Professora que ajudou a socorrer alunos em creche atacada em Blumenau tem infarto e passa por cirurgia
A docente identificada como Alaide, de 60 anos, passou mal na quinta-feira, um dia após o massacre, e foi internada às pressas
A assessora jurídica da Creche Cantinho Bom Pastor, Patricia Kasburg, informou ao GLOBO na manhã deste sábado (8) que uma das professoras da escola, identificada como Alaide, teve um infarto após o massacre na instituição, ocorrido na última quarta-feira, em Blumenau (SC). A docente, de 60 anos, passou mal na quinta-feira e foi internada às pressas. Ela era uma das profissionais que estavam na creche no momento do ataque e ajudou a socorrer os alunos.
De acordo com Patricia, Alaide foi submetida a uma cirurgia para introduzir um cateter no coração. Os médicos apontam que a professora sofreu um "estresse pós-traumático muito grande", que resultou no infarto. Apesar de ainda estar internada no hospital, o estado de saúde de Alaide é estável. O sobrenome da docente foi preservado, a pedido da assessora, devido ao delicado momento enfrentado.
A creche Cantinho Bom Pastor foi atacada na manhã de quarta (5) por um homem, de 25 anos. O autor do crime teve a prisão preventiva decretada pela Justiça, após passar por audiência de custódia na tarde de quinta-feira. Quatro crianças morreram e outras cinco ficaram feridas, mas passam bem.
O homem, que estava armado com uma machadinha, já possuía antecedentes criminais. A arma usada nos assassinatos é uma espécie de machado pequeno, o qual pode ser manuseado com uma única mão. O comandante do 10º Batalhão da Polícia Militar de Blumenau, Márcio Alberto Filippi, não especificou quais foram os crimes cometidos pelo jovem anteriormente. A Polícia Civil de Santa Catarina investiga o caso e apura se o responsável pelo atentado agiu sozinho ou contou com a ajuda de outra pessoa.
Professor que 'apoiou' ataque será investigado
A Polícia Civil de Santa Catarina (PCSC) instaurou um inquérito para apurar a conduta de um professor que apoiou o ataque à creche em Blumenau. O docente afirmou em sala de aula que "mataria uns 15, 20", em referência ao ato criminoso praticado pelo autor do massacre. O delegado-geral da PCSC, Ulisses Gabriel, informou ao GLOBO que o professor é suspeito de apologia ao crime.
— Entrar com dois facões, um em cada mão e 'pá'. Passar correndo e acertando — disse o professor em vídeo gravado por alunos.
O professor será intimado na próxima segunda-feira a prestar depoimento. A PCSC também quer ouvir os relatos da direção escolar e de testemunhas.
Esclarecimento aos leitores sobre cobertura de ataques e massacres pelo Grupo Globo
A respeito do ataque ocorrido hoje a uma creche em Blumenau (SC), no qual quatro crianças foram mortas e outras cinco, feridas, o Grupo Globo divulgou nota sobre as diretrizes que orientam a cobertura de casos de ataques e massacres de seus veículos de imprensa.
"Os veículos do Grupo Globo tinham há anos como política publicar apenas uma única vez o nome e a foto de autores de massacres como o ocorrido em Blumenau. O objetivo sempre foi o de evitar dar fama aos assassinos para não inspirar autores de novos massacres. Essa política muda hoje e será ainda mais restritiva: o nome e a imagem de autores de ataques jamais serão publicados, assim como vídeos das ações.
A decisão segue as recomendações mais recentes dos mais prestigiados especialistas no tema, para quem dar visibilidade a agressores pode servir como um estímulo a novos ataques. Estudos mostram que os autores buscam exatamente esta "notoriedade" por pequena que seja. E também não noticiamos ataques frustrados subsequentes, também para conter o chamado "efeito contágio".
Fonte: Globo