Todos os contraceptivos hormonais aumentam risco de câncer de mama, diz estudo
Os pesquisadores de Oxford concluíram que o risco de câncer de mama aumenta levemente com o uso de qualquer tipo de contraceptivo
Um novo estudo publicado nesta terça-feira (21/3) na revista PLOS Medicine concluiu que todos os contraceptivos hormonais contribuem levemente para o desenvolvimento de câncer de mama.
Os pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, descobriram que o risco de uma mulher ter algum problema relacionado aos anticoncepcionais é quase o mesmo para as opções com progesterona e estrogênio e aquelas só com progesterona.
Estudos anteriores já alertavam para as chances de desenvolver câncer com contraceptivos hormonais, mas esta é a primeira vez que os anticoncepcionais de progesterona são incluídos. Essa opção é recomendada normalmente para lactantes, pacientes com risco de problemas cardiovasculares ou fumantes acima dos 35 anos.
O uso desse tipo de contraceptivo tem crescido substancialmente na última década, de acordo com os responsáveis pelo levantamento. “Em 2020, na Inglaterra, foram registradas quase a mesma quantidade de prescrições dos dois tipos de anticoncepcionais”, escrevem os cientistas.
Para obter os resultados, os pesquisadores analisaram os dados de quase 10 mil mulheres do Reino Unido com menos de 50 anos que tiveram câncer de mama entre 1996 e 2017. Os dados foram examinados considerando outros fatores de risco para o câncer de mama, como obesidade, quantidade de partos e consumo de álcool.
Eles descobriram que as pacientes que adotaram algum contraceptivo hormonal, seja ele DIU, pílula, injeção ou implante, apresentaram um risco de 20% a 30% maior de ter o câncer. E como as chances do tumor aumentam com a idade, os autores calcularam também o risco envolvendo os contraceptivos hormonais no decorrer do tempo.
Comparando os dados a estudos publicados anteriormente sobre o assunto, os cientistas descobriram que o aumento do risco absoluto associado a cinco anos de uso dos contraceptivos era de oito a cada 100 mil pessoas no grupo que tomou o remédio entre os 16 e 20 anos, e 265 a cada 100 mil usuárias entre 35 e 39 anos.
“Como o risco de desenvolver câncer de mama aumenta com o passar dos anos, estima-se que o risco absoluto associado com o uso de qualquer tipo de contraceptivo oral é menor em mulheres que usam o anticoncepcional enquanto jovens, em comparação com usuárias mais velhas”, escrevem os pesquisadores.
Risco cai se uso for interrompido
Os cientistas descobriram ainda que, se o uso dos anticoncepcionais for interrompido, o risco de desenvolver câncer de mama diminui nos anos seguintes. É importante ainda considerar que os métodos contraceptivos hormonais não servem apenas para evitar a concepção, mas também ajudam no tratamento de algumas condições, como a endometriose.
“Esses aumentos no risco de câncer de mama, claro, têm que ser vistos no contexto do que sabemos sobre os muitos benefícios do uso de contraceptivos hormonais, não apenas em termos de controle de natalidade, mas também porque sabemos que os contraceptivos orais, na verdade, oferecem uma proteção substancial e a longo prazo contra outros cânceres femininos, como os de ovário e endométrio”, pontua a pesquisadora Gillian Reeves, coautora do estudo.
Por: Metropoles