988 e até a reeleição de Obama, em 2012, o estado elegeu apenas democratas. Entretanto, em 2016, Trump venceu Hillary por 1%, e perdeu para Biden por 0,6% nas eleições seguintes.

Wisconsin é representado por 10 delegados. O The Independent Center entrevistou 500 pessoas entre 8 e 11 de agosto, a margem de erro é de 4,38 pontos percentuais. Já a pesquisa Times/Siena, com margem de erro de 4,3 pontos percentuais, foi feita entre 5 e 8 de agosto com 661 entrevistados.

Flórida

Flórida não é um swing state clássico, mas pode surpreender. Embora não seja considerado um swing state historicamente, os resultados das últimas eleições indicam que a Florida deve ter votações cada vez mais acirradas. Por isso, diversos institutos de pesquisa escolheram analisar as tendências da população do estado neste ano. Além disso, o grande número de delegados em colégio eleitoral -serão 30 nesta eleição, atrás apenas dos 54 californianos e 40 texanos - pode ser crucial para a definição do próximo presidente.

Trump tem apoio de 47% da população da Flórida, Kamala tem 42%. A distância de cinco pontos percentuais nas intenções de voto é animadora para os democratas, uma vez que a margem de erro da pesquisa é de 4,4%. A sondagem foi encomendada pelos jornais USA Today e WSVN-TV, e foi realizada pela Suffolk University entre 7 e 11 de agosto com 500 entrevistados.

Trump abre margem de 8,2% na pesquisa Activote, que tem margem de erro de 4,9%. O republicano foi a escolha de 54,1% dos entrevistados, e a democrata recebeu apoio dos outros 45,9%. Trump se destaca entre moradores de áreas rurais (64%), homens (58%) e brancos (65%). Harris é favorita entre moradores de regiões urbanas (57%) e negros (85%). Os candidatos estão próximos do empate, mas com Trump na liderança, entre jovens de 18 a 29 anos e latinos (52% a 48% em ambos os casos). A sondagem foi realizada com 400 pessoas entre 5 e 15 de agosto.

Outra pesquisa mostra que, desde a desistência de Biden, Kamala está conseguindo reduzir a diferença. Na pesquisa PolCom Lab/Mainstreet USA realizada em abril, Trump tinha vantagem de 8%, margem que diminuiu para 3% em agosto. No entanto, o apoio a Trump permaneceu estável neste período, indicando que Harris vem se destacando nas bases democratas que desaprovam Biden e está ganhando eleitores da "terceira via". A sondagem de agosto foi realizada entre os dias 10 e 11 com 1.055 eleitores e tem margem de erro de três pontos percentuais.

Flórida elegeu democratas cinco vezes nos últimos 72 anos. Desde 1952, o estado rejeitou os republicanos apenas nas eleições de Johnson, Carter, Clinton e Obama. Antes disso, a Flórida era fiel aos democratas, e elegeu apenas três republicanos entre 1852 e 1948. Nas eleições mais recentes, Trump foi o favorito. Em 2016, a disputa foi acirrada, e Trump venceu por 49.02% contra 47.82% de Hillary Clinton. Já em 2020, venceu no estado com uma vantagem de 3,3% em relação a Joe Biden.

Fonte: Uol