Shoppings brasileiros têm o melhor desempenho do mundo — mas investidores não estão nem aí…
Analistas do BTG compararam 32 grupos de shoppings listados em Bolsa pelo mundo
Os shoppings latino-americanos, especialmente os brasileiros, tiveram o melhor desempenho operacional do mundo no pós-pandemia, “mas os investidores parecem não se importar muito”, observa um relatório do BTG Pactual sobre o setor enviado a clientes.
“Os shoppings da América Latina apresentaram o melhor desempenho operacional desde a Covid-19 em comparação com seus pares globais, provando sua posição defensiva e um modelo de negócios protegido contra a inflação. No entanto, os investidores parecem não se importar muito com isso (em uma base relativa, as ações nos EUA tiveram um desempenho muito melhor que as da América Latina), pois o foco agora se deslocou para a perspectiva macroeconômica (flutuações nas taxas de juros e potenciais impactos do e-commerce nas operações)”, resumiu o relatório, escrito pelos analistas Gustavo Cambauva e Elvis Credendio.
Crescimento
O BTG analisou 32 grupos de shoppings pelo mundo, abrangendo mais de 90 milhões de metros quadrados em Área Bruta Locável (ABL) e US$ 27 bilhões em receitas com locação de espaço.
Na América Latina, as companhias registraram um crescimento médio anual de receitas de 2,4% em dólares entre 2019 e 2023 — mesmo com a brutal desvalorização das moedas regionais no período. Em comparação, na América do Norte, o crescimento foi de 1,8%, enquanto na Ásia houve uma retração anual média de 1,6%. Na Europa, o encolhimento foi de 4% ao ano no período.
O Brasil se destacou especialmente, com um crescimento de 4,2% em dólares a cada ano, em média. Os shoppings mexicanos até se saíram melhor nesse tipo de comparação (acima de 4,5%), mas apenas porque sua moeda se valorizou em 8% no período. O real brasileiro, por sua vez, se depreciou em 26%.
“Isso refletiu a capacidade dos shoppings brasileiros de repassar uma inflação significativa do IGP-DI (+47% no período) para os aluguéis. No entanto, esse desempenho sólido foi observado apenas nas três principais empresas de shoppings listadas (Allos, Iguatemi e Multiplan), enquanto a indústria de shoppings no Brasil ficou para trás”, ponderou o levantamento.
Barato
As vendas das lojas dos shoppings das três empresas listadas cresceram cerca de 7%, em comparação com uma queda de 9% para os pares privados, acrescentaram os analistas.
“Isso destaca o fato de que as empresas de shopping listadas no Brasil possuem os ativos com melhor desempenho no país. A venda média por metro quadrado dos shoppings brasileiros listados é de R$ 1,7 mil por mês, enquanto esse índice é cerca de 60% menor para os demais shoppings fora da Bolsa: R$ 700”, explicaram.
Diante da desvalorização relativa dos shoppings brasileiros na Bolsa, o relatório sustenta que as ações brasileiras são uma espécie de pechincha para os investidores globais.
“No livro ‘Mastering the Market Cycle’, Howard Marks afirma: ‘Quando todos acreditam que algo é arriscado, sua relutância em comprar geralmente reduz seu preço a um ponto em que não é arriscado’. Em nossa opinião, os shoppings brasileiros oferecem uma posição em ativos de alta qualidade enquanto são negociados a avaliações mais baratas do que seus pares globais”, concluíram os analistas do BTG.
Fonte: O globo