Pix: recuo em portaria sobre movimentações financeiras ampliou derrota do governo Lula nas redes
Proporção de menções negativas à gestão federal subiu de 54% para 86% após a revogação de medida, mostra levantamento

Após a revogação da norma da Receita Federal que ampliava a fiscalização em transações financeiras, entre elas as por meio do Pix, as menções negativas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) relacionadas ao tema ganharam mais força nas redes sociais. É o que revela um levantamento divulgado nesta sexta-feira pela Quaest.
Se até quarta-feira, antes da revogação, as menções negativas somavam 54%, contra 46% de citações positivas, o placar passou para 86% a 14%, com a desvantagem para a gestão federal à frente, após a revogação da medida.
Diretor do instituto, o cientista político Felipe Nunes avalia que houve atraso na entrada do governo Lula no movimento de combate à afirmação falsa levantada pela direita de que haveria um aumento da tributação no país.
"Dada a pressão social e a incapacidade de pautar politicamente o governo, o governo optou por jogar água na fervura. Era o que a maioria das pessoas esperava depois de tudo o que aconteceu. Mas essa medida não vem sem custo. A revogação revelou a fragilidade do governo. Passou a impressão que o governo estava errado e que a oposição estava certa", avaliou Nunes em postagens no X.
O monitoramento da Quaest apontou também que mais de 22 milhões de perfis comentaram sobre o tema em suas redes no dia 15/01, quando houve um pico de menções após o vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG). No total, mais de 5,5 milhões de perfis únicos entraram no debate, cujo impacto chegou próximo a 152 milhões de contas no dia, segundo o levantamento.
Uma pesquisa Quaest divulgada nesta sexta-feira mostrou ainda que 88% dos entrevistados pelo instituto ficaram sabendo do debate envolvendo o Pix, enquanto 87% afirmaram ter ouvido a fake news de que o governo taxaria as transações financeiras.
O instituto ouviu 1.200 pessoas presencialmente em todas as regiões do país entre os dias 15 e 17 de janeiro. A margem de erro é de três pontos percentuais.
Desconfiança após revogação
Segundo o levantamento, 68% souberam que o governo desmentiu que haveria a taxação do Pix. Por outro lado, 67% afirmaram acreditar que o governo possa começar a cobrar imposto sobre o uso da ferramenta de transação bancária.
"O grande desafio do governo para os próximos dois anos é recuperar sua credibilidade. Criar expectativas que serão cumpridas. E falar para fora de sua base", acrescentou Nunes.
A performance da direita no debate foi alavancada nas plataformas digitais com o vídeo dde Nikolas Ferreira, que conseguiu atingir perfis de fora do campo ideológico. Nunes aponta que a postagem "conseguiu levar o assunto a um patamar histórico em termos de redes sociais".
O post teve 291 milhões de visualizações e foi mais visto que o vídeo do jogador Lionel Messi no Instagram comemorando a vitória na Copa de 2022 (206 milhões), o da atriz Fernanda Torres e sua vitória no Globo de Ouro (77 milhões), e do próprio presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, celebrando a vitória de 2024 (57 milhões).
Fonte: Globo.com