Rafa Kalimann sobre imersão no Pantanal: "Vi os vídeos das queimadas e fiquei muito mexida"

Rafa Kalimann sobre imersão no Pantanal: "Vi os vídeos das queimadas e fiquei muito mexida"

Rafa Kalimann, de 28 anos, viu de perto a biodiversidade do Pantanal. Recém-chegada de uma viagem de seis dias pela maior planície inundável do mundo, a influencer e apresentadora falou com exclusividade sobre sua experiência no local.

A visita foi motivada pela vontade de entender o motivo das queimadas na região no ano passado, intensificadas pelo menor nível de água em quase cinco décadas, secas, aumento do desmatamento, desmatamento de outros biomas e crescimento do agronegócio

O artigo intitulado "Pantanal está pegando fogo e só uma agenda sustentável pode salvar a maior área úmida do mundo" apresenta números alarmantes sobre as consequências das queimadas de 2020 sobre a fauna pantaneira. De acordo com a pesquisa, os incêndios no bioma afetaram pelo menos 65 milhões de animais vertebrados nativos e 4 bilhões de invertebrados, com base nas densidades de espécies conhecidas.

O artigo é assinado em conjunto por pesquisadores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

“No ano passado, em setembro, vi os vídeos das queimadas no Pantanal e fiquei muito mexida. Queria entender o motivo disso tudo, de onde vinha, como aquilo não parava… eu tinha um monte de questões que não conseguia entender a fundo. Estava assustada por ver várias fotos e vídeos de vários animais mortos. Entrei em contato com um órgão para tirar as minhas dúvidas, conseguir passar essa informação para o meu público e tentar ajudar de alguma maneira”, relembra.

Apesar da perda de animais do bioma, Rafa se diz encantada com o que conseguiu apreciar durante a viagem. Antes, seu conhecimento sobre a região era resumido aos boatos de que se seria a Juma Marruá do remake de Pantanal.

“Tudo que eu soube sobre a questão do Pantanal e sobre a novela, foi o que a mídia soltou. Foi tudo uma coincidência. Cheguei a ir na praia da Juma e alguns outros locais onde a novela foi gravada”, conta.

“De fato, eu fiquei impressionada, encantada e apaixonada por tudo. Nunca havia tido contato com tanta biodiversidade. É difícil encontrar um lugar tão rico. Isso me deixou anestesiada. Eu sou do interior de Minas, cresci no mato, no rio, mas nem se compara com tudo o que presenciei ali. Vi seis onças-pintadas na casa delas, isso representa muita coisa pra mim”, reflete.

Após conhecer o bioma, Rafa acredita que voltou transformada. A apresentadora, que já tentava adotar práticas mais sustentáveis no dia a dia, aprendeu ainda mais sobre como contribuir para o meio ambiente.

“Houve um completo antes e depois pra mim. Eu já vinha de uma fase de querer mudanças da minha parte com a natureza. O que a gente vem fazendo neste último século tem sido um retrocesso muito grande. Estamos num lugar de desrespeito, em que a gente pensa muito mais na gente do que na natureza, que no fundo é o que a gente é. Sem ela, não seríamos nada. Estamos colocando tudo como prioridade e tirando cada vez mais a natureza dessa pirâmide de cuidados”, acredita.

A relação com a natureza também a fez mudar seus hábitos e estilo de vida. “Parei de consumir carne vermelha há dois meses. Está sendo um processo. Não estou exigindo tanto de mim. Tirei completamente, mas vou comer se me der vontade. Quero que seja um processo natural. Não tirei ave e peixe ainda, mas acho que já é um bom começo de uma Rafa mais consciente. Esse é o primeiro grande impacto na minha vida porque sempre gostei muito de consumir carne, e estou orgulhosa disso”, afirma.

Além da alimentação, Rafa pôde entender após conversar com cientistas no Pantanal a importância de cada pequeno gesto para a preservação do meio ambiente.

“Voltei de lá entendendo muito mais a importância de separar certo o lixo e do consumo consciente de água ao escovar os dentes e tomar banho. Entendi a importância das escolhas, desde o produto que a gente compra para consumir, o quanto de plástico a gente consome, de água... o consumo de carne, por exemplo, a gente precisa equilibrar, pelo menos. Vim com a cabeça muito mais aberta”, conta.

No Pantanal, Rafa entendeu que o ser humano pode prejudicar a natureza, mas também ser um agente de recuperação do meio ambiente. E é essa transformação que ela acredita ser capaz de causar, começando pelo exemplo em casa.

“Foi importante ter ido para lá ver de perto o impacto de quando o homem cuida da natureza. Vi animais ameaçados de extinção sendo como passarinhos no Pantanal. Saber que isso foi uma atitude humana de querer uma mudança, me deu motivação para começar dentro da minha casa, com atitudes simples, uma transformação para eu contribuir”, diz Rafa. "Penso muito no que vai ser para os meus filhos e netos, o que a gente tem deixado para eles como ensinamento, que é a base de tudo. O que a gente tem causado para eles de impacto ambiental, que vai refletir lá na frente?”, questiona.

Com isso, ela ensina aos sobrinhos Sofia e Gabriel a respeitarem a natureza, e acredita que este é o melhor momento para que eles aprendam hábitos sustentáveis.

“Eu tenho uma chácara em Goiânia. Eu e Sosô plantamos uma árvore lá e ela ficou toda feliz. Ela é muito novinha, está aprendendo a falar agora. Gabriel sempre foi muito ligado à natureza e aos animais. A gente brinca que ele iria preferir ir para o Pantanal do que para a Disney, com toda a certeza. Começa agora, na idade em que eles estão, esse ensinamento. É um processo de formiguinha, de exemplo, de educação, e de como eles têm que cuidar do meio ambiente, que é a casa deles, para que quando eles estiverem mais velhos forem mais conscientes. Tenho muita expectativa de que essa geração que está vindo agora vai ser mais consciente. Aliás, tem que ser. Se não, não sei para onde a gente vai".

Todo o aprendizado pode se tornar mais uma luta para Rafa, que é engajada em diversos projetos sociais de apoio a crianças carentes. No entanto, ela diz não ter pressa para que seu nome seja associado ao tema.

“Desejo primeiramente que isso seja uma realidade constante para mim. Quero aprender e aprofundar para ter propriedade para falar cada vez mais, sempre dando voz a isso. Se está fazendo diferença na minha vida, quero que faça na de quem me acompanha. Mas tem que ser verdadeiro da minha parte para que seja constante e válido. Faço várias coisas que estão agredindo o meio ambiente, e hoje consigo entender, e vou começar agora uma mudança de hábitos”, afirma.

Fonte: Globo/ Um Só Planeta