Pirarucu na lata: peixe em conserva é desenvolvido por pesquisadores da Embrapa
Concorrência para o atum e sardinha, o novo formato foi considerado gostoso pelos participantes de degustações e testes sensoriais. Pirarucu é uma criação vantajosa, já que todas as suas partes podem ser aproveitadas, até mesmo sua língua.
Mais um peixe vai entrar na turma dos enlatados, agora, diretamente da Amazônia: o pirarucu. O peixe em conserva foi desenvolvido por pesquisadores da Embrapa Amazônia Oriental e da Embrapa Agroindústria de Alimentos.
Pronto para o mercado, o produto aguarda por alguma empresa se interessar pela comercialização e, então, fará concorrência para o atum e a sardinha, junto de outros peixes, como o salmão, que já existe enlatado nas prateleiras dos supermercados.
Como é o pirarucu: ele é peixe amazônico de água doce e é carnívoro, se alimenta, entre outras coisas, de peixes, répteis e até mesmo aves aquáticas. O animal pode atingir, em condições naturais, até três metros de comprimento e ultrapassar os 200 kg.
O pirarucu enlatado promete ser gostoso: pelo menos foi o que os participantes das degustações e testes sensoriais consideraram - de acordo com os pesquisadores, também é nutritivo, com baixo teor de gorduras e não tem espinhas.
Além disso, esse tipo de conserva é considerado mais prático, por ser semipronto e por dispensar a cadeia de refrigeração no armazenamento, na distribuição e na comercialização.
Um dos problemas ainda enfrentados no setor é a dificuldade de estocagem e resfriamento (para a comercialização do peixe fresco), além da busca por novos mercados que possam eliminar os atravessadores, garantindo preços mais justos às comunidades e valorização da preservação dos recursos naturais da Amazônia.
Pesca ou criação: a pesquisa mostra que os peixes de criação, ou seja, que se desenvolveram em tanques ou em ambientes controlados, se destacaram em sabor e textura na comparação dos de pesca, que foram coletados nos rios amazônicos.
Como é preparado o pirarucu enlatado da Embrapa: os filés de pirarucu são higienizados, imersos em uma salmoura, drenados, cortados e colocados nas latas. Por fim, é adicionada uma cobertura à base de salmoura.
Tudo se aproveita - até a língua: nenhuma parte do pirarucu é jogada fora na piscicultura. A carne da espécie tem um aproveitamento maior de 50% da carcaça, pele, escamas, além da língua, e com altos valores de mercado agregados.
O couro, por exemplo, pode virar bolsa, e seus resíduos são processados para a alimentação animal.
Preservação da Amazônia: há 20 anos, o pirarucu corria risco de extinção por causa da pesca predatória. No decorrer desse período, planos de manejo se consolidaram, revertendo esse quadro.
Atualmente, há dezenas de comunidades na Amazônia brasileira com seus estoques do peixe renovados, organização comunitária e conquistas econômicas, ainda que de forma tímida, afirma Ana Cláudia Torres Gonçalves, coordenadora do Programa de Manejo de Pesca do Instituto Mamirauá (AM).
Pesca do pirarucu — Foto: Vinícius Braga / Embrapa
Pesca do pirarucu na Amazônia — Foto: Ronaldo Rosa / Embrapa