Terremoto na China mata quase 50 pessoas em meio a novo lockdown para conter Covid
Capital de província atingida tem cerca de 20 milhões de pessoas confinadas
Um terremoto de magnitude 6,8 matou 46 pessoas ao atingir a província de Sichuan, no sudoeste da China, nesta segunda-feira (5). Maior abalo sísmico registrado na região desde 2017, ele foi sentido tanto na capital, Chengdu, quanto em províncias a centenas de quilômetros de sua origem, segundo a mídia estatal.
Quatro das mortes ocorreram no epicentro do terremoto, Luding, área montanhosa a sudoeste de Chengdu. De acordo com a agência China News Service, o tremor foi tão forte que provocou rachaduras em algumas casas.
Nas proximidades de Luding, deslizamentos de terra danificaram residências e estruturas de telecomunicações. Não houve registros de danos a barragens e estações hidrelétricas a 50 quilômetros da cidade, mas estragos na rede elétrica da província afetaram o fornecimento de energia para cerca de 40 mil usuários.
Abalos sísmicos são comuns na província de Sichuan, em especial nas montanhas do oeste, localizadas no limite de uma placa tectônica. O terremoto mais devastador já registrado na região aconteceu em maio de 2008, quando um tremor de magnitude 8 com epicentro em Wenchuan matou mais de 70 mil pessoas e deixou um rastro de destruição.
O terremoto de agora ocorre em um momento em que Chengdu tem mais de 21 milhões de pessoas em lockdown por causa de novos surtos de Covid-19, afirma a agência de notícias Associated Press. O governo teme que o vírus se alastre novamente pelo território com a aproximação do Festival da Lua, celebrado em toda a Ásia e segundo feriado mais importante na China depois do Ano-Novo Lunar.
Chengdu já encerrou o lockdown de duas áreas no sudoeste, Qionglai e Xinjin. Com isso, cerca de 1 milhão de pessoas foram liberadas. Mais três rodadas de testes em massa serão realizadas até esta quarta (7), e as escolas permanecem fechadas, com todas as aulas sendo ministradas virtualmente.
Reportagem deste domingo (4) publicada pela revista Caixin afirma que surtos de Covid foram registrados em 103 cidades. Trinta e três delas, incluindo sete capitais de províncias, estão sob lockdown total ou parcial, somando 65 milhões de pessoas confinadas
O número de infecções é baixo em relação ao pico observado em outras nações ao longo da pandemia —nas últimas 24 horas, foram registrados cerca de 1.600 novos casos, num país de 1,4 bilhão de habitantes. Ainda assim, o regime tem mantido a política de tolerância zero em relação à circulação do vírus, impondo lockdowns, quarentenas e confinamento de indivíduos suspeitos de terem travado contato próximo com qualquer caso confirmado.
Segundo relatos, essas restrições por vezes impedem cidadãos de obter comida, atendimento médico e itens de primeira necessidade.
As medidas rigorosas impactaram a economia e o turismo local. Um lockdown recente em Xangai —centro financeiro chinês—, entre março e maio deste ano, afetou o dinamismo comercial, incitou protestos e levou ao êxodo em massa de estrangeiros.
Por: Folha Uol