PF encontra documento para Bolsonaro mudar resultado de eleição na casa de Torres
O documento, encontrado na casa de Anderson Torres pela Polícia Federal (PF), permitiria que o então presidente Jair Bolsonaro (PL) interferisse no resultado das eleições presidenciais do ano passado
Polícia Federal (PF) encontrou, durante busca e apreensão na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, uma proposta de decreto para que o Jair Bolsonaro (PL) instaurasse estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) enquanto ainda era presidente da República.
O estado de defesa está previsto no artigo 136 da Constituição. O mecanismo permite que o presidente intervenha em “locais restritos e determinados” para “reservar ou prontamente restabelecer a ordem ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza”O texto teria como objetivo reverter o resultado da eleição presidencial, da qual Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu vitorioso.
O fato foi revelado pelo jornal Folha de S. Paulo e confirmado pelos analistas de política da CNN Thais Arbex e Caio Junqueira.
O documento foi encontrado na terça-feira (10) durante a operação da PF na casa do ex-ministro e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou a prisão de Torres nesta semana, mas ele está em viagem nos Estados Unidos. Ele foi exonerado do cargo de secretário durante o Ataque aos Três Poderes, em Brasília, no domingo (8).
Pelo Twitter, Anderson Torres disse que havia na casa dele “uma pilha de documentos para descarte, onde muito provavelmente o material descrito na reportagem foi encontrado. Tudo seria levado para ser triturado oportunamente no MJSP. O citado documento foi apanhado quando eu não estava lá e vazado fora de contexto, ajudando a alimentar narrativas falaciosas contra mim”.
O ex-ministro da Justiça Anderson Torres se manifestou em suas redes sociais sobre a proposta, encontrado em sua casa pela Polícia Federal (PF), que permitiria que o então presidente Jair Bolsonaro (PL) interferisse no resultado das eleições presidenciais do ano passado. Ele disse que o documento seria descartado e foi “vazado fora de contexto.”
Minutos antes da postagem de Torres, à CNN, um dos advogados dele, Rodrigo Roca, afirmou que o documento encontrado pela Polícia Federal na residência do ex-ministro não é de autoria de Torres.
“Não é da autoria dele o documento. Eram diárias as abordagens feitas por populares ao ministro da Justiça e a mim mesmo como secretario nacional do Consumidor pedindo que levasse ao presidente algum tipo de sugestão”, disse Roca.
“Eram escritos às vezes manuscritos, às vezes digitados, mas era muito comum isso, principalmente no Ministério da Justiça”, continua o advogado.
Roca disse ainda à CNN ser “testemunha de que ele se desfazia disso mas por cortesia e educacao nao jogava fora na hora ou levava. A maior prova que ele nao levava ao presidente é que foi encontrado na casa dele”.
“O que posso afirmar é que ele nunca levou ao presidente.”
Além das buscas na casa de Anderson Torres, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), também mandou prender o ex-ministro por ver “fortes indícios” de que ele foi “conivente” com os atos golpistas em Brasília. Ele está nos Estados Unidos e anunciou que vai voltar ao Brasil para se entregar à Justiça.
“No cargo de Ministro da Justiça, nos deparamos com audiências, sugestões e propostas dos mais diversos tipos. Cabe a quem ocupa tal posição, o discernimento de entender o que efetivamente contribui para o Brasil”, disse na postagem.
(Com informações de Thais Arbex e Caio Junqueira, da CNN. Publicado por Fernanda Pinotti, da CNN e do Estadão Conteúdo).
Por: CNN