Primeiro indígena do povo Yanomami se forma na UFRR e celebra: 'Quero ensinar meu povo'
Genivaldo Krepuna Yanomami, de 39 anos, se graduou em Licenciatura Intercultural. Cerimônia de colação de grau ocorreu na última quinta-feira (31), no Centro Amazônico de Fronteiras (Caf) da UFRR.
Estes são os planos de Genivaldo Krepuna Yanomami, de 39 anos, após se graduar na Universidade Federal de Roraima (UFRR) no curso de Licenciatura Intercultural pelo Instituto Insikiran de Formação Superior Indígena. Ele é o primeiro indígena Yanomami a se formar na instituição.
"Vou começar a alfabetizar os meus curumins, crianças e adultos também que tem vontade de aprender sobre os novos conhecimentos fora da comunidade. Então, eu penso que vou começar a ensinar eles o que eu aprendi aqui na universidade", finalizou.
Terra Yanomami
Com cerca de 10 milhões de hectares distribuídos no Amazonas e em Roraima, onde fica a maior parte, a Terra Yanomami tem 371 comunidades de difícil acesso espalhadas ao longo da densa floresta amazônica. O povo Yanomami é considerado de recente contato com a população não-indígena. Além disso, no território há, ainda, indígenas isolados, sem contato ou influência externa.
Oficialmente demarcada em 25 de maio de 1992, o processo de avaliação e registro da Terra Indígena Yanomami durou quase 15 anos, o que envolveu uma longa batalha, com articulação internacional, até o governo brasileiro, à época presidido por Fernando Collor, homologar o território.
Nos últimos anos, a Terra Yanomami enfrentou uma crise humanitária e sanitária sem precedentes, com casos graves de indígenas com malária e desnutrição severa - problemas agravados pelo avanço de garimpos ilegais nos últimos quatro anos.
A invasão do garimpo predatório, além de impactar no aumento de doenças no território, causa violência, conflitos armados e devasta o meio ambiente - com o aumento do desmatamento, poluição de rios devido ao uso do mercúrio, e prejuízos para a caça e a pesca, impactando nos recursos naturais essenciais à sobrevivência dos indígenas na floresta.
Por: G1