Prazo para que Bolsonaro, Heleno, Torres, Ramagem e Cid se manifestem sobre denúncia da PGR termina nesta quinta

Defesa do ex-presidente havia solicitado mais tempo, mas ministro Alexandre de Moraes, do STF, negou o pedido

Prazo para que Bolsonaro, Heleno, Torres, Ramagem e Cid se manifestem sobre denúncia da PGR termina nesta quinta
O então presidente Bolsonaro faz pronunciamento no Palácio da Alvorada ao lado de Augusto Heleno (à dir.) e Anderson Torres — Foto: Evaristo Sá/AFP

O prazo para que o ex-presidente Jair Bolsonaro apresente sua defesa preliminar à denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF) se encerra nesta quinta-feira. A defesa do ex-presidente teve negados pelo ministro Alexandre de Moraes, relator da ação na Corte, seus pedidos de ampliação de prazo de 15 para 83 dias.

Além de Bolsonaro, foram notificados pela Justiça em 19 de fevereiro e, portanto, têm até esta quinta-feira para apresentar sua resposta preliminar à denúncia nomes como os ex-ministros Anderson Torres (Justiça), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), o general Mário Fernandes, o ex-diretor-geral da Polícia Federal Alexandre Ramagem e Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro que firmou acordo de delação premiada.

Na sexta, vence o prazo de outros denunciados pela PGR no âmbito da trama golpista. É o caso do general Walter Braga Netto, do almirante e ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos e da ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça Marília Ferreira de Alencar.

A PGR denunciou no dia 18 de fevereiro o ex-presidente Bolsonaro e mais 32 pessoas, inclusive ex-ministros de seu governo e militares de alta patente, por participação em uma trama golpista para mantê-lo no poder após ser derrotado por Lula nas eleições de 2022.

Os denunciados são acusados de cinco crimes: organização criminosa armada, golpe de Estado, tentativa de abolição do estado democrático de direito, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.

Nesta quarta-feira, a PGR se manifestou contra um recurso da defesa de Bolsonaro que pedia novamente a ampliação do prazo. O recurso foi apresentado no dia 24 de fevereiro e já havia sido negado pelo ministro Alexandre de Moraes, no dia seguinte.

Em manifestação protocolada na tarde desta quarta-feira nos autos do processo, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirma que “inexiste previsão legal para prorrogação de prazo que vise a apresentação de resposta preliminar” e pede que o pedido da defesa de Bolsonaro seja novamente indeferido. O relator do caso, o ministro Alexandre de Moraes, já havia negado inicialmente a solicitação dos advogados do ex-presidente, que recorreram da decisão no dia 24 de fevereiro. No dia 25, Moraes manteve seu entendimento e pediu que a Procuradoria se manifestasse.

Os advogados de Bolsonaro haviam solicitado o mesmo período que a PGR teve entre o indiciamento do ex-presidente pela Polícia Federal até a apresentação da denúncia: 83 dias. Para a PGR, porém, “o pretendido prazo idêntico ao período em que os autos permaneceram sob análise do parquet igualmente não encontra respaldo legal”.

A Procuradoria também diz que o relatório da PF estava público e que “houve amplo acesso à defesa aos elementos de provas, inclusive em momento prévio ao oferecimento da denúncia”. A defesa de Bolsonaro afirma que não teve pleno acesso aos autos e às provas do caso.

Quem já se manifestou

Até esta quarta-feira, apenas dois dos acusados já tinham apresentado sua resposta à denúncia: Bernardo Romão Corrêa Neto e Ronald Ferreira de Araújo Junior. O primeiro, coronel do Exército, se defendeu dizendo que as mensagens no qual Corrêa Neto indica defender uma ação militar para revertar o resultado das eleições de 2022 foram "bravatas" e "desabafos".

De acordo com o documento, as mensagens em que Corrêa Neto aparece conversando com o tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens do presidente Jair Bolsonaro e tinham caráter privado.

"As conversas do acusado com o TC CID trataram da busca de informação privilegiada, expressão de sua opinião em uma troca de mensagens privadas. Por vezes, são bravatas, desabafos, sem chegar a ameaçar a paz social, isto porque eram privadas", alegam os advogados.

Já os advogados de Araújo Junior defendem que o processo em relação ao seu cliente não deve ser julgado no Supremo Tribunal Federal porque nenhum dos acusados possui, hoje, foro privilegiado. Os defensores argumentam ainda que a denúncia falha em individualizar a conduta do militar, acusado de ter participado da confecção de um documento para pressionar a cúpula do Exército a reverter o resultado eleitoral.

"Em síntese, a denúncia, em suas 275 laudas, não explica minimamente - e daí a sua insanável inépcia formal - de que maneira Ronald praticou os delitos a si irrogados além de escrever/responder a mensagem de WhatsApp supramencionada", diz a defesa.

Fonte: Globo.com