Um jeito TDAH de ser

Da Infância à fase adulta

No começo do ano, o aluno era apenas uma criança distraída na sala de aula. E não havia dúvidas quanto à inteligência e criatividade do aluno. Mas logo a professora observava um comportamento hiperativo e impulsivo no aluno que aparentava estar “com a cabeça nas nuvens”. Afinal, qual era o problema? Segundo especialistas entrevistados neste Caminhos da Reportagem, o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH é um dos transtornos mentais mais difíceis de ser diagnosticado.

Quando não identificado e tratado na infância, o paciente leva os sintomas para a fase adulta e com eles, as consequências: dificuldade de concentração nos estudos e trabalho, procrastinação, baixa autoestima, problemas de relacionamento, só para citar alguns. “Meus 20 anos foram os mais difíceis. Quando criança eu era o chato da sala. Demorei 4 anos pra entrar numa universidade e mais 8 pra me formar”, diz Yuri Maia, criador do projeto @tdahdescomplicado e de vários cursos e mentorias para ajudar famílias com filhos com TDAH. 

Yuri Maia, criador do projeto TDAH Descomplicado: "O 'TDAH' que sobreviveu à infância, vai ter sucesso na vida adulta também". - Divulgação/TV Brasil

Especialistas afirmam que é muito comum um adulto procurar o consultório de um profissional para tratar depressão ou ansiedade sem a consciência de que as causas podem estar no transtorno do neurodesenvolvimento não diagnosticado na infância. Uma vez cientes de ter TDAH, os adultos que o Caminhos da Reportagem entrevista, afirmam que ganharam qualidade de vida: “No meu caso, meus pais sabiam desde que eu era criança, mas como não se falava muito em TDAH, eles não me contaram. Mas quando descobri, passei a me conhecer melhor, foi muito libertador”, diz Thata Finotto, criadora do projeto da @tribotdah.

Thata Finotto, criadora do projeto da Tribo TDAH : "Existem técnicas para viver numa sociedade que não aceita nosso TDAH". - Divulgação/TV Brasil

A psicóloga Iane Kestelman diz que no Brasil nem se ouvia falar em TDAH quando se formou há 35 anos. Um dos filhos apresentava os sintomas mas tudo o que ela ouvia dos especialistas era “ele não tem nada mãe, ele só tem muita energia”. Até que ele foi diagnosticado e ela faz uma autocrítica: “eu também dei diagnóstico errado no meu consultório, eu também disse que não era nada para muitos pais que passaram no meu consultório durante 25 anos”, diz a neuropsicóloga.

Ficha técnica:
Reportagem: Deise Machado, Pollyane Marques
Produção: Deise Machado, Luise Espinosa, Pollyane Marques
Imagens: Bianca Vasconcellos, João Marcos Barboza 
Auxiliar: Caio Araujo 
Apoio BSB: André Pacheco – rep. cinematográfico, Alexandre Souza – auxiliar, Claiton Freitas - produtor executivo

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